Aceroleira
é a conhecida planta frutífera arbustiva – bastante ramificada – originária das Antilhas (ilhas da América Central) e da região Norte da América do Sul. Ela produz a acerola, a fruta agridoce e saudável com elevados teores de vitamina C.
A planta
chegou ao Brasil em 1958 através de sementes trazida da Costa Rica por uma agrônoma e professora da UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco. Aos poucos a aceroleira foi ocupando espaços em várias regiões do Brasil.
O Japão foi
o primeiro país a promover o consumo da acerola. Desenvolveu sucos, refrigerantes, sorvetes, iogurtes, bebidas lácteas, licores, geleias, doces e outros produtos. Colocaram a acerola na pauta do comércio internacional.
Atualmente,
o Brasil é o maior produtor de acerola do mundo. Cultiva mais de 40 variedades de aceroleiras. Produz e vende a fruta, a polpa e o suco. Outros países – Porto Rico, Cuba e Estados Unidos – também produzem acerola comercialmente.
O crescimento
acentuado do plantio no Brasil aconteceu na década de 1990, motivado pela demanda da fruta nos mercados interno e externo. As carências de investimentos para processamento, conservação e transporte tiveram que ser superadas.
Levantamento
divulgado pela EMBRAPA, realizado de 1994 a 1997, detectou 7.130 hectares de aceroleiras em 22 estados brasileiros, desde Roraima (o estado mais ao Norte do país) até o Rio Grande do Sul (o estado mais ao Sul do país).
Os dez estados
maiores no plantio foram: Bahia, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Ceará e Pará. Nessa lista, São Paulo é sétimo estado em área de aceroleiras no Brasil.
Boa parte
da produção brasileira de acerola vai para os Estados Unidos, Alemanha, França, Japão e Países Baixos, transformada em polpa integral, polpa concentrada, acerola em pó (14% de vitamina C) e acerola ultrafiltrada (7% de vitamina C).
Na Internet
está disponível, nas páginas da Revista Brasileira de Fruticultura, um trabalho acadêmico sobre o cultivo de acerola para mesa, feito no ano 2000. Trata-se de um estudo econômico junto a um produtor do município de Jales SP.
Os autores
do trabalho são Ricardo Alessandro Petinari e Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, da UNESP Universidade Estadual Paulista, Campus da Ilha Solteira (SP). Eles focaram dados técnicos, custos de formação, custos de produção, receitas e lucros.
A relevância
do trabalho sobre a acerola é bem justificada. A planta é rústica, resistente e propaga-se com facilidade. A fruta tem alta qualidade. É utilizada como fonte natural de vitamina C concentrada e como aditivo antioxidante natural na indústria.
Na região
Oeste do Estado de São Paulo, a cultura da acerola se encontra presente, inclusive no município de Jales. Muitos agricultores que possuem a cultura em produção comercializam o produto in natura.
As frutas são
acondicionadas em sacos plásticos de 500 gramas e embaladas em caixas de papelão de 5 Kg para serem comercializadas através de intermediários, nos boxes da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.
Mas existem
agricultores cujo objetivo principal é vender para indústrias. Alguns deles se uniram e fundaram uma associação de produtores com objetivos de obter equipamentos de processamento industrial e melhor preço de venda.
O trabalho
acadêmico leva em consideração os custos de: operações com máquinas e implementos, operações manuais, aplicação de insumos, juros de custeio, depreciação do equipamento de irrigação e depreciação da cultura implantada.
Foram definidos
os rendimentos técnicos, os custos fixos e a remuneração da terra na forma de arrendamento. Considerou-se a vida útil de 10 anos para a lavoura. Despesas com colheita, sacos plásticos e caixas de papelão foram computadas.
Nos primeiros
dois anos não há safras suficientes para comercializar. Nos terceiro e quarto anos as safras são crescentes. Do quinto ao décimo ano, as safras se estabilizam num patamar maior. Os resultados econômicos são positivos.
No 3º ano
(primeira safra) a receita bruta por hectare é R$ 9.630,00. O custo total de produção é R$ 4.594,72. A receita líquida é R$ 5.035,28. A lucratividade é 52,29%.
No 4º ano
(segunda safra) a receita bruta por hectare é R$ 13.464,00. O custo total de produção é R$ 5.859,53. A receita líquida é R$ 7.604,47. A lucratividade é 56,48%.
Do 5º ao 10º ano
(seis safras) a receita bruta anual por hectare é R$ 15.300,00. O custo total de produção anual é R$ 6.238,45. A receita líquida anual é R$ 9.061,55. A lucratividade anual é R$ 59,23%.
Dessa forma,
a análise econômica oferece boas estimativas dos custos de implantação e produção de acerola para mesa na região de Jales SP e evidencia a potencialidade econômica da cultura no progresso da região e sua população.
Os agricultores
que vendem somente o produto in natura para o mercado consumidor ficam descontentes, especialmente nas épocas de maior produção. Há outras formas de comercialização que podem atingir com satisfação um mercado muito maior.
De acordo
com a Fundação SEADE, órgão de análise de dados do Governo do Estado de São Paulo, na distribuição do PIB de Jales SP em 2020 a maior parte se referiu ao Setor de Serviços (72,4%). Mas a menor parte se referiu ao Setor Agropecuário (4,38%).
A área total
do município de Jales é de 368 Km2 ou 36.800 hectares ou 15 mil alqueires paulistas. Com tanta terra agricultável dividida em cerca de 1.200 propriedades rurais, a participação econômica do Setor Agropecuária no PIB precisa ser bem maior.
Fomentar
agricultura é a antiga forma de dizer “estimular atividades agrícolas lucrativas”. Isso pode ser feito de formas variadas, a começar por oferecer linhas de crédito de juros baixos para o financiamento dos investimentos.
Na Europa,
nos Estados Unidos, na China e em outros países, os chamados “subsídios agrícolas” são normalmente utilizados. Os subsídios servem para desenvolver, defender e socorrer as atividades produtivas do campo.
Tal como
mostra o trabalho técnico dos pesquisadores da UNESP, a acerola tem grande potencial de produção e comercialização. Aplicar recursos financeiros e humanos também no treinamento dos agricultores é essencial.
Carl F. Rehnborg
foi um médico, químico e industrial norte-americano. Nasceu em 1887 e faleceu aos 85 anos em 1973. Viveu na China entre 1915 e 1927. Lá ele observou que havia uma estreita relação entre alimentação natural nutritiva e saúde.
De volta aos
Estados Unidos, em 1934 o Dr. Carl F. Rehnborg lançou no mercado o primeiro suplemento vitamínico e mineral, constituído de nutrientes vegetais. Em 1939 sua empresa passou a se chamar Nutrilite Products.
Hoje a maior
fazenda orgânica de acerola do mundo fica no Brasil. A Fazenda Amway Nutrilite do Brasil Ltda (pertencente às duas empresas associadas) localiza-se no Município de Ubajara (CE), a 350 Km da capital Fortaleza.
A fazenda
ocupa uma área de 1.600 hectares. Tem 200 hectares de acerola 100% orgânica. Produz anualmente 3 milhões de quilos de produtos e suplementos concentrados, ricos em vitamina C, que são distribuídos para mais de 80 países.
Pensar que
o município de Jales está distante das boas oportunidades e que é preciso traze-las para dentro das divisas do município, é engano. Elas já existem aqui. Assim como já existem aqui as pessoas que insistem na perda de oportunidades.
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