Como a ciência pode ajudar na elucidação do acidente com o Porsche


Perito criminal explica como é feita a análise das imagens, da cena do crime e dos veículos envolvidos em acidentes

O motorista do Porsche Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, foi preso por homicídio doloso por motivo fútil ou torpe após atropelar e matar o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, depois de uma discussão de trânsito na Capital Paulista na madrugada desta segunda-feira (29/7). 
 
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o motorista foi autuado após depoimentos e análise de imagens de câmeras de segurança. As primeiras informações indicam que o caso aconteceu após uma briga, seguida de uma perseguição que terminou na colisão do Porsche contra a moto e, posteriormente, contra um poste. O motociclista morreu no local e a passageira do Porsche sofreu ferimentos leves. 

 

perito criminal Bruno Lazzari de Lima, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP), explica que a perícia criminal é fundamental para determinar a velocidade do Porsche no momento da colisão e para corroborar depoimentos sobre a dinâmica dos fatos. “Utilizando imagens de câmeras de segurança, os peritos podem identificar pontos de referência na via e, com base nesses pontos, estimar a velocidade do veículo. Este cálculo é essencial para entender se o carro estava em alta velocidade, o que pode corroborar a hipótese de dolo eventual”, comenta.
 

Perícia criminal ajuda a elucidar dinâmica do acidente com Porsche
 
Flashes importantes
O perito explica que, embora as filmagens disponíveis sejam, em sua maioria, de câmeras particulares e possam apresentar apenas flashes dos eventos, elas ainda são valiosas. “A análise dessas imagens pode revelar se houve ou não tentativa de frenagem antes do impacto, o que pode caracterizar uma colisão intencional ou acidental. Além disso, se houver um conjunto robusto de imagens mostrando a moto mudando de faixa e o Porsche realizando os mesmos movimentos, isso poderia sustentar a ideia de perseguição”, explica Lazzari.
 
A perícia pode, ainda, fornecer evidências complementares. Por exemplo, se as imagens mostrarem a moto e o Porsche realizando movimentos sincronizados ao longo dos 2 quilômetros, isso pode indicar uma perseguição. Por outro lado, a análise do local do acidente é fundamental para coletar evidências físicas, como marcas de frenagem, detritos dos veículos e a posição final dos veículos após a colisão. “Essas evidências científicas ajudam a reconstruir a dinâmica do acidente e a entender melhor as circunstâncias que levaram à colisão, o que pode corroborar ou desmantelar depoimentos e a versão inicial dos fatos”, acrescenta o perito criminal.
 
Dados de bordo
A análise dos dados registrados pelos sistemas de bordo dos veículos envolvidos pode fornecer informações adicionais. Muitos carros modernos, especialmente de luxo como o Porsche, possuem sistemas que registram dados de desempenho, como velocidade, aceleração, frenagem e outros parâmetros, semelhante a uma caixa-preta de avião. Essas informações podem ser extraídas e analisadas para fornecer uma visão detalhada do comportamento do veículo nos momentos que antecederam a colisão.
 
Reconstituição em 3D 
Outra possibilidade fornecida pela ciência é a reconstrução do acidente, uma técnica utilizada pela perícia para simular as condições e os eventos que levaram à colisão. “Utilizando software especializado e dados coletados no local, os peritos podem criar uma simulação detalhada em 3D do acidente. Isso inclui a trajetória dos veículos, a velocidade, os pontos de impacto e outros fatores relevantes. A reconstrução pode fornecer uma visão clara e objetiva de como o acidente ocorreu, ajudando a esclarecer dúvidas e a identificar responsabilidades”, completa o perito criminal.

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