Questões relacionadas à saúde dos professores são discutidas na RBSO

 O  Dossiê Epidemiologia, Saúde e Trabalho, publicado pela Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO), traz textos sobre a saúde e segurança dos professores no Brasil. Materiais estão disponíveis na página da revista no portal SciELO.

foto/divulgação/fundacentro


Absenteísmo

O artigo de pesquisa “Afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos (DME) entre os professores da educação básica no Brasil” apresenta uma investigação sobre os fatores associados ao absenteísmo dos docentes, devido ao DME, destacando as diferenças de sexo/gênero.  

O estudo identificou maior predomínio de ausência do trabalho entre as mulheres quando comparado aos homens. “A prevalência de afastamentos do trabalho por DME foi estimada em 16,5% no sexo feminino e em 11,7% no masculino. Destacou-se o percentual de ausências por problemas na região dorsal (44,7%), seguido por problemas em mais de uma região do corpo (28,9%) e localizados nos membros superiores (26,4%)”.

A exposição dos docentes, de ambos os sexos, à sobrecarga de trabalho e a ambientes escolares estressantes, em razão do ruído elevado, da indisciplina e dos episódios de violência praticados por estudantes também são fatores relacionados ao absenteísmo dos docentes.

“Contudo, professoras e professores respondem de maneiras diferentes a essas exposições e tal cenário tem influenciado seu modo de trabalhar. Evidencia-se, portanto, a necessidade de políticas e ações estratégicas com vistas à transformação das condições laborais nas escolas brasileiras, que considerem os diferenciais de sexo/gênero em relação à exposição aos riscos ocupacionais”, ressaltam os autores.

Trabalho e saúde

A carta “Trabalho e saúde dos professores no Brasil: uma publicação para ser destacada” ressalta a importância do artigo “Afastamento do trabalho por distúrbios musculoesqueléticos entre os professores da educação básica no Brasil”, mencionado acima.

Os autores destacam a robustez metodológica do estudo e a relevância de seus resultados, especialmente considerando a escassez de artigos de pesquisa com tal abrangência e representatividade nacional.

Ao analisar os resultados do artigo, os especialistas chamam atenção para as três principais causas de afastamento do trabalho entre os docentes: problemas relacionados à voz (15,8%); DME (14,7%) e problemas emocionais (12,9%). 

O texto ainda sugere a necessidade de ações estratégicas e políticas públicas para melhorar a qualidade de vida e saúde dos professores. Também propõe a colaboração entre pesquisadores, para desenvolver e sugerir mudanças efetivas.

Invisibilidade Social

Apesar de diversos estudos apontarem indícios consistentes sobre o adoecimento dos professores e a necessidade de políticas públicas para enfrentar esse problema, as ações concretas para melhorar as condições de trabalho e a saúde dos docentes ainda são insuficientes.

A carta “Invisibilidade social do adoecimento de professores da educação básica no Brasil” explora o conjunto de fatores que favorecem a falta de ações e políticas públicas nesse âmbito e responde à carta anterior.

Inclui-se a tolerância social ao sofrimento dos trabalhadores, a falta de intervenção de agentes públicos para questões de grupos menos influentes, a incompletude do sistema nacional de educação e estereótipos de gênero que desvalorizam a profissão docente.

Além disso, texto discute a desvalorização da profissão docente e o impacto negativo que isso tem sobre a remuneração e o prestígio social dos professores. As autoras sugerem que é necessário mais empenho dos pesquisadores para sugerir mudanças e políticas públicas concretas para solucionar a questão efetivamente.

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