Alice é o 4° maior repositório institucional brasileiro de acesso aberto


  O conteúdo do Alice abrange informações científicas produzidas por profissionais da Empresa. Downloads são realizados por usuários de vários países  (Foto/Daniely Lima/Embrapa)

*Repositório de Acesso Livre à Informação Científica da Embrapa (Alice) é destaque em ranking internacional.

*Ocupa a quarta posição entre os repositórios brasileiros.

*Mais de 100 mil itens, que compõem seu acervo, estão disponíveis para acesso público e gratuito.

*Repositórios institucionais de acesso aberto da Embrapa têm quase 60 milhões de downloads.

*Acervo integra as bases de dados internacionais Agris, da FAO, e Agrosavia, da Colômbia.

O repositório Acesso Livre à Informação Científica da Embrapa (Alice) é o quarto maior repositório institucional brasileiro, conforme a 11a edição do ranking Web of Repositories, publicada em maio de 2021. Com 104 mil itens de acesso aberto e gratuito, o Alice registra 24,7 milhões de downloads e 22 milhões de consultas, desde a sua criação, em 2011. 

O conteúdo do repositório abrange informações científicas produzidas por profissionais da Empresa e editadas em livros e capítulos de livros, artigos em periódicos indexados e em anais de congressos, teses, dissertações e notas técnicas, entre outros tipos de publicações. A maior parte do seu acervo está disponível em português, mas há conteúdo em outros idiomas, como inglês e espanhol.  

Cerca de 42% dos downloads são realizados por usuários dos Estados Unidos - 10,3 milhões de itens já baixados do Alice. Em seguida, vêm os downloads feitos no Brasil - mais de 7,5 milhões, o que corresponde a 30,5% do total. Usuários da Alemanha, China, Rússia e França também estão entre os que mais baixam as publicações. Downloads no Reino Unido e em outros países da Europa também são registrados. O público é basicamente acadêmico e ligado à ciência. 

O acesso aberto refere-se à disponibilidade e ao alcance gratuito aos resultados de pesquisas científicas e considera o conhecimento um bem público que deve estar disponível a todos, priorizando o compartilhamento de informações e protegendo somente o necessário.  “O conceito tem uma perspectiva de solidariedade, pois prevê que o conhecimento seja compartilhado tanto com os países já desenvolvidos quanto com aqueles que estão em desenvolvimento”, destaca Alessandra Silva, do Comitê Gestor dos Repositórios Institucionais de Acesso Aberto da Embrapa.

Protocolos internacionais

A Política de Governança de Dados, Informação e Conhecimento da Embrapa abre o acesso às publicações técnico-científicas nos temas de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica para a agropecuária, geradas pelos seus 42 Centros de Pesquisa. 

Está alinhada à ciência aberta e aos protocolos internacionais, como a Convenção de Santa Fé, de 1999, que apresentou padrões para documentos eletrônicos, softwares e bases de dados de acordo com o Open Archives Initiative (OAI) e e-prints; e a Declaração de Budapeste (Budapest Open Access Initiative), de 2002, que definiu pela primeira vez o termo Open Access e estratégias para alcançá-lo.

“Ao se integrar ao movimento de acesso aberto, a Embrapa foi uma das pioneiras em inaugurar os seus repositórios temáticos, digitalizando grande parte do acervo e produzindo conteúdos em formato digital para oferecer à sociedade”, afirma Alessandra Silva. 

Repositórios Digitais: Alice e Infoteca-e

Outro repositório de acesso aberto da Embrapa, o Informação Tecnológica em Agricultura (Infoteca-e) conta com publicações de conteúdo técnico produzidas pelos Centros de Pesquisa da instituição, como Séries Embrapa, cartilhas, livros, e os programas de rádio e de televisão Prosa Rural e Dia de Campo na TV. A linguagem é adaptada a diversos públicos, como produtores rurais, extensionistas, técnicos agrícolas, estudantes e professores de escolas rurais, contribuindo para disseminar tecnologias e resultados gerados pela pesquisa agropecuária. 

São 35 milhões de downloads, desde 2011, sendo 41,7% do Brasil e 39,5% dos Estados Unidos. Apenas em 2020, foram baixadas quase 6,5 milhões de publicações e até a metade de 2021 já foram registrados 3 milhões de downloads e 2,5 milhões de consultas aos conteúdos digitais do repositório.

Com os sistemas de gestão do acervo digital desenvolvidos seguindo padrões internacionais e critérios de certificação e interoperabilidade, a Embrapa amplia o alcance e o impacto dos resultados produzidos pela pesquisa agropecuária, beneficiando várias instituições e países.

“Além do compartilhamento e disseminação, criam-se condições para uma melhor gestão de informação e conhecimento, identificando temáticas e antecipando tendências. A iniciativa também favorece a colaboração internacional em atividades de pesquisa, e consolida a base de conhecimento para iniciativas próximas, como a construção de repositórios institucionais de dados de pesquisa”, avalia Marcos Cezar Visoli, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (SP) e também membro do Comitê Gestor dos Repositórios Institucionais de Acesso Aberto da Empresa.

As bibliotecas da Embrapa gerenciam mais de 165 mil itens digitais. “A produção técnico-científica acumulada ao longo dos anos é gigantesca e os repositórios são uma forma democrática de dar acesso à população brasileira e mundial, uma vez que grande parte do conhecimento gerado é explicitado em publicações”, afirma o supervisor de Gestão da Informação da Secretaria-Geral da instituição, Fábio Cordeiro. A adoção de protocolos internacionais padronizados nos repositórios possibilita que essa produção integre outras bases de dados internacionais, como a Agris, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e Agrosavia, da Colômbia. 

Os repositórios digitais são alimentados a partir da base de dados mantida pelo Sistema Ainfo, desenvolvido pela Empresa com a função de realizar a gestão das bibliotecas e da produção técnico-científica, tanto em formato impresso quanto digital. A catalogação e a gestão do acervo são realizadas pelo Sistema Embrapa de Bibliotecas (SEB), com bibliotecários distribuídos na Sede e nas Unidades Descentralizadas, que garantem a qualidade das informações compartilhadas.

A visão do usuário

O desenvolvimento avançado de tecnologias computacionais abertas é uma prioridade, além do monitoramento diário e da prática de ouvir os usuários, para a constante evolução das ferramentas. “Estamos sempre atualizados e acompanhando o desenvolvimento das tecnologias abertas utilizadas na construção dos repositórios. O conhecimento adquirido com a experiência pode e deve ser utilizado para aprimorar o desenvolvimento tecnológico de outros futuros sistemas da Embrapa”, conta o analista da Embrapa Informática Agropecuária Luis Eduardo Gonzales, do Comitê.

O coordenador regional de projetos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Rafael Cavallieri, afirma que as informações do Alice foram muito úteis para um projeto de aquicultura que está desenvolvendo em parceria com a Embrapa. “Estamos assistindo tecnicamente a implantação de uma piscicultura comercial para produção de juvenis em sistemas de bioflocos, em São Jorge d´Oeste, município localizado no sudoeste paranaense. Nessa fase de projetos e planejamento, quanto mais conhecimento sobre o assunto melhor, uma vez que é uma atividade nova, com poucas bases produtivas comerciais no Brasil. O conhecimento adquirido da pesquisa será usado para transferência de tecnologia e extensão rural”, explica Cavallieri.

Para Alexandre Tadeu Brunello, doutorando em Biologia Comparada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto), é importante ampliar o acesso às publicações, digitalizando o maior número possível de conteúdos. Ele estuda as relações entre solos, clima e a vegetação de florestas tropicais sazonalmente secas do Semiárido brasileiro. “Por meio do acervo impresso e digital da Embrapa, pude obter diversos trabalhos de grande relevância para a contextualização e embasamento teórico da minha pesquisa”, conta o professor.

Além dos Repositórios Alice e Infoteca-e, que disponibilizam o acervo digital produzido pela Embrapa, a Empresa oferece um catálogo com as obras impressas disponíveis nas suas  bibliotecas, por meio da Base de Dados em Pesquisa Agropecuária (BDPA). Brunello, por exemplo, identificou na Embrapa Semiárido (PE) os livros Alguns aspectos do quadro natural do Nordeste, de Gilberto Osório de Andrade, publicado pela Sudene em 1977, e The Caatingas dominium – Revista Brasileira de Botânica, de autoria de Dardamo de Andrade-Lima, publicado em 1981.

“São obras clássicas e, infelizmente, não possuem ampla circulação na internet. Sendo assim, a possibilidade de consultá-las no acervo da Embrapa tem sido de grande contribuição para o desenvolvimento da minha pesquisa. Por isso, reitero a importância da democratização do acesso às informações para a comunidade acadêmica e para o público interessado, em geral”, ressalta.

Saiba mais sobre o ranking

O Web of Repositories 2021  é uma iniciativa do Cybermetrics Lab, grupo de investigação que integra o Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIS), da Espanha. São quatro tipos de classificações: geral – que inclui todos os repositórios científicos e institucionais; repositórios institucionais; portais de periódicos; e o Current Research Information System (CRIS).

A classificação de maior destaque é a de repositórios institucionais, na qual o Alice está relacionado, e que considera a quantidade de registros indexados no Google Scholar, ou seja, o tamanho da coleção. A coleta de dados para a edição atual ocorreu em maio deste ano. Esta é a segunda vez consecutiva que o repositório da Embrapa aparece na quarta colocação entre as instituições nacionais.

Neste ano, no ranking mundial, o Alice subiu do 15º para o 14º lugar, entre quase três mil repositórios institucionais. O primeiro lugar continua com o Smithsonian/Nasa Astrophysics Data System. Entre os nacionais, estão à frente da Embrapa o Repositório Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Lume/UFRGS), a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (USP) e o Repositório Institucional da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Depois da Embrapa, posicionam-se o Repositório Institucional da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), na quinta colocação, e o Repositório da Produção Científica e Intelectual da Universidade de Campinas (Unicamp), em sexto lugar. Em sétimo está o Repositório Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em oitavo o Repositório da Universidade Federal do Ceará (UFC), em nono o Repositório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, em décimo, o Repositório da Universidade de Brasília (UnB)

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