*José Renato Nalini
Os americanos não brincam com
dinheiro. “Time is Money”. A tradução disso também vale para as mudanças
climáticas, assunto que hoje preocupa todas as pessoas conscientes deste
planeta.
Enquanto funciona bem, o clima não é
objeto de maiores atenções. Mas quando ele se altera, tudo sofre impacto. O
aumento da temperatura, o aumento do nível do mar, a intensidade e frequência
de fenômenos extremos, tudo isso representa carga adicional de custos e atrasa
o desenvolvimento de economias mais frágeis.
Hoje é truísmo afirmar que as
alterações climáticas se refletem na atividade econômica. Diretamente, ao
causar danos à infraestrutura edificada. Prejudica o agronegócio, pois já não
se pode confiar na sequência natural das estações, nem acreditar na
regularidade do regime de chuvas. Só que isso vai afetar o elemento mais
precioso de qualquer nação: a sua população. Há evidente deterioração da saúde
física e mental.
O efeito cascata das mudanças climáticas
faz o mercado oscilar. O setor de seguros sabe que garantir prejuízos causados
por enchentes e inundações custará mais caro. Por isso é que os Estados Unidos
promulgaram em 1990 uma lei que instituiu o Programa para Coordenar Pesquisa e
Investimento relacionados a mudanças climáticas.
Especialistas estudam as
megatendências, analisam as estatísticas e produzem documento quatrienal que é
o alicerce científico para que as decisões políticas sejam tomadas de maneira
bem informada. O clima está na pauta e angustia cada vez mais os líderes
ianques.
O relatório produzido em 2023 é de
assustar. A onda de calor repercute negativamente no aprendizado dos alunos.
Multiplica a chance de acidentes no trabalho. Reduz salários. Eleva a
mortalidade.
Prevê-se grande perda na produção
agrícola, com queda de crescimento e redução da renda per capita. Essas
projeções, pela qualidade com que elaboradas e pela competência dos cientistas
envolvidos, têm elevado grau de credibilidade.
Para o Brasil, é preciso recordar
que as vítimas preferenciais das mudanças climáticas são os pobres, os
deserdados da sorte. Eles já ocupam áreas ambientalmente inapropriadas, têm
construções toscas, menor abrigo institucional junto ao sistema de saúde e de
amparo social.
Nosso
País, campeão da desigualdade, mantém os excluídos na faixa mais maltratada pelas
mutações do clima terrestre. Reflitamos sobre isso.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
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