Desenvolvimento turístico e de serviços nas cidades

 


O aumento do trabalho remoto e a mudança no perfil de consumo trouxeram a necessidade de as cidades desenvolverem novos produtos imobiliários que atendam tanto os turistas quanto antigos e novos moradores

A crise financeira e o grande impacto em diversos setores fizeram com que as pessoas começassem a repensar sua relação com o consumo, durante esses anos de pandemia. O mercado imobiliário se reinventou e está à frente na retomada, no entanto, as necessidades das pessoas mudaram, bem como sua relação com a moradia, o trabalho e a vida em sociedade.

Cidades turísticas, litorâneas ou no campo, muito impactadas pela COVID-19, estão vendo no turismo atrelado ao mercado imobiliário uma grande chance de recuperação e desenvolvimento. Com o aumento do trabalho remoto – home office – muitas pessoas têm tornado sua segunda moradia (em locais normalmente considerados turísticos ou mais afastados) como primeira, diante da possibilidade da realização de reuniões e de trabalhar de qualquer lugar desde que exista uma boa infraestrutura tecnológica, algo que deve estar no radar dos gestores públicos ao planejar o desenvolvimento desses locais.

Existe também outro perfil a ser atendido por este mesmo setor do mercado imobiliário nessas regiões: famílias que não possuem segunda moradia ou que, com a pandemia, pensam na possibilidade de migrar das metrópoles para cidades relativamente próximas que tragam mais qualidade de vida, proximidade com a natureza e conforto na oferta de serviços.

Casa própria

Comprar uma casa segue sendo o sonho de grande parte dos brasileiros, apesar da alta na taxa básica de juros (Selic), que acaba encarecendo o financiamento imobiliário. Segundo pesquisa divulgada pelo portal Imovelweb, no final de 2021, 63% dos entrevistados pensam em comprar um imóvel em 2022. O levantamento contou com 2.266 participantes de diferentes regiões do Brasil.

Entre os entrevistados que planejam alugar um imóvel, 50,33% pretendem se mudar para um apartamento. Enquanto entre aqueles que querem comprar, 52,38% preferem uma casa. O avanço da vacinação contra o coronavírus deve aumentar o ritmo de oferta de emprego e a sensação de segurança da população e, com isso, também deve crescer a procura pela casa própria.

Já outro levantamento feito pelo mesmo portal, em 2021, mostra que, após o início da pandemia, com base nas procuras realizadas pelo Brasil, consta um crescimento da demanda por locais com varanda, quintal e espaço para escritório.

Fado importante observado pelos estudos da Urban Systems ao longo de 2020 e 2021, revela que desde que a pandemia começou, a procura por imóveis para locação e venda subiu em cidades turísticas, uma vez que, profissionais de outros municípios, em determinados segmentos do mercado, perceberam que poderiam trabalhar de qualquer lugar enquanto o home office permanecesse. Nós já falamos um pouco sobre isso no blog ano passado, confira.

Esse movimento fez com que diversas cidades passassem a investir no turismo local, em novas ofertas de serviços, produtos imobiliários e infraestrutura, para absorver esta demanda crescente.

Esse movimento de atração de primeira e segunda moradias, tende a ser bastante benéfico para as cidades, considerando tanto os seus novos, quanto os seus antigos moradores. Para que isso aconteça ordenadamente e traga como consequência o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida nas cidades, é necessário que os gestores públicos se atentem a alguns fatores como planejamento, vocação da cidade, infraestrutura, tecnologia e uma adequada oferta de serviços.

Pelo lado do setor imobiliário, é importante que o empreendedor e desenvolvedor também tome alguns cuidados: entender a vocação da área, mensurar o tamanho da demanda disponível, avaliar o padrão dos produtos imobiliários ofertados, analisar a legislação incidente nas propriedades, entender o tempo de deslocamento para o suprimento das demais necessidades das famílias que irão consumir o projeto, enfim avaliar os pontos fortes e fracos de seu projeto e a entender os riscos e oportunidades para o seu sucesso.

Exemplo de Pilar (AL)

Como exemplo, podemos citar a cidade de Pilar (AL), uma das mais antigas cidades de Alagoas, a 36 km de Maceió. A cidade tem invejáveis belezas naturais, com destaque para a exuberante Lagoa Manguaba e as reservas ecológicas, tendo flora e fauna com características de Mata Atlântica. Atualmente Pilar possui desenvolvimento residencial tímido, voltado principalmente para segmento popular e segunda moradia, com a presença de chácaras e sítios.

No segundo semestre de 2020*, o então secretário do Desenvolvimento Econômico, Turismo e do Trabalho do Governo do Estado do Alagoas, Rafael Brito (atualmente Brito está à frente da Secretaria de Estado da Educação) citou que 30 milhões de brasileiros fazem turismo religioso no País e continuou “Criamos uma opção importante de turismo religioso para a cidade de Pilar, uma modalidade que vem crescendo muito no Brasil. Nos últimos dez anos, o segmento já se expandiu em mais de 60% e agora dotamos o estado de um complexo gigante e que poderá nos colocar definitivamente nesse mercado”.

Além de uma imagem de 24 metros de altura de Nossa Senhora do Pilar, o Complexo conta com peças feitas em barro pelo mestre artesão João das Alagoas, que retratam a Via Sacra, reconstituição religiosa do sofrimento de Jesus Cristo até o calvário. Segundo o Governo do Estado de Alagoas, o Santo Cruzeiro e Complexo Cultural e Religioso Dilma Moreia Canuto recebeu investimentos de R$ 3,5 milhões, por meio do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), e da Prefeitura Municipal do Pilar.

Já em 2021, o Sebrae Alagoas, iniciou o mapeamento do potencial econômico de muitos municípios alagoanos na área de Ecoturismo, juntamente com as prefeituras, com o objetivo de reunir elementos para elaboração de planos de ação com foco no desenvolvimento dessa atividade no estado.

Esses planos de ação pontuam quais são os atrativos dos municípios das diversas regiões de Alagoas – do Litoral à Zona da Mata, do Agreste ao Sertão – e seus equipamentos turísticos, além de identificar os “gargalos” que impedem o avanço do Ecoturismo enquanto atividade econômica, fortalecendo também o mercado imobiliário e de serviços.

Seguindo com as ações de fomento ao turismo e desenvolvimento, em novembro de 2021, cidade de Pilar foi contemplada com o selo internacional Safe Travels da WTTC (World Travel & Tourism Council), de segurança sanitária. Segundo as autoridades locais, a chancela internacional demonstra o comprometimento com a segurança no combate à covid-19 e com as práticas de turismo seguro dentro do município de Pilar.

Em estudo qualitativo realizado pela Urban Systems com formadores de opinião da região, a cidade é vista com grande potencial de desenvolvimento residencial voltado para primeira moradia, em função da sua proximidade com a Capital do estado, Maceió, e também pela presença da Lagoa Manguaba, que se tiver seu potencial turístico devidamente explorado, deve atrair outros negócios e potenciar a valorização da região. A expectativa para Pilar é de que desenvolvimento imobiliário ocorra alinhado com os investimentos por parte do setor público, trazendo benefícios econômicos para a cidade e qualidade de vida para seus moradores.

O setor turístico e o mercado imobiliário são complementares quando pensamos em desenvolvimento das cidades. Mas você sabe as oportunidades e riscos para a sua cidade? Conte com a Urban Systems para mapear oportunidades de negócios e reduzir os riscos de seu investimento.

Conteúdo elaborado por Marianne Alves integra a equipe de Inteligência de Mercado da Urban Systems

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