Emprego à vista: reflorestar


 

José Renato Nalini, Reitor da UNIREGISTRAL  e docente da Pós-Graduação da UNINOVE. e Presidente da Academia Paulista de Letras -2021-2022

O Brasil que precisa oferecer trabalho digno e suficiente para o sustento do trabalhador e de sua família, tem oportunidade singular de resolver a vida de milhares de jovens. É a tarefa de reflorestar. Faltam mais de um bilhão de árvores nas áreas devastadas do país. 

Por que reflorestar? Primeiro, porque é uma questão de salvação da humanidade. A continuar a criminosa, premeditada e insensata destruição da cobertura vegetal, não haverá condições de vida no planeta. No Brasil da insanidade, até o incrível acontece: o Pantanal está secando. Perde-se um dos biomas que nos distinguiam do restante do mundo.

Segundo, porque reflorestar dá lucro. Os países civilizados têm cerca de setenta trilhões de dólares para investir na descarbonização. Quem tiver mais floresta será o destinatário preferencial desses recursos. Terceiro: nosso país já perdeu a corrida de uma industrialização sofisticada. Oferecer misteres factíveis à juventude é compensar a falta de visão de nossa mais do que imprudente geração.

Uma radiografia do emprego na cadeia de restauração de ecossistemas no Brasil foi levada a efeito pelo engenheiro-agrônomo Pedro Brancalion e equipe. Participaram da pesquisa 356 associações de 24 estados brasileiros que fazem recuperação ambiental, como produção de mudas e plantas nativas. Em 2020, existiam 8,2 mil postos de trabalho nessa área em todo o país. 57% temporários e 43% permanentes. Revelou-se que 44% desses empregos estavam na Mata Atlântica. O Sudeste, não por acaso a região mais desenvolvida do Brasil, concentrava 5.016 vagas, ou 61% do total. 

O estudo permitiu concluir que o Brasil tem potencial para criar mais de um milhão de empregos diretos no setor até 2030, pois precisa restaurar doze milhões de hectares, a meta mínima estabelecida pelo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, obrigação assumida no Acordo de Paris. 

Não é preciso aguardar iniciativa do governo Federal. Estados e municípios têm autonomia para cuidar de seu ambiente. E a sociedade civil tem obrigação de cobrar responsabilidade da Administração Pública. Trata-se de frear a insensatez em curso e de assegurar vida saudável para os que virão e dos quais somos fiadores. 

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