Alex Pereira Xavier, Comissão Bíblica Diocesana – Jales
Durante
o Mês da Bíblia de 2024, vivenciamos, refletimos e oramos com o livro do
profeta Ezequiel. É inegável que, à primeira vista, nos perguntamos: o que esse
livro pode nos dizer hoje? Para responder a essa questão, nós, da Comissão
Bíblica Diocesana, realizamos uma live na última terça-feira, dia 17, em que
buscamos demonstrar, de forma concisa, a riqueza desse livro, escrito durante o
exílio na Babilônia, um período de profunda crise para o povo de Israel. A
mensagem de Ezequiel, de esperança, restauração e renovação, ainda ecoa até os
dias de hoje.
No
capítulo 36, vemos uma série de promessas divinas, onde Deus não só garante a
restauração física de Israel, mas também uma renovação espiritual. "Eu
os aspergirei com água pura, e vocês ficarão purificados" (Ez 36,25) –
essa purificação vai além da limpeza externa, é um símbolo de uma transformação
interior. Deus promete remover o "coração de pedra" do povo e lhes
dar um "coração de carne", mais sensível à sua vontade e à sua lei.
Na
Bíblia, o coração é muito mais do que o órgão que pulsa sangue, ele é o centro
das emoções, das vontades, das decisões. Ter um "coração de pedra"
simboliza uma vida endurecida pela desobediência, pela rebeldia e pela
resistência à vontade de Deus. O "coração novo" que Deus promete neste
capitulo é um coração disposto a seguir o Senhor, capaz de sentir compaixão,
misericórdia e amor.
Essa
transformação não é apenas simbólica, ela aponta para a necessidade de uma
renovação interior contínua em cada um de nós. Deus nos oferece essa renovação
de várias formas, especialmente nos sacramentos.
Nos
dias de hoje, a mensagem de Ezequiel é mais atual do que nunca. O coração
endurecido ainda é uma realidade que nos afasta de Deus e dos irmãos. Vivemos
em um mundo marcado por individualismo, materialismo e falta de empatia.
Precisamos urgentemente da renovação que Deus oferece, transformando nosso
coração para que possamos viver mais de acordo com o Evangelho.
Assim
como no tempo de Ezequiel, Deus continua a nos chamar para uma conversão
profunda. Ele deseja nos dar um coração sensível às necessidades dos outros, um
coração que busca a justiça, a paz e a misericórdia. Como cristãos, somos
convidados a refletir: estamos realmente permitindo que Deus nos dê esse
coração novo, ou estamos resistindo à sua ação transformadora?
A
Igreja, como corpo de Cristo, é chamada a ser instrumento dessa renovação no
mundo. Em um mundo tão carente de compaixão e solidariedade, a missão da Igreja
é ser sinal dessa transformação que Deus quer realizar em cada pessoa.
Como
comunidade de fé, devemos criar oportunidades para que essa renovação aconteça:
momentos de oração, reconciliação, encontros de reflexão e vivência da
caridade. Cada ação, por menor que pareça, contribui para transformar corações
endurecidos em corações dispostos a amar e servir.
O
Papa Francisco, em sua encíclica Evangelii Gaudium, nos recorda que a
preferência pelos pobres e sofredores faz parte dessa renovação. Um coração
renovado é sensível ao sofrimento dos outros e busca ativamente ser instrumento
de mudança.
A
mensagem central de Ezequiel 36 é clara: Deus nos chama constantemente à
renovação, oferecendo-nos um "coração novo" que nos permita viver
plenamente em sua presença. Essa renovação começa com a abertura do nosso
coração à ação do Espírito Santo, que transforma nosso ser por completo.
Peçamos ao Senhor que nos conceda esse novo coração, para que possamos viver com mais amor, compaixão e fidelidade à sua Palavra. Que a renovação prometida por Deus, em Ezequiel, seja uma realidade constante em nossas vidas, guiando-nos sempre ao encontro com Ele e com nossos irmãos.
- Sugestão de olho: “Nos dias de hoje, a mensagem de
Ezequiel é mais atual do que nunca. O coração endurecido ainda é uma realidade
que nos afasta de Deus e dos irmãos.”
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