por José Renato Nalini,
A sustentabilidade é o pilar que
deve orientar a vida de todos os humanos. Incrível a desfaçatez com que a
espécie que se autoconsidera racional trata o seu único habitat, a Terra.
Pode-se pensar que ninguém, sozinho, terá condições de frear o fenômeno “La
Niña”, que se avizinha e trará consequências para todo o mundo. Mas fazer algo
para reduzir o descarte, para frear o consumismo, para não converter todos os
espaços deste planeta abençoado em imensa esfera de lixo, é objetivo ao alcance
de qualquer pessoa.
Não faz sentido o povo gastar tanto
com varrição e coleta de lixo, prova da sua falta de educação e insensibilidade.
Não faltam recomendações e advertências. A ONU elaborou os ODS – Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável e o seu número 11 determina reduzir o impacto
ambiental negativo nas cidades.
Há bons exemplos mundo afora. Dois
deles são a cosmopolita San Francisco e Xangai. Existe uma organização chamada
Cidades Lixo Zero, que ajuda a repensar a insensatez de produção de tanto
descarte.
São Francisco é uma referência
mundial em compostagem, que é a reciclagem das substâncias orgânicas. Ali se
recupera alimento em bom estado e o destina à população carente. Em 2009, foi a
primeira cidade dos Estados Unidos a exigir compostagem e a reciclagem em três
cores de contentores: verdes para compostáveis, azuis para recicláveis e pretos
para rejeitos. Ali também existe rígida lei contra o uso de isopor e programa
de devolução de medicamentos vencidos que já desviou mais de 63 toneladas de
aterros sanitários e descarte indevido no oceano.
Xangai constrói a maior usina de
reciclagem de resíduos úmidos do mundo. A cidade de mais de 25 milhões de
habitantes gera 7.000 toneladas de resíduos orgânicos por dia. Com a reciclagem
de orgânicos, a usina vai gerar energia, fertilizante e ração animal.
Cidades menores também podem contribuir.
Seguir Treviso, por exemplo. Ali, os rejeitos coletados são colocados em sacos
compostáveis distribuídos gratuitamente e colocados fora de casa em dias
específicos. Duas vezes por semana são recolhidos orgânicos. Papel e vidro uma
vez por semana. Plástico a cada quinze dias.
É obrigação do município cuidar de
seu lixo. Para isso vale até taxar o recolhimento. É obrigação que consta do
Marco Legal do Saneamento. A meta precisa ser Lixo Zero, ou, o que nos espera,
é Morte 100%.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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