Integração dos aeroportos na lógica urbana e econômica das cidades brasileiras

 

Integração dos aeroportos na lógica urbana e econômica das cidades brasileiras

Os aeroportos no Brasil irão crescer expressivamente nos próximos anos, e a integração deles precisa ser pensada e conduzida com cuidado, pensando no impacto que terá no futuro das cidades brasileiras

Os aeroportos regionais e estaduais têm crescido de maneira significativa em nosso país, com tendência de que tal crescimento seja ainda maior nos próximos anos, e a integração deles nas cidades, considerando a acessibilidade e mobilidade das pessoas, habitação e até a economia, necessita de estratégias cada vez mais assertivas, a fim de que as cidades sejam impactadas de forma positiva, para que o trânsito não fique caótico, que haja ocupação equilibrada no entorno, gerando empregos, acessibilidade ao transporte público e demais ações positivas que possam gerar bons frutos à população.

Pensando nessas importâncias e perspectivas para o cenário atual e futuro dos aeroportos nas cidades brasileiras, a edição 2022 do AirConnected, que ocorreu de forma simultânea à 8ª edição do Connected Smart Cities, apresentou o painel “Integração dos aeroportos na lógica urbana e econômica das cidades brasileiras”, que contou com a participação de André Cruz, Diretor de Planejamento Urbano da Urban SystemsRenata Cavion, Pesquisadora e Professora da Universidade Federal de Santa Catarina; Ronei Glanzmann, Secretário Nacional da Secretaria de Aviação Civil, e moderação de Lívia Herdy, Sócia da Fenelon Advogados.

Imagem: Lívia herdy, Ronei Glanzmann, Renata Cavion e André Cruz no Air Connected 2022 – Reprodução

Importância da organização do desenvolvimento das cidades e a mobilidade urbana

Renata Cavion iniciou o painel com destaques importantes sobre o tema. Ela explicou que as cidades precisam ter planejamentos urbanos para que seja possível avançar e evoluir no tema cidades x aeroportos. Sendo assim, a cidade que dispor de planos diretores (elucidando o tema) e planos de mobilidade, estão um passo adiante para que exista avanço e evolução.

Segundo ela, a mobilidade urbana deve ser pensada com cuidado, uma vez que a existência e crescimento de aeroportos nas cidades tem diversos impactos. Cavion citou que os ruídos gerados pelas aeronaves são questões que devem ser estudadas pelos gestores das cidades, pois impactam diretamente a população do local. É o caso de aeroportos que ficam muito próximos às residências de pessoas, como o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. E um outro exemplo que pode ser citado aqui, sobre o impacto dos aeroportos nas cidades, é o trânsito ao redor dos aeroportos, já que o local em que ele estiver receberá um fluxo maior de pessoas, de táxis e carros de aplicativo e maior lotação no transporte público, criando, possivelmente, um trânsito maior em diferentes horários e aumentando-o ainda mais em horários de pico. A mobilidade urbana pode ser impactada diretamente e de forma negativa aqui, e se os responsáveis não buscarem soluções para essa questão em específico, o trânsito se tornará cada vez mais caótico, principalmente em grandes centros.

Entretanto, esse é um tópico a ser pensado, discutido e resolvido também pela iniciativa privada, que pode e deve ser um grande aliado da gestão pública na resolução dessas anomalias. Como exemplo, podemos falar de perspectivas de “Aeroporto cidade”, que foi explicado por Lívia Herdy. Ela salientou que essa iniciativa pode gerar diversos impactos positivos, como a melhoria da acessibilidade (caminhabilidade) ao redor de aeroportos, com a disponibilidade de metrô e trem e para que haja comércio e estacionamentos ao redor dos aeroportos, “com fluxos definidos, para que os empreendimentos virem parte da cidade com qualidade”, conforme ela relatou.

Imagem: Lívia herdy, Ronei Glanzmann e Renata Cavion no Air Connected 2022 – Reprodução

Potencial crescimento de investimento aeroportuário e possíveis soluções para dificuldades no entorno dos aeroportos

“Os aeroportos no Brasil irão crescer muito”, foi o que ressaltou Ronei Glanzmann sobre o tema. E os argumentos e projeções são extremamente importantes: o número de voos domésticos vem aumentando gradativamente (segundo a CNN Brasil, o nível está 0,9% maior do que o registrado em julho de 2019, período pré pandemia), o Brasil teve cerca de 25 bilhões de reais investidos nos últimos em aeroportos e a perspectiva, para os próximos 5 anos, é de que o investimento seja de até 21 bilhões de reais, para melhorias em pistas, infraestrutura e etc.

E esse crescimento deve seguir acompanhado de possíveis soluções para questões adversas. Segundo Glanzmann, uma alternativa interessante, prática e que ajudar muito, necessitando de pequenos ajustes, é a de locação de carros de compartilhamento, com pontos de retirada e devolução dentro dos aeroportos. Ele defendeu essa ideia citando uma experiência própria, em que alugou um carro de compartilhamento ao descer de um voo em um aeroporto de São Paulo, e no retorno, o seu voo seria em outro aeroporto da cidade, porém esse segundo aeroporto não dispunha de ponto de devolução, então ele teve que devolver esse carro em um local próximo do aeroporto e depois tomar um táxi para chegar ao aeroporto em que embarcaria. Segundo ele, se essa rede de devolução fosse estendida, então o fluxo seria excelente para facilitar a vida do passageiro. Entretanto, se trata de um pequeno ajuste, para que a questão melhore e seja mais prática, e até mesmo segura para o passageiro.

Além disso, Glanzmann também entende que a possível chegada de empresas Low Cost (custo baixo, tradução livre) do setor aeroportuário, que já estão presentes na américa latina, também podem ajudar na atração de mais passageiros, a fim de que haja crescimento no número de voos e de pessoas neles, como também essa é uma forma de aproveitar melhor esse investimento e fazer com que o setor aeroportuário siga nessa crescente.

Já André Cruz destacou que “todos ganham com o desenvolvimento aeroportuário nacional e regional”, que pode ser pautado em um bom plano de desenvolvimento dos aeroportos e em seu redor.

Segundo ele, a integração urbana é primordial para isso, pois ela pode disponibilizar enormes benefícios, como o comércio dentro e próximo dos aeroportos, a criação de estacionamentos e, consequentemente, maior número de empregos. Dentre outros.

Imagem: André Cruz no Air Connected 2022 – Reprodução

Cruz salientou ainda a importância da preocupação com a cidade no entorno do aeroporto, ressaltando a relevância do Plano Diretor (que deve ser atualizado pelas cidades com mais de 20 mil habitantes a cada 10 anos, até, e é importante no desenho da lógica urbana, atualização e desenvolvimento das cidades) e também do DOT (Desenvolvimento Orientado pelo Transporte), que é um mecanismo que visa tornar possível o desenvolvimento de uma nova centralidade urbana, com base nos investimentos em transportes de forma sustentável.

Sendo assim, a utilização dessas ferramentas pode trazer à cidade um desenvolvimento equilibrado, visando a melhor utilização econômica dos aeroportos e seus entornos nas cidades, uma maior geração de empregos devido à situação aeroportuária crescente, ao desenvolvimento sustentável das cidades, na melhora da mobilidade urbana do local, na integração urbana e também para a melhora da qualidade de vida das pessoas que estejam na cidade que possui um aeroporto.

Acesse aqui o relatório completo do Ranking Connected Smart Cities 2022.

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Os resultados do Ranking CSC, por eixos, região, porte de cidade e por estado, podem ser consultados diretamente na plataforma online e este ano é possível comparar a evolução das cidades entre 2021 e 2022, confira aqui.

Conteúdo elaborado pela Redação Urban Systems

*Fontes:

 Blog Urban Systems

 Blog Urban Systems

CNN Brasil

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