Naturalização e "tensão" com CR7: conheça Cesinha ( de Santa Albertina/SP), ídolo na Coreia que virou até marca de bolacha

 

Por Arcílio Neto — São José do Rio Preto, SP


O nome completo e o apelido dele não deixam dúvidas: César Fernando Silva dos Santos, o Cesinha, é brasileiríssimo. Apesar da raiz tupiniquim, ele é praticamente um desconhecido em seu país de origem. Cenário completamente oposto no país adotado por ele há sete anos. O meio-campista brasileiro é celebridade e ídolo nacional na Coreia do Sul.

Nascido em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, viveu a infância em uma das menores cidades do Brasil: Santa Albertina, que fica na região de Rio Preto e, segundo o Censo do IBGE de 2022, tem apenas 6.393 habitantes.

Cesinha comemora gol pelo Daegu, da Coreia do Sul — Foto: Reprodução / Divulgação

A simplicidade da vida em um sítio no interior paulista contrasta com a rotina levada por Cesinha desde 2016. A mais de 18 mil quilômetros de casa, o jogador mora em Daegu, cidade da Coreia do Sul com cerca de 2,5 milhões de moradores.

Cesinha é o astro do time que leva o nome da cidade. A fama, aliás, transcendeu completamente as quatro linhas: o rosto do atleta de 33 anos já até estampou bolachas e refrigerantes de marcas do país. Tudo isso é fruto do sucesso do ídolo do Daegu, que é nome requisitado para a seleção sul-coreana, com apelos constantes pela sua naturalização.

Ex-jogador de clubes brasileiros tradicionais como Atlético-MG, Bragantino e Ponte Preta, Cesinha chamou a atenção do planeta da bola quando comemorou um gol à lá Cristiano Ronaldo contra o próprio CR7. Inicialmente, o português não gostou, mas depois soube que era uma homenagem e não uma provocação. Cesinha ganhou uma camisa do ídolo, após o jogo.

Cesinha cumprimenta Cristiano Ronaldo em jogo das estrelas da K-League e Juventus — Foto: Divulgação

Mas quando será que poderemos ver Cesinha jogando novamente nos gramados brasileiros? No que depender dele, nunca mais.

Em entrevista exclusiva ao ge, o jogador explicou porquê não pretende voltar a jogar no Brasil, país onde ele experimentou alguns episódios de violência. Também falou de CR7 e sobre curiosidades e perrengues vividos no país asiático.

Origem e os primeiros passos no Brasil

No final do ano de 1989, Cesinha nasceu na maternidade de São José do Rio Preto, cidade do interior paulista que morou até os 5 anos de idade.

Logo depois da morte do pai dele, o pequeno foi com a mãe e a avó para o pequeno município de Santa Albertina, a pouco menos de 200 quilômetros de distância, perto das divisas com Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Foi na minúscula cidade de pouco mais de 5 mil habitantes que Cesinha viveu até os 17 anos de idade. Seu primeiro clube foi a Matonense, quando ele tinha 13 anos, mas por falta de estrutura voltou a Santa Albertina, onde jogou na várzea e na escolinha de futebol.

Cesinha "versão kids" em seu sítio em Santa Albertina — Foto: Arquivo pessoal

Aos 14, começou a trabalhar em um escritório de contabilidade do município. Anos depois chegou ao Rio Preto, time de sua cidade natal. Na época, atuava como atacante pelas pontas, mas teve que sair pela falta de estrutura da equipe.

– Com 17 anos, apareceu um teste para fazer no Rio Preto e passei. Só que na época tinha um adolescente indo para o hospital que tinha sido picado por escorpião no alojamento. Eu fiquei muito assustado na época e pensei: "acho que isso não é pra mim não" – contou Cesinha.

Cesinha, então, mudou de time, mas não de cidade. Passou em um teste no América-SP e se preparou para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Mas antes tinha a missão de convencer a mãe.

– Tinha pedido para o meu patrão (do escritório) para fazer os testes e ele foi de acordo. Passei e eles queriam que eu imediatamente ficasse ali, mas eu tinha emprego, uma vida. Pedi para o meu patrão, só que minha mãe nunca gostou que eu jogasse futebol, por morar longe, sair de perto dela. Ela sempre foi muito super protetora. Minha mãe não deixou, aí entrou meu padrinho e amigos pra convencer. Falei para o meu patrão tentar convencer minha mãe. Eu ia disputar a Copa São Paulo, aí meu patrão deu carta branca para eu voltar para a empresa caso não desse certo – lembra.

Mas deu certo. Cesinha se destacou na Copinha e chamou a atenção do Corinthians, que contratou o jogador para o time sub-20, equipe que ficou por dois anos.

Futebol brasileiro nunca mais

Depois da experiência em times de base, Cesinha se profissionalizou e foi para o Monte Azul, no começo dos anos 2010. Passou por Osvaldo Cruz, União Barbarense, Bragantino, Ponte Preta e Atlético-MG.

Chegou ao Galo mineiro em 2014, no ano seguinte da conquista da Libertadores. Foi logo após a saída de Ronaldinho Gaúcho, na equipe que tinha estrelas como Jô, Diego Tardelli, Maicosuel, Victor, Josué e Rever. O técnico era Levir Culpi.

Cesinha com a taça da Copa do Brasil pelo Atlético-MG — Foto: Arquivo pessoal

Aquele Atlético foi campeão mineiro e da Copa do Brasil 2015. Cesinha fez gols naquele estadual, mas não entrou em campo na Copa do Brasil, após sofrer uma lesão grave no ligamento do tornozelo.

– Eu tinha 23, 24 anos e estar ali no Atlético-MG com todas aquelas estrelas foi um aprendizado. Tanto é que passei por lá e não considero uma temporada boa, pois não somei muita coisa. Só que por tudo isso ainda, recebo muito carinho da torcida do Galo, alguns ainda pedem para eu voltar. Nunca presenciei nenhum episódio de cobrança e de xingamento.

As boas experiências no Galo, entretanto, contrastam com episódios desagradáveis passados por Cesinha, principalmente no Bragantino e na Ponte Preta. Situações que convenceram o jogador de uma coisa: futebol brasileiro nunca mais.

– No Bragantino acontecia sempre. Era um clube que você não recebia (salário) e ainda tinha que aguentar torcedor te xingando, te ameaçando. Na Ponte Preta também, teve um episódio que minha família foi me buscar depois do jogo e jogaram uma pedra no meu carro. E se acerta alguém da família, como fica? São coisas que vão te chateando, vão te deixando para baixo – relatou.

– Uma coisa é certa: eu não pretendo voltar a jogar no futebol brasileiro. Pretendo fazer minha carreira fora do país, seja na Coreia ou na Ásia. Como meu nome é muito forte na Ásia, talvez aqui no Daegu. Se não for aqui, que seja na Ásia. Vamos ver o que o mundo tem a me oferecer depois da fase de jogador. Tenho muita vontade de ir ao Catar e Dubai, e jogar uma temporada ou outra – finalizou Cesinha.

Cesinha comemora gol em jogo Bragantino x São Paulo — Foto: Léo Pinheiro / Ag. Estado

Cesinha comemora gol em jogo Bragantino x São Paulo — Foto: Léo Pinheiro / Ag. Estado

Enquanto esses episódios marcaram negativamente a vida e a carreira de Cesinha, o atleta compara com a cultura asiática e como considera as duas realidades completamente opostas. Ele explicou porquê nunca mais quer voltar a jogar no Brasil.

– Pela cultura asiática e pela nossa cultura brasileira (não quer mais jogar no Brasil). Aqui na Coreia, por exemplo, além da vida de jogador, você consegue viver uma vida normal. Consigo sair para alguns lugares, sem receber nenhum tipo de pressão, sem ninguém me xingando e ameaçando a minha família. Acaba o jogo e eles estão felizes do mesmo jeito. Decepcionados se a gente perde, mas querem tirar uma foto, te dão presente. É uma coisa que no nosso país, infelizmente, não tem essa cultura. Se você perde um jogo, já fica complicado, sempre encontra um torcedor mais chato, que fica te cobrando – comparou Cesinha.

As barreiras na chegada à Coreia

Depois de um período de testes no América-MG, Cesinha recebeu a proposta do Daegu, time da Coreia do Sul que ele joga até hoje. O contato veio por meio de André Gaspar, que havia trabalhado com ele no Bragantino e era o técnico do clube sul-coreano.

– Sempre tive esse sonho de jogar fora do país. Tinha alguma coisa comigo que no exterior eu poderia ter sucesso. A gente sabe que nosso país tem grandes talentos todos os dias. Todos os dias tem algum jogador melhor que você – disse o jogador.

Cesinha tira a camisa para comemorar gol que abriu o placar para vitória do Daegu — Foto: Divulgação

Cesinha tira a camisa para comemorar gol que abriu o placar para vitória do Daegu — Foto: Divulgação

As primeiras barreiras no novo país logo surgiram: frio, alimentação e idioma. O cardápio coreano rapidamente preocupou Cesinha, que confessa não ser muito flexível para comer.

– Eu gosto muito do básico, do simples, salada, fruta, feijão, mistura, massa, macarrão. Eu sou nojento para comer. É uma cultura totalmente diferente. Usam pimenta praticamente em tudo e comem muita sopa, coisas que eu odeio. No clube, as tias da cozinha foram percebendo que eu não era de comer a comida deles, e foram perguntando o que eu gostava. Até hoje, por conta minha, os brasileiros novos já chegam no céu. Tem de tudo do bom e do melhor. Tem até feijão. Quando vamos jogar fora de casa, os estrangeiros têm a comida diferente da deles. Geralmente comemos macarrão, têm dois tipos de molho e você escolhe a mistura. Tipo: "no dia antes do jogo, quero peixe, no dia do jogo quero carne ou frango" – revelou.

Cesinha não conseguiu se adaptar à culinária sul-coreana — Foto: Arquivo pessoal

Cesinha não conseguiu se adaptar à culinária sul-coreana — Foto: Arquivo pessoal

Outro forte adversário nos primeiros meses foi o frio que incomoda o jogador brasileiro até hoje, mesmo sete anos depois.

– Depois de dois, três meses que fui me adaptar legal. Demorei mais de um mês para fazer o primeiro gol. O vento pegava na orelha e parecia que ia cortar. Como é um país muito frio, eu senti dentro de campo. Como transpiro muito na mão e no pé, eu não sentia o pé. A bola batia e parecia que tinha uma madeira no pé. Foi horrível. Caiu unhas nos primeiros semestres, de tanto frio, pois uso chuteira muito apertada. Calço 40 e uso 39. Como é muito frio e não tem espaço para nada, o pé fica doendo mais. Por mais que esteja há sete anos, eu sinto muito frio. O pessoal brinca que sou igual Superman: preciso de sol e calor – falou o jogador sobre o frio.

Sob uma das temperaturas mais baixas enfrentadas, com os termômetros chegando aos 15 graus negativos, Cesinha marcou gol na final da Copa da Liga da Coreia do Sul, na conquista sobre o tradicional Ulsan, em 2018.

Cesinha liderou o Daegu na conquista da Copa da liga sul-coreana — Foto: Arquivo pessoal

Cesinha liderou o Daegu na conquista da Copa da liga sul-coreana — Foto: Arquivo pessoal

Outro abismo encontrado por Cesinha foi o idioma. O jogador chegou a estudar seis meses de coreano, quando surgiu a hipótese dele se naturalizar.

– Não sei tanto o idioma, porque temos o tradutor que fala português, mas com certeza foi uma dificuldade enorme. Principalmente dentro de campo. Aqui eles não falam fluentemente o inglês. Eles se comunicavam com a forma coreana, misturada com o inglês. E eu não sabia falar coreano, nem inglês. Aí eu ficava perdidinho. É o mesmo tradutor desde a época, mas hoje me comunico muito bem em inglês e em coreano também. Sei escrever, ler, falar, mas formalmente não consigo. Sei mais o vocabulário do futebol e do cotidiano, como supermercado, por exemplo. A questão de ir em um hospital e em um banco é difícil – detalhou.

Cesinha contra o ídolo Cristiano Ronaldo

Cesinha espera muito que a expressão "a primeira impressão é que fica" não seja verdadeira. Pelo menos, no que diz respeito ao primeiro contato que teve com seu ídolo máximo no futebol: Cristiano Ronaldo.

Em 2019, o jogador brasileiro foi titular do time das estrelas da liga sul-coreana (K-League), num amistoso contra a Juventus de CR7. Cesinha contou que sempre comemorou gols à lá Cristiano, com o tradicional pulo, os braços abertos no final e o "siii".

Cesinha imita a comemoração de Cristiano Ronaldo em amistoso contra a Juventus — Foto: Jung Yeon-je / AFP

Enfrentando o ídolo, ele não teve dúvida de repetir a comemoração, caso balançasse as redes. O gol foi marcado, porém, a recepção do craque português, que estava no banco de reservas, não foi boa. Pelo menos em um primeiro momento.

– O primeiro tempo acabou cinco minutos depois que eu fiz o gol. Eu já vou na direção dele, ele me trata super bem, falando para mim que eu era um ótimo jogador, para eu sempre manter o foco, que eu poderia conquistar coisas grandes. Aí expliquei para ele, porque na hora que fiz a comemoração vi que ele não gostou muito. Expliquei que não queria ofendê-lo, que era para homenagear, que aquilo estava sendo um sonho realizado, poder conhecê-lo de perto. Ele é meu número um. Quando eu era criança, na época dele de Manchester United, eu ia às lan houses para ver os dribles dele e aprender o que ele fazia. Sempre fui fã dele, desde molequinho – lembrou.

Cristiano Ronaldo não aprovou a comemoração de Cesinha, em um primeiro momento — Foto: Jung Yeon-je / AFP

Cristiano Ronaldo não aprovou a comemoração de Cesinha, em um primeiro momento — Foto: Jung Yeon-je / AFP

Cesinha lembra o quanto o duelo contra a Juventus foi um teste de fogo para a carreira dele. O jogador brasileiro foi o mais votado para representar o time de estrelas da K-League, eleito pelos fãs em uma votação online.

– Foi ainda mais especial para mim que fui o jogador mais votado para estar naquele jogo. Na liga eu fazia os gols e já imitava a comemoração dele (CR7). A convocação eram os fãs que votavam quem seriam os jogadores para sair jogando, o "Best Eleven". Na época, eu estava sendo muito cotado para ser naturalizado coreano, para jogar na seleção coreana. Tinha aquele peso de: será que ele dá conta de jogar naquele alto nível? Seria um teste para mim.

Cesinha e Cristiano Ronaldo se encontraram no intervalo — Foto: Arquivo pessoal

Cesinha e Cristiano Ronaldo se encontraram no intervalo — Foto: Arquivo pessoal

Apesar do temor de Cesinha não ficar bem na fita com seu ídolo, o desfecho foi o melhor possível para o jogador. Ele conversou com Cristiano Ronaldo, ganhou a camisa e até se surpreendeu com a atitude e a memória do craque português.

– Ele me tratou super bem e eu pedi a camisa para ele. Aí ele disse: "agora não vou dar, mas terminando o jogo eu te entrego". Aí eu falei: "esquece, o cara não vai entregar, não vai nem lembrar mais". Aí acabou o jogo, só que na Coreia você tem que ficar agradecendo os fãs por terem ido ao estádio, e o time da Juventus já tinha saído. Aí quando desci para o vestiário, vejo ele me esperando no degrau com a camisa na mão. É de arrepiar. Ele me deu a camiseta, eu fui tirar a minha e ele não quis, óbvio. Vai querer a minha para quê (risos)? A única coisa que me arrependo é de não ter pegado a assinatura dele – brincou.

Cesinha posa com a camisa de CR7, logo após o jogo — Foto: Arquivo pessoal

Cesinha posa com a camisa de CR7, logo após o jogo — Foto: Arquivo pessoal

– Foi maravilhoso, eu pude jogar, fiz um gol, meter a comemoração dele e repercutiu coisa que eu nem imaginava. Saiu melhor do que eu esperava. Ainda conheci o homem e peguei a camisa do homem. Tenho guardadinha até hoje – concluiu Cesinha.

Ídolo nacional e apelos por naturalização

Apesar de ter começado a carreira como ponta, Cesinha descobriu, aos 25 anos de idade, que sua melhor posição era como meio-campista.

Ele aponta ter um estilo parecido com Philippe Coutinho, mas começou a atuar no meio-campo apenas depois da lesão de um meia coreano, que fez o improviso se transformar em posição oficial.

Cesinha celebra gol pelo Daegu, da Coreia do Sul — Foto: Arquivo pessoal

Desde 2016 no Daegu, Cesinha já participou de 172 gols com a camisa do clube coreano, com 105 gols marcados e de 67 assistências.

É claro que esse bom desempenho nos gramados não deixariam a fama restrita apenas aos campos de futebol. Os horizontes foram bastante ampliados e chegaram aos supermercados de Daegu.

O rosto do jogador passou a estampar produtos de marcas da cidade como refrigerantes e bolachas (veja imagens abaixo).

Bolacha com o rosto de Cesinha foi vendida na Coreia do Sul — Foto: Arquivo pessoal

Bolacha com o rosto de Cesinha foi vendida na Coreia do Sul — Foto: Arquivo pessoal

Refrigerante vitamínico da Coreia do Sul com o rosto de Cesinha — Foto: Arquivo pessoal

Refrigerante vitamínico da Coreia do Sul com o rosto de Cesinha — Foto: Arquivo pessoal

Chocolate da K-League com o rosto de Cesinha e jogadores sul-coreanos — Foto: Arquivo pessoal

Chocolate da K-League com o rosto de Cesinha e jogadores sul-coreanos — Foto: Arquivo pessoal

Também virou garoto propaganda de um chocolate lançado pela liga sul-coreana (veja foto acima), que tinha Cesinha como o único estrangeiro entre os rostos dos principais jogadores do campeonato nacional. Todos estes produtos foram comercializados entre os anos de 2019 e 2021.

– Teve o chocolate da K-League que saiu com os rostos de alguns jogadores e eu era o único estrangeiro. Aqui também tem um tipo de vitamina C, que é parecido com refrigerante, uma vitamina com gás. Também saiu com meu rosto uma bolacha salgada que tomam com café. Do nada, estou no estádio, comecei a ganhar e de repente olho: pô, minha foto? Depois, falei: "ué, estão divulgando coisas que eu não sabia e o direito de imagem fica como?" Mas tem no contrato que o clube avalia, concede essas situações e eles podem fazer – disse Cesinha.

Torcedores sul-coreanos fizeram montagens de Cesinha como o Cristo Redentor — Foto: Arquivo pessoal

Torcedores sul-coreanos fizeram montagens de Cesinha como o Cristo Redentor — Foto: Arquivo pessoal

Sobre os apelos pela sua naturalização, Cesinha confessa que atualmente já não é mais viável ao país por conta da idade dele. Sobre o motivo de nunca ter acontecido, o jogador disse que a Coreia "é um país orgulhoso que não depende de estrangeiros". A seleção nunca naturalizou nenhum estrangeiro na história.

– Hoje é mais difícil por conta da minha idade. Estou com 33 anos. A Copa do Mundo vai demorar e não sou um jogador mais novo para poder compensar para a Coreia. Hoje já esfriou muito, mas ainda escuto. De vez em quando sai uma matéria ou outra, dizendo que eu deveria estar nas convocações. Todo mundo diz que a Coreia precisa de um meio-campista fazer o Son (Heung-min) render como ele rende no Tottenham. Eu teria aceitado correndo, seria uma honra gigantesca. Nunca teve um estrangeiro vestindo a camisa da seleção coreana.

– É um país orgulhoso, que não depende de estrangeiros. É diferente do Japão, que já teve naturalizados. Eu não tive nenhuma procura oficial do país. Só alguns empresários grandes que tentaram, mas tinha a questão de assinar com um ou com outro. Foi mais a questão dos fãs, da mídia coreana. Teve carta enviada para a seleção coreana pedindo meu nome para naturalizar. Para se naturalizar aqui, eu teria que falar e ler fluentemente o coreano. Era muito burocrático – finalizou Cesinha.

"Vida longa ao rei" diz a faixa em homenagem a Cesinha — Foto: Arquivo pessoal

"Vida longa ao rei" diz a faixa em homenagem a Cesinha — Foto: Arquivo pessoal

Made in Santa Albertina

Brasileiro ou coreano, Cesinha já começa a planejar o futuro quando a carreira chegar ao fim. Uma coisa ele tem certeza: quer manter estreitos os laços com a pequena cidade de Santa Albertina e viver uma vida "em paz e tranquila".

– Santa Albertina é minha casa e tenho muita ligação. Sempre que estou de férias, estou lá. Me escondo lá, gosto da minha simplicidade, no meu sítio. Futuramente quero poder voltar ao Brasil, mesmo que ninguém me conheça e seguir minha vida em paz, tranquila – projetou Cesinha.

Cesinha em Santa Albertina, cidade que cresceu — Foto: Arquivo pessoal

Cesinha em Santa Albertina, cidade que cresceu — Foto: Arquivo pessoal

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