*José Renato Nalini
A COP29, do Azerbaijão, começou a
ser preparada vários anos antes de 2024. Tanto que o empreendimento Sea Breeze,
que hospedou parcela considerável dos sessenta mil visitantes a Baku, estava
pronto em novembro último. E eram conjuntos gigantescos de apartamentos que em
seguida seriam vendidos ou alugados.
A COP30, de Belém, será daqui a dez
meses. O anúncio do presidente deveria ter sido feito durante as reuniões de
Baku. Não se fez. Parece que não se decidiu por causa da guerra disfarçada em
torno a quem fará jus a essa indicação: o Vice-Presidente Geraldo Alckmin, a
Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente ou André Correa do Lago, Secretário de
Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty.
O certo é que há muita esperança em
torno à COP30, porque as três últimas foram realizadas em países exportadores
de petróleo e o tema da descarbonização restou obscurecido. Em Belém existe
natural interesse pelos aficionados por ecologia, para conhecer de perto a
última grande floresta tropical rumo à extinção, que é a Amazônia. Isso
atrairia mais participantes para a COP?
O interessante é fazer com que os
estrangeiros também conheçam São Paulo, que tem o que mostrar, e que talvez possa
acolher comodamente os turistas, pois tem rede hoteleira suficiente, por
enquanto água à vontade, fluência idiomática, inúmeras atrações.
Enquanto isso, Belém ainda não sabe
exatamente onde receber cerca de sessenta mil pessoas, em cidade que ainda tem
muitas moradias precárias, falta de esgotamento doméstico, deficiente
infraestrutura e outras carências que nós conhecemos, mas que os estrangeiros
vão estranhar.
É importante que o clima de COP30
contamine todas as cidades brasileiras e que os turistas aproveitem para
conhecer esta imensidão chamada Brasil e não se fiem exclusivamente em Belém.
Ali, por enquanto, o ritmo ainda não é o necessário. É o ritmo Brasil, do
“devagar, quase parando. As escolas têm de pedir a seus alunos que façam
trabalhos e que as demandas da sociedade civil, que está acordando para as
emergências climáticas, cheguem ao foro apropriado, que é o conjunto de mesas
de discussão da Conferência que pela segunda vez ocorre no Brasil.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-Graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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