*José Renato Nalini
É comum a sensação de que os ricos,
no Brasil, se tornam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Não
é apenas sensação. Vivemos num dos países mais desiguais do planeta. Por
inúmeras razões estruturais. Mas também pouco fazemos para deixar tal
humilhante situação. Talvez precisemos aprender com os milionários.
É o que se constata nos Estados
Unidos, que ainda são o nosso sonho de consumo. Ali, os ricos permanecem ricos
porque agem como se não fossem. Os detentores de grandes patrimônios tentam
manter seu gasto não essencial o mais baixo possível. Enquanto o “novo rico”
vai comer fora, escolhe os restaurantes da moda, os verdadeiramente ricos
preferem cozinhar para si mesmos. Alguns até preferem não ter carro. Consertam
suas roupas. Eles desenvolvem um estilo de vida de “subconsumo”.
Quem segue essa onda recomenda não
comprar e desentulhar espaços cheios de itens que não são usados. Viver de
forma frugal é saudável e ajuda a fazer fortuna. O rico procura desfrutar de
atividades gratuitas em vez de fazer cansativas e frustrantes viagens a Disney.
O subconsumo tem uma regra sábia.
Começar com o “por que”? Por que eu quero uma roupa de grife? Por que eu desejo
almoçar num restaurante muito caro? Quase sempre, é uma carência, uma parte não
preenchida na vida, uma necessidade psicológica.
Andar a pé, passear por parques
público, ler, é algo que dá mais prazer do que gastar. Isso não é bem percebido
por pessoas que continuam pobres, mesmo quando têm uma condição financeira
favorável. É a “cabeça de pobre” que ainda rege sua existência.
A falta de educação de qualidade faz
com que os valores permaneçam atados a bens materiais, aqueles que deixaremos
aqui no momento em que terminar nossa aventura terrena. E negligenciamos o
cultivo dos valores realmente essenciais: o bem estar, a consciência tranquila,
a amizade com os familiares que a gente escolhe, que são os amigos de verdade.
O amor que nos une como portadores do mesmo sangue ou este maravilhoso e mágico
sentimento que nos faz sentir por quem não tem o mesmo sangue, a mesma afeição
íntima e inigualável, que nos faz valer a pena existir.
É muito difícil desapegar do
superficial e agarrar-se no essencial?
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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