Futebol: psicóloga explica o hábito de torcer junto

 Até quem não gosta de futebol costuma parar para torcer durante a competição. Afinal de contas, por que temos esse “comportamento coletivo” frente a alguns acontecimentos?

 

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A cada quatro anos a cena se repete: amigos, familiares e colegas de trabalho -- até mesmo aqueles que não gostam muito de futebol - se reúnem para torcer durante o torneio mundial de futebol. Segundo o estudo “Quem Torce Também Joga”, da agência de pesquisa de comportamento Apoema, 62% dos brasileiros vão torcer ou acompanhar os jogos da seleção brasileira, enquanto 71% dizem acreditar que nosso País será o campeão da competição. Mas afinal de contas, por que temos a tendência a seguir o comportamento de “manada” e torcer também?
 


A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Angelita Devequi Rodrigues Traldi, explica que o Brasil tem aspectos peculiares quando se trata da competição e de futebol.
 

“Somos historicamente reconhecidos no mundo como o país do futebol; e por muito tempo, e mesmo ainda hoje, é muito forte o sonho de muitos meninos brasileiros em ascender socialmente sendo jogadores do esporte. Além disso, o esporte é associado em nossa cultura a superação, um momento de união em que todos estão juntos por um mesmo objetivo. Como o ser humano é um ser essencialmente sociável, a competição acaba sendo como um evento de catarse coletiva”, explica a psicóloga.
 

Mas não é apenas durante o campeonato mundial de futebol que esse comportamento se repete, em maior ou menor intensidade. Outros eventos importantes como as Olimpíadas e datas comemorativas como o Carnaval, Páscoa, Natal, Ano-Novo e até datas comerciais como a Black Friday movimentam as pessoas.
 

Em comum, todas elas têm características como atividades e rotinas realizadas coletivamente, além de aspectos emocionais. São datas que costumam nos fazer relembrar momentos e pessoas importantes do passado: um parente que gostava de acompanhar os jogos, um amigo que decorava a casa para torcer, reuniões em família, entre outras situações que podem despertar o desejo de comemorar em grupo com quem temos afinidades.
 

O comportamento de torcer pode ser comparado, ainda, à tendência que temos em assistir filmes e séries e ler livros que amigos e conhecidos também estão consumindo, por exemplo. “É uma forma de pertencer a um grupo social. Nesse sentido, os álbuns de figurinhas do torneio são um exemplo de atividade coletiva que aproxima e une as pessoas em grupos de pertencimento”, afirma a psicóloga.
 

A competição deste ano inicia no Catar em 20 de novembro, país árabe de pouco mais de 2,8 milhões de habitantes localizado no continente asiático. O torneio terá investimentos de cerca de U$$ 200 bilhões, para construção de estádios, centros de treinamento e obras de infraestrutura como estações de metrô, tudo para receber estimados 1,2 milhão de turistas vindos de diversos países para assistir os jogos.

 

O evento deve ainda movimentar, além das redes dos campos de futebol, a economia brasileira: a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que os setores de comércio e serviços terão um incremento de R$ 1,48 bilhão em vendas, 7,9% a mais em comparação com a última competição, realizada em 2018.

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