*José Renato Nalini
Depois de milênios de maus-tratos,
existe a esperança de que a natureza ensine aos humanos alguma coisa. Ainda é
muito tímida a utilização das estratégias de soluções baseadas na natureza SbN,
mas elas tendem a avançar, à medida em que a população deixar de ser
ecologicamente iletrada e compreenda a sua responsabilidade ante as emergências
climáticas.
A catástrofe ambiental não é ameaça
remota. Ela acontecerá, inapelavelmente, como já tem acontecido em boa parte do
planeta. Inclusive aqui, no abençoado Brasil.
O que as cidades podem fazer para
minimizar os efeitos desses desastres “não naturais”? Sim. Eles só acontecem
porque a humanidade foi cruel para com o ambiente. Este responde como sabe:
mediante fenômenos extremos, os desastres que muita gente incauta chama de
“naturais”.
As soluções baseadas na natureza são
projetos de bioengenharia que enfrentam de forma racional os desafios
socioambientais mediante uso de princípios e processos inspirados nos
ecossistemas naturais.
Jardins de chuva, parques lineares,
restauração de encostas, são providências que mimetizam a natureza e tornam as
cidades menos vulneráveis. Não têm o condão de evitar os fenômenos. Estes
virão, com certeza. Mas a responsabilidade é da ocupação desordenada, sem
respeito às bacias hidrográficas e sem fiscalização por parte do Poder Público.
As soluções baseadas na natureza
deveriam entrar no radar da construção civil, deveriam ser disciplina
obrigatória nos cursos de Arquitetura e engenharia, ser alvo de cursos de CREA,
IAB e demais entidades que congregam urbanistas e pensadores que idealizam e
fazem funcionar as cidades. Toda cidade precisa fazer seus “jardins de chuva”,
ou sistemas de biorretenção. Espaços instalados nas ruas para absorver parte
das chuvas, diminuindo o impacto dos grandes volumes de água. Tecnologia
simples e de fácil manutenção. Um remédio, embora paliativo, para a insensatez
da construção de cidades impermeáveis, mais amigas dos automóveis e mais hostis
aos humanos. Por incrível que isso possa parecer.
Ainda há uma chance de aprender com
a natureza. Não a percamos!
*José Renato Nalini
é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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