*José Renato Nalini
O Brasil às vezes – muitas vezes,
aliás – anda para trás. Assim com o repúdio oficial ao carro elétrico chinês. A
China é organizada, disciplinada, sabe o que quer. E conquista espaços. Assim
como é a maior parceira da África, onde muda a sua infraestrutura e constrói
ferrovias, portos e outros equipamentos.
A despeito da má-vontade
governamental, dezenas de BYDs Dolphin e GWMs Haval H6 já circulam pela pacata
Diamantina, em Minas Gerais, como obsevou Igor Patrick, mestre em Estudos da
China pela Univesidade de Pequim e em Assuntos Globai pela Universidade
Tsinghua, no artigo “O ano do carro elétrico chinês no Brasil” (FSP, 4.1.25).
Para ele, sinal inequívoco de que,
gradualmente, a tecnologia chinesa de eletrificação se impõe. Até porque é
eficiente, não emite os gases venenosos do efeito estufa produzido pelos
combustíveis fósseis. E os chineses sabem produzir coisas confiáveis. O carro é
silencioso e bonito. Quem passa a se utilizar dele, não quer outro.
Esse ingresso do carro chinês no
Brasil se dá num ambiente adverso. Política pouco interessada em desenvolver o
País, mais empenhada em emendas PIX, em sequestrar o orçamento, em fazer os
programas paroquiais dos caciques. Mesmo assim, as montadoras chinesas são
competitivas e apostam forte no mercado brasileiro. A GWM tem fábrica em
Iracemápolis e começa a fabricação local de suas caminhonetes eletrificadas
ainda este ano.
A BYD, em Camaçari, na Bahia, tem
condições de produzir 150 mil automóveis por ano na antiga planta da Ford. O
ano de 2025 é o ano do carro elétrico chinês no Brasil. País que já desprezou a
sua vantagem com o etanol, que não é utilizado nem pelos proprietários dos
carros flex. Por ignorância, preferem continuar a abastecer com gasolina, que
os envenena e impedirá a sobrevivência de suas proles, num futuro não remoto.
O mundo é outro. Quem não perceber
isso, provavelmente perecerá.
A China não é inimiga,
mas parceira. Resta à sociedade civil aliar-se a ela, e não se submeter à
orientação de governos que são transitórios e que devem estar a serviço do
povo, não contra os seus interesses.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
Comentários
Postar um comentário