Pesquisa aponta que pacientes da rede pública descobrem câncer de mama em estágios mais avançados


Finalidade do estudo é subsidiar políticas públicas de saúde que possam mudar esse quadro

Uma pesquisa realizada por médicos da Liga Contra o Câncer pode ajudar a direcionar políticas de combate ao câncer de mama no Brasil. O estudo, liderado pela Liga e realizado junto com instituições de todo país, constatou que a maior parte dos diagnósticos de câncer de mama em mulheres da rede pública estão em estágios mais avançados, comparados às mulheres atendidas pela rede privada.

O material faz parte de uma análise epidemiológica da doença na população brasileira. "Esse estudo traz informações demográficas e serve para direcionar as políticas públicas e saber onde devemos atuar para mudar o desfecho dessas pacientes", explica Karla Emerenciano, médica mastologista da Liga, que lidera o trabalho.

A pesquisa busca avaliar como esse tipo de câncer se apresenta em várias regiões do país. Ela analisou 2.950 pacientes recém diagnosticadas com câncer de mama entre janeiro de 2016 a março de 2018. A média de idade dessas mulheres é de 53 anos e, além do estágio da doença já avançado, as pacientes da rede pública também já apresentavam sintomas do câncer de mama e subtipos mais agressivos.

"Essa é uma constatação da realidade, mas pode indicar em que caminhos devemos direcionar os esforços. Na minha opinião, a sociedade e o governo devem trabalhar para diminuir essa distância para acesso as inovações entre o SUS e a saúde suplementar na oncologia", afirma Karla Emerenciano.

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), quando mais cedo a doença for diagnosticada, maior a chance de cura. A indicação é que toda mulher a partir dos 40 anos realize anualmente uma mamografia de rotina. "Já o autoexame deve ser feito em qualquer idade, para a paciente conhecer suas mamas, e identificar alterações que porventura apareçam. Ele deve ser feito sete dias após o início da menstruação. E na menopausa, deve-se escolher um dia por mês para fazê-lo", afirma Daniella Gama, mastologista da Liga e presidente da SBM no Rio Grande do Norte.

Câncer de Mama

Na última década, o câncer de mama foi o segundo com maior registro de incidência na Liga, atrás apenas do câncer de pele. Entre os anos de 2011 e 2021, a instituição registrou 8.259 casos e, ao final do primeiro ano de tratamento, 5.477 pacientes não tinham mais evidência de tumores, o que reforça a importância de identificar precocemente a doença, através de mamografias anuais para mulheres com mais de 40 anos.

Além do histórico familiar, fatores como o sedentarismo, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas, menarca precoce e menopausa tardia podem aumentar as chances da doença. Por isso, alguns fatores de proteção são indicados pelos médicos, como praticar atividades físicas, ter uma boa alimentação, amamentar e evitar o uso de hormônios sintéticos podem ajudar a evitar cerca de 30% dos casos de câncer de mama. Ficar atento a possíveis sinais no corpo e sintomas da doença também ajuda no diagnóstico precoce.

Devem ser observados nódulos fixos nas mamas, geralmente indolores; pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com uma casca de laranja; alterações no mamilo; pequenos nódulos nas axilas ou pescoço; e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.

Centro de Pesquisa Clínica

As pesquisas são realizadas por meio do Centro de Pesquisa Clínica (CPC) da Liga Contra o Câncer, que tem 15 anos de relevância e renome nacional e internacional em pesquisa oncológica. Trata-se de uma unidade de pesquisa clínica dedicada à investigação nessa área e conta com uma equipe multidisciplinar, especializada e altamente qualificada, tendo como principal objetivo a atenção individualizada de cada paciente participante da pesquisa e um corpo de investigadores clínicos atuando em parceria técnico-científica regulamentada na área oncológica, desenvolvendo todas as etapas de um estudo clínico.


Médica Karla Emerenciano, da Liga, é quem coordena a pesquisa
Médica Karla Emerenciano, da Liga, é quem coordena a pesquisa
Assessoria de Comunicação


Pesquisa pode auxiliar redirecionamento de políticas de combate ao câncer de mama
Pesquisa pode auxiliar redirecionamento de políticas de combate ao câncer de mama
Assessoria de Comunicação


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