Chamando os adultos para o equilíbrio

 

31 | AGO | 2021

Bom dia!

Marcelo Brito, Edu Lyra e Marisa Monte são minhas inspirações para essa coluna de hoje.

O primeiro, pela consistente e consciente entrevista na noite de ontem no Roda Viva. Presidente da Abag, fez questão de ressaltar que não fala em nome de todo o agronegócio, mas destacou que apenas 1%  do agro nacional é o que mais desmata no Brasil. “É preciso fazer a transformação nesse 1% e isso está sendo feito". Desfilou frases como "O Brasil é campeão mundial de agricultura de baixo carbono. É preciso olhar como oportunidade para nadar de braçada nesse mercado", e "O Brasil tem algo a mais: a bioeconomia da sociobiodiversidade, ligada a nossos biomas. Mas precisamos falar de bioeconomia circular. Caroço do açaí, um resíduo, pode ser, por exemplo, pode ser usado para fazer bioplástico. Esse modelo é uma oportunidade para Amazônia".

A entrevista de Brito veio justamente num dia tenso em que um manifesto em prol de maior harmonia entre os três poderes, que seria divulgado pela Fiesp, foi suspenso, porque o tom desagradou o poder executivo. A Fiesp calou-se, mas a Abag, à parte, manifestou-se em prol da democracia. “Foi um chamado aos adultos para discutirem esse momento de crise”.

Os “adultos” na sala de jantar, no entanto, parece estarem brincando de faroeste, confundindo tanto o feijão com fuzil, que o Brasil teve dias de cangaço à luz do dia, não nos confins retintos, mas numa grande cidade do interior de São Paulo, o dito estado mais desenvolvido da Nação. Araçatuba teve explosivos espalhados pela cidade numa ação conjugada de criminosos, que chegaram a amarrar reféns no teto de carros e explodir bancos.

Entregues que estamos à sorte (ou ao azar), sem controles de queimadas, de inflação, de tarifas, de vacinas, de negociatas, ou de ofensas às minorias por quem deveria supostamente defendê-las, Edu Lyra, presidente da ONG Gerando Falcões, traz um sopro de esperança.  

Em sua coluna no Globo de hoje, "Favela Represada", nos conclama a olhar para esse espaço em que muitos só veem pobreza e violência, como símbolo de resiliência, reinvenção e inovação. “O Vale do Silício não tem só silício. Tem cérebros. A favela não tem só bandidos. Tem cérebros também, ainda que em estado latente, prontos para serem lapidados”.

Ante os apelos de Brito, para que olhemos para a Amazônia, para o potencial das pessoas que lá vivem e que podem gerar negócios a partir da floresta em pé, com a maximização da bioeconomia; e a voz de comando de Edu Lyra, para que tenhamos outro olhar para o potencial dos cérebros da favela, eu fico com Marisa Monte, que em entrevista recente ao Pedro Bial, ressaltou a harmonia do público:

“Quando todos cantam alto, os dissonantes somem na multidão. Os desafinados se afinam. A harmonia prevalece no avançar da música”.

Que assim seja.

#DESTAQUE

Estratégia Verde - O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) lançou a Estratégia Investimento Verde, iniciativa para fomentar a inclusão de critérios ESG nos editais de infraestrutura. Para isso, o ministério desenvolveu um conjunto de métricas adaptado ao Brasil e inspirado nas regras europeias.

Inovação - O Valor Econômico traz hoje o caderno especial “Inovação” com reportagens mostrando iniciativas e projetos voltados a investimentos ESG e mudanças climáticas. O suplemento traz ainda exemplos de como núcleos de inovação estão se expandindo no Norte e no Nordeste, e a ampliação das emissões de títulos verdes.

#ARTIGOS

Maitê Lourenço - Sustentabilidade precisa ir além do discurso

Evandro Éboli - Concordamos em discordar: o que pensar sobre o 'marco temporal' para as terras indígenas?

Cristina Serra - Violência contra os indígenas

#ENTREVISTAS

Ricardo Salles - Em entrevista exclusiva para o UOL, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o programa de combate ao desmatamento do governo está parado por culpa da ONU. O programa Floresta+, com orçamento de meio bilhão de reais, previa pagamento a moradores da Amazônia por serviços florestais, mas ainda não saiu do papel.

Roda Viva - Em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), criticou a política ambiental brasileira e disse que o Brasil está afastando potenciais consumidores no mercado internacional ao não preservar o meio ambiente.

Automóveis - Rafael Chang, CEO da Toyota, falou ao Capital Resert sobre os planos da empresa para investimentos nos veículos híbridos flex. Na conversa ele abordou o futuro da mobilidade, o papel do etanol e as dificuldades da falta de clareza do país na transição energética.

Rural - Em entrevista ao programa “Olhar de Líder”, do Broadcast, o empresário Luiz Osório Dumoncel, CEO e um dos fundadores da 3tentos, diz que a imagem ambiental ruim do Brasil no exterior “ é injusta com o produtor rural”.

#EMPRESAS

Trígono Capital vem investindo em pequenas empresas com foco em ESG.

PwC, Deloitte, KPMG e EY estão ampliando investimentos e serviços em ESG para conquistar a confiança dos consumidores.

Vibra Energia anunciou uma joint venture com Copersucar, numa parceria para dar escala e inteligência no etanol.

Engie anunciou a venda do complexo de usinas térmicas a carvão de Jorge Lacerda para a gestora Fram Capital.

Banco do Brasil anunciou a criação de um comitê de sustentabilidade para assessorar o Conselho de Administração quanto a aspectos ambientais, sociais e de governança.

#EVENTOS

Mercado de Carbono - O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) realiza hoje o Seminário Final do Projeto Mercados de Carbono com o Lançamento do Marco Regulatório respectivo. O evento vai apresentar o cenário atual e os desafios para a precificação das emissões de carbono no Brasil.

COP 26 - Hoje, às 19h, acontece o debate online "A mídia e a COP 26: o Brasil, o mundo e a crise climática". Uma iniciativa do Núcleo Meio Ambiente e Mudança do Clima do CEBRI e do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

Responsabilidade Social - Bússola realiza no dia 1º de setembro, a live "Pandemia e Solidariedade: o papel da responsabilidade social corporativa". Os participantes do evento vão debater sobre a importância das empresas com a sociedade e qual o impacto da inclusão social e na preservação do planeta.

São Paulo - A Virada Sustentável chega à 11ª edição neste ano com uma programação híbrida e que discute o que mudar no mundo para o pós-pandemia. As atividades começam oficialmente nesta quinta-feira, 2, mas intervenções artísticas já começaram a ser espalhadas por mais de 400 espaços de todas as regiões de São Paulo.

#AGRONEGÓCIO

Agricultura - Reportagem da The Economist mostra que as mudanças climáticas vão trocar cultivos de lugar no mundo, resultando em ganhos para algumas pessoas, mas em perdas para a maioria. Países, como a Rússia, já se mostram dispostos a capitalizar em cima do aquecimento global.

Incentivo - A Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO) e o governo de Mato Grosso do Sul vão apresentar a pecuaristas do Estado seu programa para incentivar a produção de carne sustentável no Pantanal.

#CLIMA

Pré-COP - Dezenas de chefes de Estado e de governo juntaram-se a líderes ambientais na segunda-feira no segmento político de alto nível denominado Pré-COP de Biodiversidade 2021. A meta é impulsionar o compromisso político para reverter as perdas no setor nas próximas décadas.

#DIVERSIDADE

Desigualdade - Pesquisa feita pela petroleira Ocyan, antiga Odebrecht Óleo e Gás, mostra que as mulheres ainda precisam buscar o seu espaço no setor petrolífero brasileiro, trazendo à tona a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho.

#FINANÇAS

Alinhamento Ambiental - O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirmou em evento de ESG que o alinhamento entre os setores público e o privado na definição de prioridades sobre a questão ambiental é fundamental e será o fator que fará a diferença para colher resultados nos próximos anos.

Investimentos - Há um maior interesse por investimentos aderentes aos critérios sociais, ambientais e de governança, mas é importante diversificar a alocação de recursos para proteção em momentos de crise

#INDÍGENAS

Funai - Autora do recurso que deu origem ao julgamento do “marco temporal” das terras indígenas no STF, a Fundação Nacional do Índio (Funai) mudou de lado na polêmica. Quando apresentou o recurso, em 2017, ela pregava a demarcação da terra do povo Xokleng, em Santa Catarina. Hoje, sob Jair Bolsonaro, já se manifestou a favor da tese defendida pelos produtores rurais.

Bolsonaro - Em meio ao debate sobre o marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que demarcações de terras indígenas "acabaram" com Roraima, sem especificar a que se referia, e questionou se há uma "favela de índio" no local.

#INTERNACIONAL

França - As autoridades francesas esperam que as ruas de Paris fiquem menos poluídas a partir ontem, com a entrada em vigor de um novo limite de velocidade para motoristas de 30 km/h. O novo limite de velocidade deve ajudar a reduzir a poluição, o ruído e o número de acidentes graves.

China - As principais petrolíferas chinesas anunciaram planos de investir bilhões de dólares em energia limpa até 2025 para cumprir as metas de neutralidade de carbono do presidente Xi Jinping, mesmo com a demanda de petróleo impulsionando a recuperação de seus lucros no primeiro semestre.

#MEIO AMBIENTE

Conservação - Os focos de incêndio nas 16 unidades de conservação da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), no Amazonas, caíram 75% em julho, em comparação com o mesmo mês de 2020, segundo dados inéditos da ONG.

#POLÍTICA

Estados Unidos - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que a quase obsessão do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, com a questão ambiental atrapalha “um pouquinho” o Brasil.

#SOCIAL

Economia Circular - Pequenos municípios da região Amazônica estão transformando resíduos em recursos, colocando em prática a economia circular e dando exemplo de cidadania e consciência. As ações locais são tão positivas que renderam um artigo publicado no periódico Urban Sustainability, do grupo Nature.

Oportunidade - Sete empresas de origem alemã, como Siemens Healthineers e Mercedes-Benz, participam de um projeto para formar e incluir jovens mulheres negras no mercado brasileiro.

Impacto Social - Uma parcela importante dos negócios de impacto social no setor de construção é fruto da Coalizão Habitação, liderada pela Artemisia em parceria com grandes empresas como Gerdau, Tigre, Votorantim Cimentos e Vedacit. Os gigantes do setor veem no projeto Lab Habitação uma oportunidade para ações de responsabilidade social.

Estratégia ESG é uma iniciativa de Alter Conteúdo em parceria com a agência epbr

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