*José Renato Nalini
No festival de “non-sense” que
assola o Brasil, uma boa notícia foi a de que os governos federal e paraense
desistiram da dragagem para a COP30. Seria um vexame a trigésima Conferência do
Meio Ambiente promovida pela ONU, justamente na icônica e emblemática Amazônia,
começar com enorme crime ambiental.
Sim, aprofundar a profundidade do
porto de Belém, consumiria um volume de 6,14 milhões de metros cúbicos e
custaria R$ 210,3 milhões. Ela foi idealizada para permitir que grandes
transatlânticos chegassem até a capital do Pará, trazendo as dezenas de
milhares de visitantes que em novembro próximo participarão da COP30.
É claro que Belém precisa pensar na
acomodação desses visitantes. Por ser a primeira COP na Amazônia, o pulmão do
mundo que tem sido incendiado, devastado, invadido pela criminalidade
organizada, com extermínio de indígenas e exploração delitiva de minérios, o
mundo consciente gostaria de participar do encontro. Por isso, calcula-se na
presença de mais de cem mil turistas ecológicos.
Não é suficiente argumentar com a experiência
do Círio de Nazaré, nem treinar os moradores para receberem turistas. É preciso
mais. E a solução natural seria a construção modulada de alojamentos de
madeira. Tudo para mostrar que o Brasil tem árvores de muitas espécies, quase
todas elas apropriadas para esse tipo de edificação. O mundo civilizado usa
cada vez mais a madeira, porque ela não polui como a construção convencional,
nem tem o desperdício registrado, que onera a população com mais emissão e
excessiva destinação aos famigerados aterros sanitários.
Ainda é tempo de recorrer aos
especialistas. As vantagens são muitas: propaganda da madeira e da indústria
especializada brasileira. Montagem rápida, como “Lego” e aproveitamento das
instalações para serem espalhadas por todo o Pará, onde for necessário. Basta
contactar as empresas que já realizam com maestria esse trabalho e se gastará
muito menos do que custaria o inaceitável crime ambiental da dragagem.
Se houver juízo, essa solução
entrará como a mais adequada alternativa à recepção dos participantes da COP30.
Ela precisa ser um exemplo ecológico do país que já não quer mais ser “Pária
Ambiental”.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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