*José Renato Nalini
A proliferação de javalis e de
javaporcos, um cruzamento entre o javali e o porco, fez com que o Estado
tivesse de contratar uma empresa para que abata quase quatrocentos animais.
Eles infestaram cinco unidades de conservação do Estado e a mais afetada é o
Parque Estadual de Ilhabela, no litoral norte. Ali, sobram mais de duzentos
desses animais.
Os javalis são grandes e fortes e
podem ser agressivos. Além de Ilhabela, o abate incluirá as estações ecológicas
de Angatuba, Barreiro rico, Itirapina e Santa Bárbara.
O problema dessa espécie exótica é
que ela não tem predador natural. Na Europa, os ursos ajudam a controlar o
crescimento, porque se alimentam dos filhotes. Aqui não há ursos. A União
Internacional para a Conservação da Natureza – TUCN, considera a “sus crofa”,
nome científico do javali europeu, uma das cem piores espécies exóticas. Eles
acabam com as nascentes, reduzem o número de animais menores ameaçados de
extinção, atacam lavoura e animais domésticos, transmitem febre aftosa, leptospirose
e peste suína clássica, além de alterarem a composição da vegetação, serem
predatórios e competirem – quase sempre vencerem – as espécies nativas.
No Brasil há outros tipos de
javalis, em metáfora que vale a pena mencionar. São os “javalis” que não
acreditam no aquecimento global, que querem derrubar a última árvore, canalizar
o último córrego, cimentar todo centímetro quadrado de solo, produzir mais
combustível fóssil e zombar dos cientistas, dos ambientalistas e dos
ecologistas, a cada dia mais angustiados com a situação do planeta.
Para esta última categoria,
infelizmente, não há o combate direto, como se faz com os javalis europeus e
javaporcos. O remédio é disseminar a consciência ecológica, a ética ambiental e
procurar inocular os ainda não convencidos de que o mundo está ameaçado de
exterminar a vida, desse vírus do bem que se chama amor pela natureza.
E você? De que lado está nessa batalha
renhida?
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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