Existe construção civil sustentável?

 


José Renato Nalini Reitor da UNIREGISTRAL  e docente da Pós-Graduação da UNINOVE. Foi Secretário da Educação do Estado de São Paulo-2016-2018

A construção civil é um dos motores da economia. Oferece emprego direto a milhões de brasileiros. Outros milhões se beneficiam dela, de forma indireta. Mas essa heroína tupiniquim precisa também pensar em sustentabilidade. 

No ano de 2019, as emissões de carbono da construção civil chegaram ao ápice. 38% das emissões de gás carbônico relacionadas à energia são produzidas por ela, que também consome 50% dos recursos naturais do planeta.

Esse dado foi divulgado em dezembro de 2020 pelo PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que recomenda urgente descarbonização do setor. Para isso também serve a cultura ESG, que muitos consideram modismo ou mito ficcional, mas que precisa ser levado a sério por quantos pensem no futuro do planeta e do lugar que à humanidade nele está reservado.

As grandes empresas precisam divulgar relatório de sustentabilidade elaborado de acordo com as diretrizes da GRI – Global Reporting Initiative, uma referência internacional de padronização. 

Gerenciar o uso de água e de energia, observar a correta destinação do entulho, criar um Comitê ESG, transmitir essa conscientização para os funcionários e para toda a cadeia produtiva. Não é conveniente encarregar uma pessoa ou um departamento para cuidar da política ESG. Todos precisam estar antenados e contaminados pela vontade de não impactar nocivamente a natureza. Isso envolve a arquitetura. Os arquitetos precisam procurar atender aos requisitos do selo internacional Edge, a excelência em design para maior eficiência. 

Algo em que algumas empresas já investem é na construção de paredes internas em dry wall, para poupar água e energia. Reuso de águas pluviais é indicado, instalação de luminárias com sensores de presença, arejadores de torneira para reduzir o consumo hídrico e seleção de materiais que não agridam a natureza. 

É urgente corrigir a defasagem: a construção civil brasileira é um dos segmentos menos preocupados com o ambiente, aquele que tem o menor número de metas ambientais dentre as que operam na Bolsa. Dentre vinte e sete empresas do setor listadas na B3, apenas uma tinha objetivos climáticos. Não é um índice que edifique uma atividade tão importante para o Brasil. Afinal, o déficit de moradia se aproxima das sete milhões de unidades. Haverá condições de cobri-lo e de forma sustentável?

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