Roda de conversa desvenda os desafios de ser negra/negro e ter Banda de Rock no Underground




Na última quinta-feira, 20 de julho, a Livraria Africanidades foi palco de uma roda de conversa que abordou um tema urgente e pouco discutido: os desafios enfrentados por pessoas negras no cenário do rock underground. O evento, organizado pelo Encontro de Metaleiras 2024 e liderado por Juliana Aparecida, reuniu músicos negros para discutir suas experiências, compartilhar desafios e buscar soluções para aumentar a representatividade no gênero. Os participantes do evento incluíram Amanda Paim da banda Agravo, Henrique Krispim da Ki’mbanda, Marco Antonio das bandas Taksi Noise, Obasquiat e Gonalakka, e Moni Oliveira da Maluria. Cada um trouxe perspectivas únicas e valiosas sobre as dificuldades e as lutas diárias enfrentadas por músicos negros no cenário do rock.

Desafios e Resistência

Durante a conversa, os músicos destacaram a complexidade de ser uma pessoa preta em um gênero que, historicamente, tem sido associado a uma imagem predominantemente branca. Amanda Paim, uma das participantes, falou sobre como o machismo dentro da cena punk agrava ainda mais as dificuldades: "Entre nós mulheres pretas da cena punk, o machismo agrava as situações". Henrique Krispim destacou o apagamento histórico e étnico-racial que ocorre no rock, mencionando como o gênero tem falhado em ser verdadeiramente inclusivo: "O maior desafio de todos é ser uma pessoa preta dentro de um gênero atualmente racista". A discussão também abordou como o cotidiano dos músicos negros influencia seus processos criativos e artísticos, tornando cada performance e composição um ato de resistência.

Iniciativas para Inclusão

Uma das soluções discutidas foi a importância de se fazer presente em todos os âmbitos possíveis do rock. Marco Antonio enfatizou a necessidade de criar e incentivar pessoas pretas a conhecerem suas raízes dentro do gênero: "Não existe o underground, existe a resistência, seja dentro ou fora do mainstream. O que nos resta é resistir". Para promover essa inclusão, a Ki’mbanda anunciou a criação de um coletivo, um verdadeiro quilombo musical, destinado a agregar músicos, musicistas e público interessados em desmistificar e disseminar o afrofuturismo no rock. "Iremos convidar inúmeros artistas pretos do gênero e de outros a fazer parte desse movimento", afirmou Henrique Krispim, destacando a importância de construir uma comunidade forte e unida.

Reações do Público e Próximos Passos

O público presente reagiu positivamente às discussões, mostrando apoio às iniciativas propostas e demonstrando interesse em se envolver nas ações futuras. A criação do coletivo musical foi recebida com entusiasmo, sinalizando um passo importante na luta pela inclusão e diversidade no rock. A roda de conversa "Ser Negra/Negro e Ter Banda de Rock: Desafios no Underground" foi um marco significativo na busca por um cenário musical mais justo e inclusivo. Ao compartilhar suas experiências e buscar soluções coletivas, esses músicos negros estão não apenas resistindo, mas também pavimentando o caminho para um futuro onde a diversidade seja celebrada e respeitada. 

Sobre a Ki'mbanda - A Ki’mbanda se destaca no cenário musical atual por sua abordagem única, combinando elementos de rock 
com ritmos africanos. Embora o nome possa sugerir uma temática religiosa, a banda se apresenta como um 
ato de resistência cultural. Formada em 2019 por Henrique Krispim (Krisx) e Rogério Luís (Menudo), a 
Ki’mbanda busca contar as histórias dos antepassados africanos e sua diáspora, resgatando a cultura e 
promovendo a representatividade.

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