*José Renato Nalini
Todos comentam a COP-30, que será em
Belém do Pará, em 2025. Mas pouca gente fala sobre a COP-29, que vai acontecer no
Azerbaijão. É uma nação cujo território é cerca de duas vezes o do Estado de
Santa Catarina e tem uma população de 10,4 milhões, menor do que a da cidade de
São Paulo.
Seu PIB per capita é superior ao do
Brasil e o seu IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, está em 91º lugar, pouco
atrás daquele registrado no Brasil, que é o 87º. Sua capital é Baku e o
Presidente da COP-29 se chama Mukhtar Babayev, Ministro da Ecologia e Recursos
Naturais do Azerbaijão desde 2018. Fez carreira na petroleira estatal “Socar” –
State Oil Company of Azerbaijan.
Para ele, o mundo ainda não está
ainda pronto para abrir mão dos combustíveis fósseis, mesmo sabendo que eles
estão envenenando o planeta. A última COP-28, realizada em Dubai, foi aquela
com o maior número de participantes a representarem o setor petrolífero. Desta
feita não será diferente.
O discurso em favor do petróleo está
sustentado por um poderoso lobby. O mesmo que boicota o carro elétrico, que
ameaça com a aparente indefinição do destino das baterias, depois que elas
exaurirem a sua capacidade de movimentar os veículos, sejam ônibus, sejam
carros.
No discurso, tudo converge. A
economia está sendo direcionada para o verde. Há investimento em energias
renováveis, em agricultura limpa, em cidades inteligentes, em reciclagem. Na
prática, fala-se em continuidade da exploração petrolífera por mais meio
século, como se, daqui a cinquenta anos, ainda houvesse condição hígida para o
desenvolvimento normal de toda espécie de vida, a começar pela humana.
O mundo tem normas, tem teoria, tem
ciência. Não obedece às primeiras, somente exibe a segunda, é surdo à terceira.
Colherá os frutos dessa opção. A humanidade faz escolhas e vai responder por
elas.
Se todos os congressos, seminários,
simpósios, cursos, resultassem numa ação concreta, o planeta não estaria imerso
em emergência climática aparentemente irresolúvel e a natureza não estaria a
responder, com ira e raiva, à insensatez contra ela incessantemente perpetrada.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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