Itália preparada para mobilizar 430 mil ítalo-brasileiros com direito a voto na renovação do Parlamento

 No início de setembro italianos natos e descendentes com cidadania residentes no Brasil receberão cédulas eleitorais para voto em candidatos à Câmara e Senado. Mais de 175 eleitores cadastrados no sistema de controle do Consulado de São Paulo estão aptos a votar.

Andrea Matarazzo,
ex-ministro no governo de FHC
crédito/divulgação



Com a eleição legislativa que renovará o Parlamento e, consequentemente, dará ao Pais um novo governo, a Itália chama para o voto os cidadãos residentes no exterior inscritos nas listas eleitorais de suas respectivas circunscrições (Europa, América do Norte/América Central, América do Sul, África/Ásia/Oceania/Antártida).


Ao todo, 12 parlamentares (oito deputados e quatro senadores) são eleitos por esses colégios eleitorais. Para a América do Sul, onde têm direito a voto 1,8 milhão de eleitores (430 mil no Brasil), estão reservadas três cadeiras: uma no Senado e duas na Câmara. Na cédula, o eleitor optará pelo candidato ao Senado e a um único candidato à Câmara.   


A partir de 8 de setembro, os Correios entregarão no Estado de São Paulo mais de 175 mil correspondências contendo cédulas da eleitorais, nas quais será possível indicar um nome ao Senado e outro para a Câmara. Os destinatários são italianos natos e descendentes com cidadania. 

O processo de votação é simples. O eleitor recebe em sua residência um envelope contendo o kit de votação: duas cédulas - uma para escolha do candidato à Câmara dos Deputados e outra para o Senado – e um segundo envelope, já com porte pago para devolução via Correios. É nesse envelope que o eleitor colocará as duas cédulas eleitorais indicando suas preferências. Em cada cédula, o eleitor deverá colocar um x no Partido de sua preferência e escrever o nome do candidato. 

O eleitor deverá postar a correspondência lacrada numa das agências dos Correios até o dia 18 de setembro, de modo que o Consulado tenha tempo hábil de enviar o malote para a Itália, onde as seções eleitorais serão abertas no domingo, 25 de setembro. Outra opção é entregar a correspondência, até as 16h, do dia 22 de setembro, diretamente no Consulado Geral da Itália em São Paulo (Avenida Paulista 1963).


Brasil x Argentina também na política 


Os quase dois milhões de eleitores na América do Sul votam em candidatos que se apresentam nessa circunscrição eleitoral. As comunidades italianas no Brasil e Argentina lançam candidatos próprios e rivalizam a disputa pelas três vagas sul-americanas no Parlamento. Em eleições anteriores, o embate político-territorial terminava empatado. Em 2018, por exemplo, com seis cadeiras sendo disputadas, o Brasil enviou ao Parlamento italiano, um senador e dois deputados, o mesmo acontecendo com a Argentina. Em 2022, depois da reforma eleitoral, são apenas três cadeiras em disputa, sendo que o colégio eleitoral da Argentina é bem maior: mais de 760 mil eleitores contra 430 no Brasil.

A coligação progressista, encabeçada pelo Partido Democrático, já definiu a sua lista para todo o Continente: Andrea Matarazzo, ex-ministro no governo de FHC, período em que também assumiu a embaixada de Roma, faz sua estreia no cenário político italiano candidatando-se ao Senado. Já para a Câmara dos Deputados quem se apresenta é Fabio Porta, siciliano de nascimento, radicado no Brasil. . Porta tem larga experiência política na Itália, tendo sido eleito senador (um mandato) e deputado (duas legislaturas), sempre pelo PD a maior legenda progressista da Itália. 

De embaixador do Brasil na Itália a ministro e empresário ítalo-brasileiro, Andrea Matarazzo tem vasta trajetória nas áreas pública e privada e agora coloca toda sua experiência na disputa ao Senado italiano, representando a América do Sul. Ele aceitou a candidatura que vinha sendo sugerida há alguns anos por amigos e integrantes da comunidade italiana. Como senador, vai agilizar e modernizar o serviço consular dando mais estrutura e orçamento aos consulados; promover intercâmbio cultural e técnico entre Itália e países da América do Sul, além de valorizar a cidadania italiana. No período em que chefiou a Embaixada do Brasil em Roma, promoveu intercâmbios empresariais, incentivando o comércio entre os dois países e fortalecendo a inovação e competência técnica das instituições. Presidente da Matarazzo Holding e diretor da Fiesp, Matarazzo tem mais de 30 anos de vida pública, tendo sido o vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais de São Paulo em 2012. “A cidadania é muito mais do que o passaporte, é nossa origem e nossa história, a história do heroísmo de nossos antepassados que ajudaram a construir o Brasil. Nós, cidadãos ítalo-brasileiros devemos ter no Parlamento italiano uma representação à altura do que significamos para aquele país”, afirma Matarazzo, descendente de imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século XIX, vindos de Castellabate, Região da Campânia (Sul da Itália).

Fábio Porta, autor de lei que transfere aos Consulados italianos (para melhorias nae infraestrutura) um terço do que é arrecadado com taxas envolvendo pedidos de cidadania, promete empenho para que este percentual seja aumentado e usado com mais eficiência e transparência, em benefício dos cidadãos italianos no Brasil e na América do Sul. “Continuaremos a trabalhar em favor dos jovens ítalo-descendentes, buscando aprovar, com apoio da bancada do PD e aliados, projetos visando a um amplo programa de bolsas de estudos universitárias e estágios junto a empresas italianas, assim como a possibilidade de participar ativamente em projetos no campo do turismo das raízes e da criação de startups empresariais ítalo-brasileiras”, afirma Porta. 


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