Na França,
no primeiro turno das eleições
presidenciais (10 de abril de 2022), o candidato de centro ficou em primeiro lugar, a candidata
de direita em segundo lugar e o candidato de esquerda em terceiro lugar.
Duas semanas
depois, no segundo turno(24 de abril
de 2022), o candidato de centro (presidente Emmanuel Macron) foi reeleito. A
candidata de direita (Marine Le Pen) foi derrotada.
Aqui no Brasil,
o primeiro turno será daqui cinco
meses. As pesquisas apontam (em números redondos) as intenções de voto: a esquerda
(Lula) com 40%; a direita (Bolsonaro) com 30%; outros candidatos 20%; brancos,
nulos e abstenções 10%.
Evidentemente,
eleições são importantes. Nelas o povo
expressa sua vontade a respeito da condução do país. Mas muitas opiniões dos eleitores
causam assombro por se basearem em justificativas estranhas à realidade.
Nas rodas de
conversas políticas, é comum um
eleitor encher de virtudes o seu candidato preferido mas cobrir de defeitos os
candidatos concorrentes. Esse eleitor é sincero, fala com convicção. Ele se
ofende verdadeiramente quando é contrariado.
Como é possível
entender esse tipo de atitude
política? Como pode alguém enxergar só virtudes no seu candidato e só defeitos
nos outros candidatos? A resposta é: as pessoas (sem intenção) podem transformar
ideias em crenças, e crenças em convicções.
O ser humano
é complexo. Tem pelo menos quatro dimensões:
biológica, mental, emocional e espiritual. É estudado por um várias ciências. Mas
pode ser observado de modo simplificado, do ponto de vista da neurociência.
Hoje é sabido
que as funções cerebrais são
associadas às ações simples dos indivíduos (como andar e comer). Mas também são
associadas às ações complexas (como percepção, aprendizagem, linguagem, raciocínio
e memória).
Há cerca de
200 anos, pensava-se que as dimensões da
cabeça determinavam traços de personalidade das pessoas, como generosidade e
agressividade. Hoje sabemos que diferentes partes do cérebro realizam funções
distintas.
Nas pessoas
destras, o hemisfério esquerdo do
cérebro controla a fala, a memória de palavras e as habilidades da mão direita.
O hemisfério direito controla atividades artísticas e emocionais. Áreas
afetadas do cérebro produzem sequelas específicas nas pessoas.
A tecnologia
hoje permite visualizar diferentes
áreas do cérebro. Quando apresentam diferentes níveis de atividade, podem ter o
equilíbrio restaurado com medicamentos, renovando a saúde do paciente.
A evolução
do cérebro e do indivíduoacontece a
partir de estímulos e experiências vivenciados na família, na escola, na
sociedade. Apesar disto se realizar fora do indivíduo, os efeitos são
produzidos dentro do indivíduo.
Os estímulos
e as experiências não ocorrem iguais para
todos, mas muito diferentes. Fatores biológicos, sociais e ambientais interferem.
E nada acontece de forma mecânica. Tudo se interage e acaba influindo nas funções
cerebrais.
Durante a vida,
o cérebro se reorganiza em resposta a
estímulos e experiências. As células do cérebro se unem através de conexões, modificando
e formando caminhos por onde transitam grande número de informações.
Dessa forma,
as funções cerebrais possibilitam a
percepção, a memória, a linguagem, consciência e o comportamento. Isso vale
para todos os indivíduos, mas de modo desigual.
Fica fácil
compreender por que existem pessoas no
mundo (de diferentes culturas, níveis educacionais e classes econômicas) com
percepções diversas da realidade, desenvolvendo ideias, crenças e convicções.
Em muitas
atividades humanas – política,
economia, religião, ciências e outras – há divergências. Cada qual enxerga as
coisas do seu jeito. Felizmente, acontecem mudanças que podem melhorar a
situação.
Na Alemanha,
Adolf Hitler iniciou sua ascensão ao
poder em 1932. Tornou-se líder, seduziu o povo alemão e gerou a segunda guerra
mundial de 1939 a 1945. Depois do conflito, o povo alemão acordou: “Como nos deixamos
enganar!”
Nos Estados
Unidos,
o pastor Harold Camping convenceu
grande número de pessoas de que fim do mundo se daria em 21 de maio de 2011, às
18 horas. Mas isso não aconteceu. Aos poucos, as pessoas tiveram que voltar suas
mentes para a realidade.
Para alcançar
uma democracia plena, é preciso
investir com prioridade em saúde, educação e cultura. O homem não é apenas um
produto das condições em que vive. Mas sob condições positivas, o homem se
desenvolve muito melhor.
Em João Pessoa
(Paraíba), no Bairro de Mangabeira, em
2017, Adeilda da Silva – uma mulher pobre e analfabeta com mais de 40 anos – descobriu
um tumor no cérebro e fez uma promessa: “ajudar crianças da comunidade se
tivesse mais tempo de vida”.
Hoje sua pequena
escola atende 70 crianças. Elas recebem
reforço escolar, alimentação e banho. À noite tem alfabetização de adultos.
Conta com professores voluntários e doações.A neurociência pode explicar: “a fé
com bons propósitos funciona muito bem”.
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