Nunca como agora se fez tão indispensável unir os esforços na luta contra a fome e pela conservação da vida no planeta.
A realização dos encontros da sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês), que a Organização das Nações Unidas (ONU) promovem anualmente, nos faz considerar, ainda mais, quanto o futuro do mundo depende essencialmente da atenção e da magnanimidade do sexo feminino.
Bem a propósito, compartilho com todos vocês o que escrevi para a revista BOA VONTADE Mulher, publicada em 2012, por ocasião da 56a CSW: As mulheres são o alicerce das grandes e mais benfazejas transformações. Temos extraordinários exemplos delas em todos os países, desde as mais destacadas às mais simples, a começar pela mais singela das mães. Aqui exalto, por oportuno, a grandeza da “doceira de Goiás”, no vasto interior do Brasil, e exímia poetisa Cora Coralina (1889-1985). Tendo apenas instrução primária, ela publicou seu primeiro livro aos 75 anos de idade. Disse a saudosa Cora: ”Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
É o talento do povo bem instruído e espiritualizado que transforma miséria em riqueza! A fortuna de um país situa-se, antes de tudo, no coração solidário e na consciência esclarecida de sua gente. É neles que se encontra a capacidade criadora. É assim em todas as nações.
Há muito levantara-se Benjamin Franklin (1706-1790) para declarar: “A verdadeira sabedoria consiste em promover o bem-estar da humanidade”.
Há muito que aprender com o próximo
Conforme afirmei, em 1981, ao jornalista italiano radicado no Brasil Paulo Rappoccio Parisi (1921-2016) e reproduzi em Globalização do Amor Fraterno*, nunca como agora se fez tão indispensável unir os esforços na luta contra a fome e pela conservação da vida no planeta. É imperioso aproveitar o empenho de todos, ecologistas e seus detratores, assim como trabalhadores, empresários, o pessoal da mídia (escrita, falada e televisionada, e, agora, eu incluo a internet), sindicalistas, políticos, militares, advogados, cientistas, religiosos, céticos, ateus, filósofos, sociólogos, antropólogos, artistas, esportistas, professores, médicos, estudantes ou não (bem que gostaríamos que todos se encontrassem nos bancos escolares), donas de casa, chefes de família, barbeiros, manicures, taxistas, varredores de rua e demais segmentos da sociedade. E isso representa um avançado espírito de Caridade Social.
A primeira mulher a ir ao espaço (1963), a cosmonauta russa Valentina Tereshkova, resumiu numa frase que muito tem a ver com a gravidade do que estamos enfrentando ante o problema do aquecimento global: ”Uma vez que você já esteve no espaço, poderá apreciar quão pequena e frágil a Terra é”.
O assunto tornou-se dramático, e suas perspectivas, trágicas. Pelos mesmos motivos, urge o fortalecimento de um ecumenismo que supere barreiras, aplaque ódios, promova a troca de experiências que instigue a criatividade global, corroborando o valor da cooperação sócio-humanitária das parcerias, como, por exemplo, nas cooperativas populares em que as mulheres têm forte desempenho, destacado o fato de que são frontalmente contra o desperdício. Há muito que aprender uns com os outros. O roteiro diverso comprovadamente é o da violência, da brutalidade, das guerras, que invadiram lares por todo o orbe. Alziro Zarur (1914-1979), saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, enfatizava que as batalhas pelo Bem exigem denodo. Simone de Beauvoir (1908-1986), escritora, filósofa e feminista francesa, acertou ao destacar: ”Todo êxito encobre uma abdicação”.
Resumindo: cada vez que suplantarmos arrogância e preconceito, existirá sempre o que absorver de justo e bom dos componentes desta ampla ”Arca de Noé”, que é o mundo globalizado de hoje. Daí preconizarmos a união de todos pelo bem de todos, porquanto compartilhamos uma única morada, a Terra. Os abusos de seus habitantes vêm exigindo providência imperativa: ou integra ou desintegra (...), razão por que devemos trabalhar estrategicamente em parcerias que promovam prosperidade efetiva para as massas populares.
Nosso tempo requer, sem delongas, que se desenvolva uma real consciência dos problemas sociais que precisam de solução para ontem. Jamais é ou foi suficiente levantar o vidro do carro. A necessidade de reformas bate às portas. Façamo-las antes que processos traumáticos da sociedade cobrem atitude. E aí, além dos anéis, serão levados os dedos. Não faltam exemplos na História.
Num improviso que fiz na cidade do Rio de Janeiro/RJ, em 20 de junho de 1987, no sugestivo auditório do Ecumenismo Total, da antiga sede da LBV na capital fluminense, reiterei que não se erige uma pátria melhor e um povo mais feliz fazendo coleção de seus defeitos, todavia corrigindo-os e catalisando os acertos dela. É verdadeiro suicídio querer compatibilizar os seres humanos por aquilo que têm de condenável. A conciliação tem de ser feita por cima: por suas virtudes e qualidades eternas. Um país progride na razão direta do talento e da pertinácia de seus filhos e filhas (...). O mesmo ocorre em âmbito planetário.
* Globalização do Amor Fraterno — Publicação dirigida pela Legião da Boa Vontade aos chefes de Estado, alto comissariado, setor privado e sociedade civil de mais de 100 países, reunidos pela ONU no High-Level Segment 2007, do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), no qual a LBV possui status consultivo geral. O evento deu-se no Palais des Nations, escritório central da organização, em Genebra, na Suíça, de 2 a 5 de julho daquele ano.
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