*José Renato Nalini
E quem são eles? Ainda há muitos,
felizmente. Mas hoje vou falar daqueles que resolvem preservar a cobertura
vegetal em suas propriedades. Assente que o maior perigo que ronda a humanidade
é o aquecimento global e que ele é causado por várias causas, uma das quais o
desmatamento, quem poupa a sua mata – ou, melhor ainda – quem refloresta com
árvores nativas, é um verdadeiro herói.
O Estado Brasileiro não incentiva os
preservacionistas. A isenção do ITR – Imposto Territorial Rural é quase nada!
Prioridade na análise de crédito também pouco significa. Assim como acesso a
recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente parece piada, quando o governo
federal desmanchou todas as estruturas lentamente construída de tutela ecológica.
Por isso, é herói quem resolve
instituir uma RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural. É um ônus
aparente, no raciocínio materialista e consumista da maior parte da população. Os
egoístas se esquecem de que temos poucas décadas para fazer valer a nossa
passagem por este planeta. Fôssemos verdadeiramente responsáveis pelas futuras
gerações, nós deixaríamos a Terra melhor do que encontramos. Ao contrário,
somos péssimos inquilinos, destruímos, poluímos, desertificamos. O resultado é
esse: somos o Pária Ambiental desta década. A salvação nunca virá do governo.
Terá de vir da cidadania.
Uma cidadania sensível, capaz de
pensar no mundo após a sua partida. Paulo Nogueira Neto era um entusiasta do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Mas há poucos patriotas que deixam
de explorar a terra, dizimando-a, para garantir oxigênio e vida para uma
comunidade difusa de seres humanos. Muitos dos quais, ainda não nasceram.
As RPPNs não empolgaram os
brasileiros. São poucas e estão, prioritariamente, na Mata Atlântica. A região
Amazônica, alvo de todas as crueldades nestes últimos anos, só dispõe de 3,5%
de áreas particulares protegidas.
Poucas vozes se levantam para exigir
do Parlamento que torne atraente e sedutora a política pública de preservação
por parte de particulares. Uma delas é a do deputado federal Rodrigo Agostinho,
que foi prefeito de Bauru. O seu Projeto de Lei 784/19 tenta aumentar
incentivos para a criação de RPPNs. Os interessados em que haja condições de
continuidade da vida humana neste sofrido planeta devem insistir, junto à
Câmara Federal, no sentido de que esse projeto se converta em lei.
*José Renato Nalini é
Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da
ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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