Alvorada ESG na América Latina

 



30 | MAI | 2022

Depois de uma semana em que a necropolítica brasileira se confirmou em episódios gritantes, começamos esta com uma boa notícia: as práticas ESG crescem na América Latina e já fazem parte da agenda de 69% das empresas atuantes na região. A conclusão vem do estudo “Sustentabilidade na Agenda das Lideranças” promovido pela empresa SAP, líder mundial no fornecimento de software de planejamento empresarial (ERP). O estudo foi realizado com mais de 400 executivos dos mercados de Argentina, Brasil, Colômbia e México.

E o que a SAP descobriu? Que as empresas atuantes na América Latina ouviram o wake up call dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, dos clientes, funcionários e das cadeias de suprimento e movimentaram o seu periscópio na direção das três letras que piscam no farol. E que 63% das empresas consultadas voltaram seu foco para ações relacionadas à igualdade, diversidade e inclusão. Na sequência, vieram o interesse em cadeia de valores socialmente responsáveis, redução da pegada de carbono, capacitação da força de trabalho e economia circular.

É certo que a motivação para o investimento de impacto visa utilizar a diversidade como vantagem competitiva. E ainda incrementar a visibilidade da marca e a reputação de cada companhia para reforçar sua lucratividade. Mas se considerarmos que o setor privado tem, como os outros atores, sua cota de responsabilidade na resolução de problemas sociais e ambientais, os resultados apresentados por esta pesquisa podem ser um barômetro.

Por outro lado, é sensato que as empresas latino-americanas tenham um olhar diferenciado para sua atuação na região. De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a economia local enfrentará uma conjuntura complexa em 2022, devido ao complexo bélico entre Rússia e Ucrânia e também aos fatores locais. Enquanto o crescimento global em 2022 está estimado em 3,3%, as economias da América do Sul crescerão apenas 1,5%.

Portanto, com um cenário de crise climática aliado a uma crise econômica estrutural, o ESG praticado neste bloco geológico abaixo do Equador ser o capitalismo das partes interessadas - como recomendaram os líderes governamentais, empresários e acadêmicos na última reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos - é um alento.

Afinal, com uma taxa de pobreza de 22,5% de pessoas com renda até US$, 5,50, segundo o Banco Mundial, e desemprego previsto pela CEPAL, em 2022, de 11,5% para mulheres e 8% para os homens, a América Latina urge.

Pois além de ter suas florestas queimadas, ela tem fome.

#ARTIGOS

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Opinião Folha - Explosão solar

Txai Suruí - De onde vem a força para lutar?

Opinião Folha 2 - Truculência e inépcia

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Opinião Estadão 2  - Futuro nebuloso para a Petrobras

Demétrio Magnoli - Poluição verde

Carolina Ricardo e Bruno Langeani - Os corpos da Vila Cruzeiro e a polícia sem freios

Cristina Serra - O Brasil na câmara de gás

Kristian Lee, Lorena Carneiro do Nascimento e Yun Ki Lee - Elon Musk, ESG e o ‘Diabo Encarnado’.

Izabella Teixeira, Roberto Waack, Renata Piazzon e Lívia Pagott - Amazônia e eleições

Joaquim Leite - Aposta no mercado global de carbono

João Lara Mesquita - Oceanos, semi-esquecidos pelo Observatório do Clima

Gustavo Montezano e Lourenço Tigre - A reindustrialização climática da América Latina

Feliciano Almeida - Mudança climática é urgência planetária

Ana Cristina Rosa - Até quando vamos aguentar a barbárie?

Fernando Gabeira - Violência das chacinas e inexplicável

Natália Renteria - Mercado de carbono “lato sensu” evita barreiras comerciais

Noah Scheffel - IBGE e LGBTs: subnotificação e apagamento como mecanismos de aniquilação 

Emerson Karma Konchog - Luto e esperanca

Karen Friedrich e Rafael Arantes - Apagão da Anvisa envenena o país

Tiely - Onde estão os artistas trans na Virada Cultural de SP? 

Marcia Castro - Não há desenvolvimento enquanto houver fome

Isadora Rupp - A tragédia brasileira das chuvas, do clima à moradia de risco

#EMPRESAS

Nestlé e Boticário estão investindo em embalagens retornáveis

Klabin aposta na tendência de substituição do plástico pelo papel em embalagens como um dos caminhos de crescimento do negócio.

Braskem firma acordo para reduzir 15% das emissões de escopo 1 e 2 (diretas e indiretas para uso próprio) até 2030 e ser carbono neutro até 2050. Outras indústrias do setor também apostam em tecnologias net-zero.

Cyrella adota estratégia ESG que mira transformar a estética da construção urbana.

Chilli Beans faz parceria com SOS Mata Atlântica e cria coleção especial inspirada na fauna e flora. Venda de produtos será destinada à conservação e restauração do bioma ameaçado.

Banco BV emite Certificado de Depósito Bancário (CDB) verde para a unidade de carros da Mercedes-Benz Brasil, no valor de R$ 10 milhões.

Grupo Heineken implementa dois dias de licença PETernidade após a adoção de animais e anuncia descontos em plano de saúde para funcionários que possuem animais de estimação.

Cooperativa Mista da Agricultura Familiar, do Meio Ambiente e da Cultura do Brasil (Coopindaiá) transforma dejeto animal em biogás no interior de Goias.

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