Qual é o maior o Espírito Santo ou Jesus?

  José Reis Chaves 



Creio que a maioria de nós cristãos não sabe dar uma resposta certa sobre essa pergunta do título desta matéria e tem até um certo medo de respondê-la. É o assunto de que tratarei nesta coluna de hoje para os meus queridos leitores e queridas leitoras de O TEMPO.

O Batismo dos apóstolos era em nome de Jesus Cristo (Atos 2:  38), para receberdes o dom do Espírito Santo (melhor se diria dum espírito santo humano iluminado, pois o da Santíssima Trindade não existia ainda, já que ela só foi criada no IV Século). Para uns biblistas, o texto em “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” de São Pedro (São Mateus 28: 19) é uma interpolação acrescentada mais tarde. E, para a Igreja Ortodoxa Oriental o Sinal da Cruz deve ser assim: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com a mão na testa indo para o peito e, em seguida, indo com ela para o lado direito do peito, dizendo do Filho e deste para o lado esquerdo dele com a citação do Espírito Santo. Percebe-se que, no Sinal da Cruz, a Igreja Ortodoxa, ao contrário do da Igreja Católica, coloca o Espírito Santo com a mão do lado esquerdo, exatamente, porque o considera inferior ao Filho de Deus, Jesus Cristo, enquanto que o Espírito Santo, na verdade, designa um espírito humano.

 Depois da criação da Santíssima Trindade pelos teólogos cristãos e mesmo antes dela, os tradutores dos textos bíblicos passaram a adaptá-los à ideia difícil e complicada da existência da Santíssima Trindade com seu Espírito Santo, do que é um exemplo a mudança citada acima do Batismo em nome de Jesus para o trinitário em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E um detalhe contribuiu muito para com essas adaptações, ou seja, o fato de no grego do Novo Testamento não existir o artigo indefinido “um”. Então, quando antes do Espírito Santo, o sentido era de “um” Espírito Santo, mas por ele não existir em grego, os tradutores bíblicos para o português e outras línguas ocidentais, simplesmente, puseram nelas o artigo definido “o” antes do Espírito Santo, o que contribuiu para a ideia de que ele fosse o único Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária manifestante e só para o papa e os bispos em seus concílios ecumênicos. E era ensinado pelo clero que os leigos só recebiam espíritos maus ou demônios (“daimones”) que são os espíritos dos mortos, que podem ser maus sim, mas que podem ser também bons e até santos (Primeira Carta de João 4:1)

 E é por isso que o espiritismo ensina que o Espírito Santo significa, na verdade, os espíritos humanos em manifestação. E, então, Jesus é mesmo maior do que o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária.

José Reis Chaves é professor de português e literatura formado na PUC Minas,  jornalista, escritor, entre seus livros: "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Ed. EBM-Megalivros, SP, ambos lançados também em Inglês nos Estados Unidos e tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, Ed. Chico Xavier.  contato@editorachicoxavier.com.br Cássia e Cléia. Programa “Presença Espírita na Bíblia, na TV Mundo Maior” e coluna no jornal O Tempo de Belo Horizonte. Vídeos de palestras e entrevistas em TVs no Youtube e Facebook. 

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