Arte: ensinar e valorizar para não destruir



*Por André Luiz Pinto dos Santos 

Atitudes destrutivas contra obras de arte, realizadas por ativistas, são altamente controversas e censuráveis, pois se opõem aos valores éticos e morais de conservação do patrimônio cultural. Apesar disso, nos últimos tempos, têm surgido diversos casos de tais ações em vários países, justificadas pelos ativistas como críticas à falta de diversidade e representatividade nas exposições museológicas, bem como questões relativas ao colonialismo e ao racismo. 

 Para muitos ativistas, as exposições de arte mantidas pelos museus são vistas como uma abordagem limitada e ocidentalizada da história da arte, que não espelha a diversidade étnica e cultural da atualidade. Em resposta a isso, alguns argumentam que a destruição de obras de arte pode ser uma forma eficaz de chamar atenção para essas questões e pressionar as instituições a repensarem suas políticas de seleção e exibição de obras de arte. 

 Todavia, é importante salientar que a destruição de obras de arte é uma ação extrema e que não auxilia na criação de uma discussão construtiva sobre as questões levantadas pelos ativistas. É um problema grave que pode ter consequências desastrosas para a cultura e a sociedade. Muitas vezes, a destruição das obras de arte está associada a questões políticas, ideológicas ou religiosas, o que pode resultar na perda irreparável de parte do patrimônio artístico e cultural da humanidade. 

 Existem outras maneiras de incentivar a mudança e o diálogo dentro das instituições culturais, tais como o envolvimento comunitário, a colaboração com artistas e curadores de diferentes culturas e a criação de programas educacionais que enfatizem a diversidade e a inclusão. 

 Há um argumento crucial para justificar a importância do ensino de arte nas escolas, que é a valorização estética, que pode contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis. Ao aprender sobre diversas formas de arte, os estudantes podem desenvolver um senso crítico sobre o valor e a relevância das obras de arte para a cultura e a sociedade. 

 Além disso, o ensino de arte pode auxiliar os estudantes a compreender a importância da preservação e da conservação das obras de arte. Aprender sobre os cuidados necessários para manter uma obra de arte em bom estado pode fazer com que os estudantes se tornem mais conscientes da relevância em preservar e proteger o patrimônio cultural e artístico da humanidade. 

 Não adianta entrar em um museu e jogar qualquer líquido que possa a vir a danificar uma obra de arte, para chamar a atenção para o que se quer. Muito menos, invadir instituições públicas, e a golpes de faca rasgar telas que fazem parte de patrimônio artístico nacional.  Essa manifestação deve ocorre de maneira limpa, direta e inteligente. E será neste momento, onde suas habilidades e competências discursivas serão testadas. Será neste instante de fala, que a arte se mostrará necessária. 

 *André Luiz Pinto dos Santos é Mestre em Educação e Novas Tecnologias e professor da Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional UNINTER  

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