*José Renato Nalini
Os derradeiros dias do emblemático
ano de 2022 convidam a uma reflexão verdadeiramente singular. Quantos Natais já
não celebramos em nossa existência? Quantos novos anos já nos foram oferecidos
para permanecer na fruição desta dádiva incrível que é a vida?
Só que Natal de 2022 e a chegada de
2023 são diferentes. Chegamos a um estágio preocupante em termos de
relacionamento pessoal, familiar, profissional e social. Fizemos nossas
escolhas e precisamos arcar com as consequências delas. Muitos ficaram animados
com o resultado, outros decepcionados.
Essa a condição humana por
excelência. Somos caminhantes numa peregrinação efêmera. Quantos anos temos
para permanecer aqui no sofrido planeta Terra? Algumas décadas, não mais.
Quantos são os que sequer chegam à maturidade e encerram sua jornada?
Os que conseguem sobreviver às
enfermidades, aos infortúnios, à má sorte, ao acaso, precisam ter noção do que
significa superar dificuldades e sobreviver. Gratidão é um sentimento que não
pode estar ausente de nossa consciência. Gratidão à Providência Divina, que
propiciou esta maravilhosa aventura. Para os agnósticos, gratidão à família,
aos pais amorosos, às mestras que alargaram os horizontes, a quantos são
responsáveis por nosso êxito, por aquilo de que podemos nos orgulhar. Gratidão
para os golpes que nos imprimiram humildade e fizeram com que adquiríssemos a
noção de nossa insignificância perante o absoluto.
Natal é aniversário de um garoto que
nasceu para ensinar que somos todos irmãos. Nada nos distingue, tudo nos
identifica. A seiva de humanidade que está em nosso corpo físico é a mesma para
todas as criaturas que já nasceram com dignidade excelsa, porque pertencem à
espécie racional.
E por sermos racionais, temos o dever
de nos comportarmos racionalmente. Com sensatez, com ponderação, com
discernimento. Alimentar ressentimentos faz mal para o corpo e para a alma.
Desarmemo-nos, portanto. Viremos a página. É tempo de congraçamento, de abraçar
o nosso próximo e, num gesto simbólico, abraçar todos os seres humanos que
enfrentam guerra, fome, têm de fugir de sua pátria pelos mais variados motivos.
O migrante é uma presença angustiante na mente sensível de todas as pessoas de
boa vontade.
O Brasil acolhedor precisa se unir para
mostrar aos demais povos que aqui somos capazes de perdoar, de ajudar a
cicatrização das feridas abertas em nossos projetos que falharam. O espírito do
Natal inspira a fraternidade, que em nosso país ganhou status de categoria
jurídica. Temos de ser fraternos por vontade do constituinte, que elaborou o
nosso pacto fundante em nosso nome. O único titular da soberania é o povo e o
que ele quer, está na Constituição Cidadã de 5.10.1988.
Desarmemo-nos, confraternizemo-nos,
alegremo-nos e façamos o possível para que uma nova era se inicie. Continuemos
fiéis aos nossos dogmas, porém que eles não sirvam de instrumentos de separação
entre irmãos, entre amigos, entre colegas, entre cidadãos. É hora de unificar
os corações para que os representantes possam oferecer a esta Pátria o melhor
de si e contem com nossa adesão, para que o Brasil que hoje temos chegue mais
depressa ao Brasil com que sonhamos e o Brasil que realmente queremos.
Feliz 2023 a todos, com os eflúvios
de um Santo Natal, o aniversário de Nosso Senhor Jesus Cristo.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente do Programa de Pós-graduação da UNINOVE e autor
de “Ética Geral e Profissional”.
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