Uma breve reflexão sobre desafios e conquistas desta profissional de extrema importância na sociedade
Por Karina Gutierrez
As mulheres representam hoje 50% da advocacia no Brasil, de acordo com o "Perfil ADV: 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira", divulgado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em abril de 2024. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Women in Law Mentoring Brasil (WLM), em 2023, revelou que as mulheres constituem 57% dos profissionais em escritórios de advocacia no país. Esses números, embora indiquem avanços significativos em um setor historicamente dominado por homens, também evidenciam desafios ainda persistentes.
Embora em maior número, as advogadas enfrentam um cenário marcado pela desigualdade de gênero, disparidade salarial e pela constante necessidade de validação de sua competência em ambientes que reproduzem barreiras estruturais. Todos esses obstáculos percebidos são amplificados por questões como assédio e preconceito, além da dificuldade de equilibrar carreira e vida pessoal, desafios particularmente acentuados para aquelas que também assumem responsabilidades familiares.
Não à toa, essas questões exigem uma revisão urgente de políticas, práticas e culturas organizacionais que perpetuam tais desigualdades. Afinal, não é apenas sobre quantidade. A mudança que vislumbramos trata de alcançar um ambiente em que os desafios da profissão não estejam ligados à questão de gênero.
Entendemos, por outro lado, que a presença crescente de mulheres em cargos de liderança, áreas especializadas e na vanguarda de mudanças legislativas demonstra que, talvez, estejamos vivendo um momento de mudanças no setor. Claro que ainda há muito a ser feito, mas ver esses espaços ocupados por cada vez mais advogadas é um indicativo otimista.
No entanto, é preciso avançar além dos números e reflexões. O que as mulheres advogadas têm feito para superar esses desafios e como essas estratégias podem inspirar mudanças estruturais? De que maneira o mercado jurídico pode adotar práticas que promovam maior inclusão e equidade, garantindo que as conquistas individuais se traduzam em mudanças coletivas?
Neste dia 8 de março, dia internacional da Mulher, devemos não apenas celebrá-lo , como também, tratarmos o mesmo como uma oportunidade para questionar o que está sendo feito para que mulheres em quaisquer que seja seu cargo ou área de atuação no mercado de trabalho. Eu, como advogada, tenho propriedade para falar sobre a reflexão necessária dos valores de justiça e equidade que o direito defende. A data, portanto, nos convida a enxergar as conquistas como marcos de um caminho ainda em construção, mas que precisa avançar e crescer muito mais.
Karina Gutierrez é advogada no escritório Bosquê & Grieco advogados.
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