Defensora da dignidade

 Vitor Inácio Fernandes da Silva, Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção e Regional FM



Dados divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) apontam que no Brasil ao longo do primeiro semestre de 2022, a central de atendimento contabilizou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres. Os números são ainda mais alarmantes, de acordo com o estudo mais recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre feminicídios mostra que, em 2021, uma mulher era assassinada, em média, a cada sete horas no país, só pelo fato de ser mulher. 

A Lei Maria da Penha, um marco histórico na luta conta a violência doméstica, e importante ferramenta no combate a esse tipo de crime, completou 16 anos. Já são sete anos desde a criação deste tipo de homicídio no Código Penal. Atualmente são consideradas cinco forma de violações, seja a violência física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial.

Durante a missa de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a luta ao feminicídio foi invocada pelo representante do Papa Francisco, cardeal Leonardo Steiner. A celebração foi realizada na cidade de Crato, no Ceará, no último dia 24 de outubro, dia do martírio de Benigna Cardoso da Silva em 1941. Agora oficialmente o Ceará tem a sua primeira Beata.

Estabelece-se o dia 24 de outubro como data de sua memória litúrgica da Bem-aventurada a Menina Benigna. Invocada como defensora da dignidade de mulher, inclusive como ícone contra o abuso de crianças e adolescentes. A jovem que morreu aos 13 anos foi vítima de uma tentativa de estupro, quando buscava água numa fonte.

Durante a homilia o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner destacou, “Bem ressoam as palavras do Apóstolo diante da brutalidade, mesmo dos nossos dias em relação às crianças abusadas e o feminicídio, e diante da figura iluminadora de nossa Beata: ‘Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados’.

Na Audiência Geral, dois dias após a beatificação, o Papa Francisco se dirigiu espontaneamente aos peregrinos de língua portuguesa, durante a catequese que abordou o aprofundamento sobre o discernimento e fez referência ao Brasil. Ao recordar a beatificação da Menina Benigna enfatizou, “Queridos irmãos e irmãs, em Crato, no Estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho. Um aplauso à nova beata!”

Que o Brasil em sua dimensão e a exemplo da luta da Beata Benigna Cardoso da Silva, posso enfrentar as estatísticas, promovendo políticas públicas de proteção as mulheres e as crianças. Seguimos em oração com o Papa Francisco, “Rezo a Nossa Senhora Aparecida para que proteja e cuide do povo brasileiro, que o liberte do ódio, da intolerância e da violência.”

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