*José Renato Nalini
O surgimento do ChatGPT trouxe muita
lenha para a fogueira em que arde a Inteligência Artificial. A tecnologia capaz
de criar, com superioridade em eficiência ao próprio humano, assusta de
verdade. Estão alvoroçadas as Universidades, prontas a repensar suas
avaliações. O ChatGPT torna as provas uma falácia. Responde melhor do que o
aluno. Compõe textos mais racionais, com esquemas a que os estudantes não
chegariam.
O problema da Inteligência
Artificial é que, sem o freio ético, ela é capaz de causar muito mal. Se lhe
fosse solicitado erradicar o câncer, por exemplo, ela poderia sugerir que o
mais fácil seria eliminar todos os indivíduos suscetíveis de contraírem a
doença.
O exemplo foi do cientista Michael
Osborne, da Universidade de Oxford, que admite a possibilidade, não remota, de
um mal não intencional vir a ser praticado pela Inteligência Artificial. Ele
relata o episódio divulgado pelo The New York Times de um cachorro que vivia às
margens do Sena e resgatou uma criança que caíra no rio. Recebeu, como prêmio,
um pedaço de carne. Ocorre que isso aconteceu de novo. E mais uma vez.
Intrigados, os franceses fizeram uma investigação e descobriram que o cachorro
atirava as crianças no rio e as apanhava, só para ganhar a carne.
Isso pode ocorrer com a Inteligência
Artificial, se ela não for controlada pela ética, a ciência do comportamento
moral do homem na sociedade. Matéria-prima de que o Brasil se ressente, pois a
falta de ética se encontra em todos os espaços.
Isso ocorre no mundo micro, o uso
que cada qual faz da Inteligência Artificial e também no mundo macro. Por
iniciativa da Holanda e da Coreia do Sul, realizou-se em Haia a primeira
conferência mundial sobre o uso da tecnologia nos domínios militares. O avanço
das tecnologias poderia atribuir aos algoritmos o cálculo e a seleção de quem
deva morrer num conflito bélico. Isso é possível, mais do que provável, mas
passa ao largo da ética. Por isso é que a sociedade inteira precisa se
preocupar com o uso ético das novas tecnologias. Uma Inteligência Artificial
desprovida de ética é capaz de causar incalculáveis males, com o seu potencial
de perigo intensificado e incontrolável. Ética é a maior urgência para os
nossos dias incertos e surpreendentes.
*José Renato Nalini é
Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e
Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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