*José Renato Nalini
Todo ser humano consciente precisa
assumir a condição de verdadeiro agente de transformação. O mundo está cada vez
mais desafiador e perigoso. Rompantes quixotescos podem produzir males
intensos. Guerras fratricidas continuam a proliferar. Milhões morrem vitimados
pela violência. Outros milhões padecem de fome. Quantos milhões de refugiados
climáticos estão procurando abrigo em outras plagas.
Para subsistir neste cenário que, se
bem observado, é verdadeiramente dantesco, é preciso atentar para os reptos lançados
sobre a humanidade. Por outros humanos, mas também pelo clima, alterado por
força da insensatez dos que se consideram racionais.
É mais do que urgente acompanhar a
ciência, ouvir a voz abalizada dos pesquisadores, não se iludir com os que
defendem a volúpia do lucro fácil, embora ao custo de vidas humanas. Todos
estamos reféns dos interesses subalternos do materialismo consumista, da
vocação hegemônica de alguns líderes que se esquecem de sua condição mortal e
querem imprimir rumos selvagens à economia universal.
Como a imensa maioria da população
mundial habita as cidades, é nestas que se deve desenvolver um consistente
processo de aprimoramento do convívio. Educar para a paz, para a solidariedade,
para a fraternidade. No Brasil, tem-se a condição especialíssima de a
fraternidade ter sido erigida a uma categoria jurídica, pelo constituinte de
1988. Para os brasileiros, portanto, ser fraterno, considerar o semelhante um
verdadeiro irmão, é um dever jurídico inafastável.
Não há como declinar da obrigação
patriótica de defender valores e princípios, de assumir concretamente a
concepção humilde de absoluta igualdade entre todos os humanos e da pouca
diferença geneticamente existente entre os racionais e os irracionais. Todos
providos de um sopro vital que os enlaça numa corrente de recíproca
dependência. Eliminado um elo, toda ela se compromete e não sobreviverá.
Muita prudência, muito senso de
realidade, muito pé no chão e muita humildade são necessários, para que ocorra
a verdadeira conversão humanista, sem a qual não haverá futuro para ninguém. É
recordar, continuamente, que não é o planeta que corre risco de perecer. É a
humanidade. A Terra continuará sua trajetória. Mas prescindirá da espécie
humana, se ela continuar desatinada como tem estado até agora.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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