Tecnologia avalia pegada de carbono na lavoura e habilitação certificação internacional

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Foto: Agrorobótica/Embrapa

Agrorobótica/Embrapa - A Plataforma AGLIBS integra diferentes softwares e sensores avançados que permitem a digitalização do solo e das atividades agrícolas

A Plataforma AGLIBS integra diferentes softwares e sensores avançados que permitem a digitalização do solo e das atividades agrícolas

  • A inovação viabiliza o acesso à agricultura de precisão e à premiação de crédito de carbono no mercado voluntário internacional.
  • A tecnologia permite financeiramente medir, relatar, verificar e comercializar o carbono na agricultura, ao mesmo tempo em que faz a gestão da fertilidade do solo e nutrição das plantas.
  • Equipamento avalia a composição química do solo por meio de tecnologia a laser LIBS, que mede 22 parâmetros, dispensa o preparo de amostra e não gera resíduos químicos.
  • Plataforma AGLIBS ainda calcula a pegada de carbono na propriedade rural.
  • Todos os serviços da plataforma são auditáveis ​​e rastreáveis.

 

Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a agfintech Agrorobótica desenvolveram a Plataforma de Inteligência Artificial (IA) AGLIBS, uma tecnologia que integra diferentes softwares e sensores avançados que permitem a digitalização do solo e das atividades agrícolas. A inovação possibilita o acesso à agricultura de precisão e à distribuição de crédito de carbono no mercado voluntário internacional. A tecnologia permite financeiramente medir, relatar, verificar e comercializar (MRVC) o carbono na agricultura, ao mesmo tempo em que faz a gestão da fertilidade do solo e nutrição das plantas, para o gerenciamento de indicadores de sustentabilidade e produtividade agrícola.

 

lançamento

Será lançada a plataforma IA AGLIBS no aniversário de 50 anos da Embrapa, que será comemorado no dia 26 de abril, em Brasília (DF) e no estande da Embrapa durante a 28ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação ( Agrishow ) , que Vai ocorrer de 1º a 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP).

 

Ela foi desenvolvida a critérios científicos aceitos internacionalmente e tem como base a tecnologia LIBS ( Laser Inposed Breakdown Spectroscopy ), a mesma técnica que a agência espacial norte-americana ( Nasa ) embarcou nos robôs para avaliação do solo do Planeta Marte. No segundo semestre de 2022, a tecnologia LIBS foi aprovada mundialmente pela certificadora americana Verra , que gerencia o principal programa voluntário de mercados de carbono do mundo, o Programa Verified Carbon Standard (VCS).

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Débora Milori , que coordena o Laboratório Nacional de Agrofotônica ( Lanaf ), a LIBS é uma técnica espectro analítica rápida, reprodutível e limpa. “Ela usa pulsos de laser de alta energia para criar um microplasma na superfície da amostra, e assim, determinar a sua composição química. Por ser uma técnica analítica direta, ela pode ser aplicada a uma grande variedade de amostras em diferentes estados físicos da matéria”, explica Milori.

Segundo ela, na agricultura, o LIBS permite analisar a composição química de solos sem a necessidade de um preparo laborioso de amostra e qualquer geração de resíduos químicos. Portanto, o uso do LIBS na Agricultura e Meio Ambiente é tão inovador e sustentável.

capacidade ampliada

O CEO da Agrorobótica, Fábio Angelis, informa que a tecnologia faz análises de 22 parâmetros do solo e que seu hardware e software estão em fase de patenteamento. Entre os parâmetros medidos estão: carbono quantitativo e qualitativo dos solos, textura (teores de areia, silte e argila), estoque de carbono no solo (t/ha), densidade do solo, pH, macro e micronutrientes, tudo de forma rápida, econômico e preciso, sem gerar resíduos químicos.

“É diferente dos métodos de análise de solos convencionais que utilizam vários reagentes químicos para extrair esses nutrientes do solo e usam mais de dez métodos de medidas diferentes para obter a mesma informação que o LIBS mensurado com um único tiro laser”, compara Angelis.

A nova tecnologia é capaz de analisar mais de 1,2 mil Exceção de solo diariamente, enquanto laboratórios que aplicam as metodologias tradicionais facilitam em média de 800 a 900 Exceções mensais. Na fase experimental, nos últimos 12 meses, a plataforma de IA AGLIBS analisou a demonstração de solo envolvendo culturas de café, soja, milho algodão, pasto degradado, sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) de 75 pequenos, médios e grandes produtores rurais. No total, foram 600 mil hectares mapeados, de 17 estados brasileiros. Dentro dessa atuação da Agrorobótica, foi possível construir um banco de solos espectrais com mais de 300 mil espectros de solos brasileiros de todos os biomas.

Como a AGLIBS vai funcionar

A empresa aposta em um modelo de prestação de serviços diferenciado para a nova tecnologia, oferecendo consultoria aos agricultores que fazem adesão ao programa de carbono.

Segundo Angelis, os serviços têm início com o envio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) da propriedade sobre o qual todo o planejamento amostral planejado do projeto é realizado. Esse trabalho leva em consideração múltiplas informações para uma intelectual representativa.

“Esses dados são enviados para a equipe de coleta no campo que acessam as informações via aplicativo de celular. A coleta de solo é georreferenciada e cada amostra de solo é identificada com QRcode único. As informações do campo são enviadas para a nuvem e acessadas antecipadamente pela equipe da Agrorobótica. Em seguida essas amostras são transportadas para o Centro Fotônico da Agrorobótica onde cada amostra é rastreada e identificada”, descreve o CEO.

A diretora de Pesquisa e Operações (CTO) da Agrorobótica, Aida Bebeachibuli, explica que depois é feita a aquisição espectral de cada um dos solos com a tecnologia AGLIBS. Essas informações são carregadas na nuvem e processadas com um software de IA AGLIBS que gera um relatório completo para a interpretação agronômica com informações de parâmetros de sustentabilidade, como o carbono quantitativo, qualitativo e o estoque de carbono no solo, além dos parâmetros de fertilidade do solo .

“Após a emissão do relatório analítico AGLIBS, mapas de recomendação agronômica são elaborados e o agricultor poderá acessá-los por meio da plataforma digital IA AGLIBS com usuário e senha específica. As informações vão auxiliá-lo na sua tomada de decisão com práticas voluntárias, como Sistemas Plantio Direto (SPD), Sistemas de ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta), entre outros, cometidos com suas metas de neutralidade de carbono e aumento na sua produtividade agrícola ”, detalha Bebeachibuli.

Os diretores da Agrorobótica explicaram que, após a coleta e levantamento de todas as informações das atividades da fazenda e da digitalização do solo com a AGLIBS, a plataforma permite registrar a pegada estoque de carbono, que é um inventário com todas as fontes e sumidouros de gases de efeito estufa (GEE) influenciados pelas atividades dentro dos limites geográficos da fazenda.

“Todos os serviços incluídos na plataforma são rastreáveis ​​e auditáveis ​​para manter a confiança pública aos resultados gerados por ela. Todos os processos envolvidos empregam boas práticas laboratoriais e seguem um padrão de qualidade internacional como a ABNT NBR ISO 14064_2007. Essa norma trata da especificação e orientação a projetos para quantificação, monitoramento e elaboração de relatório das reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa”, informa a CTO.

Angelis lembra que a plataforma está orientada às orientações das metodologias da certificadora internacional VERRA, o que permite a certificação do carbono e da fertilidade no solo. Por fim, o crédito de carbono será gerado e convertido em Unidades de Carbono Verificadas (VCU, sigla em inglês), que pode ser negociado no mercado internacional e prover uma monetização inovadora para o agricultor.

Redução de emissões de CO 2

O CEO da Agrorobótica estima que a plataforma de IA AGLIBS permitirá estabelecer incentivos médicos e instrumentos de mercado aptos a remunerar agricultores que adotem sistemas responsáveis ​​de produção. Ele acredita que o Brasil poderá abrir uma oportunidade de se consolidar como o maior mercado mundial de crédito de carbono até 2030, com uma movimentação prevista de mais de US$ 100 bilhões, com a tecnologia auxiliando na construção desse mercado de carbono brasileiro.

“Além disso, o programa de baixo carbono insere o agricultor para uma política de Governança Corporativa, Social e Ambiental (ESG, sigla em inglês) valorizando as commodities agrícolas”, conclui Angelis.

 

A Agrorobótica

Agrorobótica é um spin-off da Embrapa Instrumentação criada em 2015. Juntas, as empresas trabalharam no desenvolvimento da tecnologia AGLIBS em um projeto no modelo de inovação aberta que permite análise de textura, carbono e pH no solo.

Nos últimos anos, a tecnologia deu um salto científico e tecnológico que surgiu na plataforma de IA AGLIBS. A empresa, que começou com um funcionário e três estagiários, hoje conta com equipe multidisciplinar de 30 funcionários.

A Agrorobótica é o primeiro Centro Fotônico voltado para agricultura em operação comercial e escalável.

 

 

Joana Silva (MTb 19.554/SP)
Embrapa Instrumentação

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