Tem de trabalhar duro



            *José Renato Nalini

            Confortador verificar que 80% dos brasileiros defendem a demissão de servidores por mau desempenho. A cada dez brasileiros, sete são favoráveis a uma reforma administrativa que mude a forma de avaliar o trabalho dos servidores. Metade dos entrevistados é contra promoções automáticas por tempo de trabalho.

            Paira sobre o funcionalismo público aquela pecha nem sempre aplicável de “burocratas”, “folgados”, “relapsos” e ineficientes. Sabe-se que não é assim. Porém, o servidor público precisa ser um exemplo. Se acha que ganha pouco, deve deixar o funcionalismo e procurar outra colocação ou se tornar empreendedor.

            O noticiário dissemina dados preocupantes. Há um exagerado crescimento de quadros funcionais, principalmente no governo federal, mas também no âmbito dos Estados e dos Municípios. Essa carga pesada onera o orçamento público e suprime otimização da capacidade de investimento.

            Uma situação desfavorável do serviço público tupiniquim, comparado com o de outros países, é a questão da estabilidade. Aqui, 65% de todos os servidores têm estabilidade no emprego. Na Suécia, os estáveis não passam de 1%. É muito oportuna uma reforma constitucional, para que o Brasil possa levar a sério o princípio da eficiência, que foi incluído no caput do artigo 37 da Constituição da República e que nem sempre é observado em todos os âmbitos governamentais. A situação é a mesma no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

            É mais do que urgente uma revisão conceitual do que deva ser o serviço público. A informatização, a digitalização, a utilização da eletrônica tornaram ociosas algumas funções, cujas carreiras devem ser extintas. Manter cargos inócuos, que podem ser substituídos pela tecnologia, é trabalhar contra o desenvolvimento nacional.

            Com uma carga tributária que chega a 32,4% do PIB, uma das maiores entre os emergentes, não faz sentido que o Brasil não tenha um serviço público de excelência, às vezes contaminado por alguns poucos que dão mau exemplo, não trabalham, desestimulam os bons servidores e devem ser expelidos da Administração Pública.

            Para servir à população, tem de trabalhar mais do que se estivesse na iniciativa privada. Tem de fazer por merecer. É o povo sofrido quem paga. Ele merece o melhor.

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.  

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