Não há dúvidas de que a pandemia fragmentou o sistema educacional brasileiro, causando feridas profundas que levarão muito tempo para cicatrizar. Na educação básica, retrocedemos 20 anos, como apontam Anna Helena Altenfelder e Maria Alice Setubal em artigo publicado hoje no Valor Econômico. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos estavam fora da escola, sendo que 41% desse universo concentrava-se entre os 6 e 10 anos de idade, faixa etária em que o acesso à escola já estava praticamente universalizado no país. Concluído no último fim de semana, o Enem 2021 teve menor participação desde 2009. Dados do MEC mostram que mais de 930 mil pessoas não compareceram ao exame da principal via de acesso ao ensino superior no país, uma abstenção de 29,9%. Apesar disso, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse ontem que ‘a educação brasileira saiu ganhando’. A realização do Enem em 2021 sem dúvida foi importante, mas há um déficit educacional enorme, que não permite espaços para celebrações. Ao contrário. A oportunidade é de apresentar planos de investimentos que resgatem uma geração que está se desenvolvendo fora das escolas e das universidades. Mas, neste momento, o Ministério da Educação colhe os frutos de uma gestão que se dedica mais a uma possível guerra cultural e ideológica. O Enem deste ano foi realizado em meio a denúncias de tentativa de interferência na prova e uma crise interna no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que prepara o exame, com o pedido de demissão de 37 coordenadores. Ontem, um grupo de 52 pesquisadores das áreas de Matemática, Probabilidade e Estatística e de Física da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) renunciou coletivamente aos cargos. Segundo eles, a Capes não respalda o seu trabalho e criticam a presidência da instituição por não defender a avaliação quadrienal da pós-graduação, suspensa por decisão judicial em setembro. Condição basilar para o desenvolvimento social e econômico, a educação no Brasil precisa de uma gestão estratégica com visão de longo prazo e sistêmica, alcançando crianças, adolescentes e jovens pobres, pretos e indígenas, que hoje estão excluídos. O baixo nível da educação no Brasil tem impacto negativo em aspectos sociais, ambientais e econômicos, contribuindo para a violência urbana e o desrespeito às normas mínimas de civilidade, além de comprometer a competitividade do setor produtivo nacional. Isso tem a ver também com diretrizes de governança, tais como respeito às leis, combate à corrupção e privilégios, exercício da cidadania. Tem a ver com o entendimento de que não vamos evoluir como nação enquanto não for possível incluir todos em um processo de desenvolvimento. E isso passa, necessariamente, pelo investimento em educação. |
 |
#DESTAQUES Garimpo ilegal - O prefeito de Borba (AM), Simão Peixoto (PP), acionou a bancada federal do Amazonas para paralisar a destruição de balsas de garimpo, pela Polícia Federal, que operam na ilegalidade no Rio Madeira. Desmatamento - O governo Jair Bolsonaro não apenas segurou a divulgação do recorde de desmatamento da Amazônia em 15 anos, como levou à COP26 um dado irreal de queda de 5% da devastação no bioma, como mostra o Estadão. Moda que desmata – Relatório divulgado ontem (29) pela Stand.earth revelou o fracasso dos compromissos ambientais de empresas da indústria da moda, como Prada, Adidas e Nike, que seguem comercializando produtos que têm conexão com o desmatamento na Amazônia. A principal está relacionada ao fornecimento de couro, um subproduto da pecuária. O relatório cita como exemplo a atuação da JBS, fornecedora deste material para diversas empresas do setor. #ARTIGOS Luis Henrique Guimarães - A COP26 e a hora de agir Ana Carla Abrão - Brasil pode até ter passado vergonha na COP-26, mas o setor financeiro deve passar ao largo dela Editorial Folha - Pepitas de incúria Arthur Virgílio Neto - Crime, inação e cumplicidade Luiz Kignel e Aline Torres - Um compromisso verdadeiro para 2022 Sergio Gusmão Suchodolski e Jeanette Lontra - ABDE pretende entregar um plano de desenvolvimento sustentável a autoridades políticas Pablo Acosta - Por que devemos nos preocupar com a violência baseada em gênero e como combatê-la #EMPRESAS Nissan vai investir US$ 18 bilhões para lançar 15 modelos de carros elétricos até 2030 Valgroup firmou contrato de compra e venda de energia renovável com a Casa dos Ventos Google anunciou Lisiane Lemos como gerente de programas de recrutamento de diversidade, equidade e inclusão para a América Latina Peugeot e Citroën iniciaram no Brasil as vendas de furgões elétricos #ENTREVISTAS Objetivos - Em entrevista ao Valor, o presidente do Itaú BBA, Flávio Souza, disse que a empresa aposta em especialização e ESG para 2022. #EVENTOS Debates - Para celebrar seu sexto aniversário, o #Colabora promove o ciclo de debates #Colabora 6 anos, 6 debates fundamentais. Clima, saúde, economia verde, gênero, meio ambiente e diversidade serão discutidos por convidados especiais. Startups - Para ajudar empreendedores no aprendizado de questões como diversidade e inclusão, o hub InovAtiva promoverá o InovAtiva Experience, evento online e gratuito que acontece entre os dias 4 e 5 de dezembro. |
 |
#AGRONEGÓCIO Arroz - O cultivo de arroz irrigado em sistemas pré-germinados emite mais metano do que o que registrado pela literatura científica até agora, de acordo com novo estudo da Embrapa. O gás que tem forte poder de efeito estufa na atmosfera. Supernavios - Além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa com a adoção de melhores práticas na pecuária, o Brasil pode contribuir para a descarbonização global a partir do uso de navios maiores nas exportações do agronegócio. #ENERGIA Biocombustíveis - O diesel verde e o querosene renovável são as novas apostas do Brasil no mercado de biocombustíveis. Empresas estão ampliando a capacidade de produção de combustíveis menos poluentes para caminhões, carros e até aviões para reduzir as emissões de carbono. Energia irregular - Uma das maiores distribuidoras do país, a Equatorial Energia tem fornecido eletricidade para invasores de algumas das terras indígenas mais desmatadas do país, na região do Médio Xingu (PA), sem a autorização da Funai e o licenciamento ambiental do Ibama. Transição energética - O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo Saboia, afirmou que a transição energética para uma economia de baixo carbono terá custos elevados e que a sociedade precisa ser conscientizada sobre isso. #ESG Pesquisa - Apesar de 92% dos executivos de alto escalão acreditarem que práticas ESG são importantes, apenas 48% incluem esses objetivos nas operações e nos cargos, de acordo com estudo da Russell Reynolds. #FINANÇAS ESG e finanças - O desenvolvimento de produtos e processos para diminuir o impacto ambiental vem crescendo nas empresas com foco nos investidores, acionistas e consumidores. Oportunidades - Se conseguir proteger suas florestas, o Brasil pode atrair recursos e lucrar com a geração de energia limpa, agricultura e silvicultura. O processo de descarbonização pode gerar muitos negócios para o país em uma janela de oportunidades. #MEIO AMBIENTE Vale - O vice-presidente de segurança e excelência operacional da Vale, Carlos Medeiros, afirmou que a companhia já descaracterizou sete barragens a montante desde 2019, depois do rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que deixou 270 mortos em janeiro de 2019. Rio de Janeiro - A Concessionária Iguá anunciou para dezembro o início da retirada do lixo e do lodo fino das lagoas de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca. #SOCIAL XP - A foto de um grupo de colaboradores da empresa Ável, ligada à XP, repercutiu em 2021 pela falta de diversidade na empresa. O caso parou na justiça e os envolvidos não chegaram a um acordo com as entidades que moveram a ação, e que pedem R$10 milhões. Pobreza - A Vale quer retirar da situação de extrema pobreza cerca de 500 mil pessoas que vivem na área de abrangência de suas operações no Brasil e no mundo até 2030. |
|
|
|
Comentários
Postar um comentário