Rumo à Glasgow, entre metas e ausências

 



29 | OUT | 2021


“É hora de abandonar discursos vazios, promessas quebradas e promessas não cumpridas (...) Precisamos de modelos de negócios que respeitem o meio ambiente e protejam os direitos humanos.” Essas são as frases que abrem e fecham a declaração da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, sobre a reunião da COP-26, que começa em dois dias. Entre as duas, sete parágrafos que contém um abismo: a nossa incapacidade de modificar o rumo da tragédia que nos espera num futuro muito próximo.

Fomos incapazes de cumprir promessas feitas na Eco 92, na Rio + 20 e no Acordo de Paris apenas para citar as três principais conferências dos últimos 30 anos. Não estamos mitigando nossos impactos sobre o planeta, e não estamos evitando os efeitos letais de nossas ações.

Em Glasgow, ativistas, empresários, cientistas, políticos, mídia discutirão à exaustão. Mas é fato que, mais do que discutir, adotar medidas urgentes, se tornou antes de uma questão ambiental, uma medida em prol dos direitos humanos. Afinal serão as populações mais vulneráveis que serão as primeiras e mais atingidas.

O Brasil segue na contramão dos compromissos assumidos. A falta de empenho do atual governo contrasta com as iniciativas globais. A senadora Kátia Abreu conseguiu aprovar um projeto que praticamente anula a meta do Brasil no Acordo de Paris e permite ao atual governo definir nova meta. Não que seja novidade. Enquanto o mundo reduziu emissões em 6,7% em 2020, o Brasil elevou em 9,5%, com o desmatamento e aumento das pastagens.

Sem qualquer credibilidade no discurso, o Brasil chega a COP como um dos cinco países que mais agravaram o aquecimento global. Terá a segunda maior delegação da COP, mas não será representado pelo seu principal chefe de Estado – ocupado  também em solo europeu, em receber o título de cidadão honorário de Anguillara Veneta, cidade de onde seus ascendentes emigraram para o Brasil. A ausência virou capa da Times, que mostra os principais líderes globais reunidos na COP e cadeiras vazias com os nomes de Bolsonaro e Xi Jinping.

Mais do que uma demonstração de desprezo pelo meio ambiente e pelos direitos humanos, a ausência de Bolsonaro na COP é uma demonstração burra de desprezo pela economia do País e pelos bons negócios que podem vir desse tema. O Valor traz matéria hoje sobre o potencial das Soluções Baseadas na Natureza para cumprir o Acordo de Paris. As expectativas em geral são de que o País poderia faturar mais de US$ 10 bi por ano com essas e outras ações, como mercado de carbono, reflorestamento e bioeconomia.

Exame ouviu mais de 30 especialistas para conhecer as expectativas sobre o que acontece na COP. A Veja foi bem além das principais projeções do mundo com o aquecimento global em 2050 e 2100, para falar sobre como chegaria a Terra em 2500 com o aquecimento global: acréscimo de quase 40 graus e extinção da humanidade. A Economist trata a COP26 como a “última chance do mundo”.

A mídia está mais atenta do que nunca ao que acontecerá em Glasgow este ano. As presenças e ausências, as discussões, os novos acordos. Tudo caminha para que o evento possa ser um marco. De esperança ou de decepção. As fichas serão lançadas.

E a Estratégia ESG estará lá. Colocamos o time em campo para termos a partir de hoje seção específica para trazer uma curadoria das principais notícias da COP26, e no nosso site você poderá acompanhar artigos exclusivos, entrevistas e a cobertura in loco da correspondente Juliana Ennes. Para completar, diariamente, a partir das 18h teremos uma live com o que aconteceu de mais importante no dia: Um bate bola com os jogadores brasileiros em Glasgow.

Que comecem os jogos.

#DESTAQUES

Emissões - O Brasil teve um aumento de 9,5% nas emissões de gases poluentes em 2020, em plena pandemia de covid-19, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. O desmatamento da Amazônia e do Cerrado puxaram os números.

COP26 - O podcast Estadão Notícias teve como foco o tema "COP-26: O papel do Brasil e os desafios globais".

União - Empresas, ambientalistas e políticos se mobilizam para atuar nas negociações do clima e serem contraponto ao governo, que não estará representado pelo presidente Jair Bolsonaro na COP26.

Neutralidade - O Brasil formalizará a meta de neutralidade climática para 2050 na COP26 com objetivo de mostrar que o país está levando a sério os compromissos para combater a crise ambiental.

Divisão - O financiamento deve ser ponto de tensão nas discussões da COP26, assim como a reparação dos danos aos países mais afetados pelos impactos da crise ambiental e o formato dos mecanismos de mercado.

Glasgow - Cidade que sediará a COP26, Glasgow almeja ser um dos municípios mais verdes da Europa.

#ARTIGOS

Renato Krausz - ESG nas empresas brasileiras: expectativa e realidade

Tatiana Prazeres - China, maior emissor global de CO2, quer ser protagonista na COP26

César Esperandio - Conheça os fundos ESG, também chamados de investimentos sustentáveis

Caroline Prolo - Sobre COP 26, mercados de carbono e o fim do mundo

Silvio Almeida - Fome de democracia

Brooke Masters - Às vezes é fácil (e lucrativo) ser verde

José Eli da Veiga - Temerário jogo climático

#EMPRESAS

Deloitte, EY, KPMG e PwC apresentaram suas visões sobre ESG no portal Um Só Planeta.

Caterpillar, Volvo, Komatsu e Hyundai estão entre multinacionais produtoras de máquinas pesadas que aceleram o desmatamento no Brasil.

 #ENTREVISTAS

Oportunidade - Em entrevista ao Estadão, a embaixadora da Suécia em Brasília, Johanna Skoog, ressaltou a importância da COP26. Para ela, o evento é chave para o mundo e oportunidade para o Brasil.

Na contramão - Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, a ex-senadora Marina Silva (Rede) afirmou que o governo destruiu as políticas de proteção do meio ambiente, abandonou o plano de controle de desmatamento e se esconde atrás de uma política de crédito de carbono controversa.

Mudanças Climáticas - Em entrevista à BBC Brasil, o naturalista David Attenborough afirmou que cada dia que passa é um dia perdido ao falar sobre as mudanças climáticas.

#AGRONEGÓCIO

Fogo - A Câmara dos Deputados aprovou projeto que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A medida define regras para as situações nas quais será permitido o uso controlado do fogo nas práticas agrícolas.

#CLIMA

Metas - SBTi lança diretrizes para validar se metas corporativas estão alinhadas com a ciência. O foco deve ser na redução de emissões e não no uso de offsets, ou seja, acabando com compromissos baseados somente na compra de créditos de carbono.

Carbono - Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mapeou divergências sobre mercado de carbono, mais especificamente sobre o artigo 6 do Acordo de Paris que terão impacto sobre florestas e produtores.

Dinossauro - A ONU lançou uma campanha ontem usando um dinossauro para alertar sobre a emergência climática no mundo.

#DIVERSIDADE

Publicidade - Novas e potentes pressões de consumidores e do próprio mercado vêm alterando a composição de imagens e representações projetadas pelas marcas na publicidade, aumentando a diversidade nas campanhas.

#ENERGIA

Energias Renováveis - A Equatorial Energia concordou em comprar a Echoenergia em um negócio que avalia a empresa de energia renovável e suas dívidas em cerca de 10 bilhões de reais. Esta é a maior aquisição de renováveis do país.

Petróleo - A petroleira australiana Karoon lançou um novo planejamento estratégico em que entre outras medidas vai  comprar créditos de carbono como compensação para as emissões.

Eólica e Solar - Especial de Infraestrutura do Valor mostra que os investimentos em eólica e solar estão crescendo.

#FINANÇAS

Recuperação - Os conceitos de sustentabilidade e os avanços da COP26 podem modernizar e impulsionar a economia brasileira, e as políticas ambientais podem contribuir com a recuperação pós Covid-19.

Fundo - Capital Reset mostra como o Fundo Vale está investindo em ‘carbono de impacto’. A mineradora já investiu R$ 100 milhões e quer comprovar que dá para acelerar e dar escala a negócios baseados em sistemas agroflorestais e silvipastoris.

#INDÍGENAS

Mortes - O número de indígenas assassinados no Brasil em 2020 foi o mais alto em 25 anos. Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Missionário Indigenista (Cimi).

#INTERNACIONAL

Estados Unidos - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou investimentos de bilhões de dólares destinados a apoiar a energia limpa, veículos elétricos e novas defesas contra condições meteorológicas extremas.

#MEIO AMBIENTE

Dunas - Estudo do MapBiomas mostra que o Brasil perdeu 15% de suas dunas e praias em 36 anos. Pressão imobiliária, empreendimentos e falta de proteção estão entre as causas da redução.

Cerveja - O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) recomendou a suspensão das licenças prévias e de instalação de uma fábrica da Heineken, em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte. O empreendimento está localizado dentro de área de proteção ambiental, onde foi encontrado o crânio "Luzia", o mais antigo das Américas. 

Mariana - O Ministério Público de Minas espera concluir até fevereiro a repactuação do acordo de reparação de Mariana, onde ocorreu o desastre ambiental da Samarco, Vale e BHP. O objetivo é que sejam cobertos danos sociais, ambientais e econômicos causados pelo rompimento da barragem do Fundão.

#SOCIAL

Racismo - O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (28), por 8 votos a 1, que o crime de injúria racial pode ser equiparado ao de racismo e ser considerado imprescritível, ou seja, passível de punição a qualquer tempo.

Estratégia ESG é uma iniciativa de Alter Conteúdo em parceria com a agência epbr

Comentários