É imoral revogar a gratuidade nos transportes aos cidadãos com mais de 60
Às
vésperas do Natal, após um ano duríssimo para as famílias brasileiras,
em que a pandemia provocou milhões de desempregos, elevou o custo de
vida e desorganizou as estruturas sociais, o prefeito eleito da cidade
de São Paulo, Bruno Covas, comete a insensatez de revogar um decreto de
2013, que proporcionava gratuidade aos cidadãos com mais de 60 nos
transportes públicos. Com isso, a partir de 1º de janeiro de 2021,
somente os idosos acima de 65 anos não precisarão pagar as tarifas de
ônibus.
O governador João Doria também, na mesma linha
insensata, revogará a lei estadual que permite a gratuidade nos ônibus
intermunicipais, no metrô e no trem.
Ainda que as decisões
estejam de acordo com o Estatuto do Idoso, vale frisar que a gratuidade a
partir dos 60 anos é decisão que pode ser estabelecida por cada
município e, quanto aos direitos estaduais, pelo governador, dependendo
assim, de vontade e posição política. As revogações podem ter base
legal, no entanto, são imorais.
Na contramão da sensatez,
enquanto mais um direito dos idosos é retirado e o reajuste das
aposentadorias pelo governo apenas prevê a reposição das perdas
inflacionárias, a Câmara Municipal de São Paulo ampliará o salário do
prefeito de R$ 24.175,55 para R$ 35.462,00 a partir de janeiro de 2021.
Outra medida que pode ser legal, mas que, na prática, também é imoral,
principalmente diante da crise que atravessa o país.
É com
indignação e perplexidade que o Sindicato Nacional dos Aposentados,
Pensionistas e Idosos e a Central Força Sindical compreendem tais
atos.
Segundo estudo realizado pela doutora Ana Amélia
Camarano, se há 30 anos os idosos dependiam das rendas das famílias,
agora a realidade é que em 21% dos lares brasileiros a renda dos idosos é
responsável por 90% da renda familiar. E a gratuidade nos transportes
acima dos 60 anos representa parte desse arrimo dos idosos às suas vidas
e de seus familiares.
Em tempos de pandemia, em que se busca
desesperadamente uma vacina para enfrentar o coronavírus, é importante
que os políticos tomem uma dose de bom senso e discernimento para
compreender as reais necessidades do povo brasileiro nesses tempos tão
difíceis. Decisões políticas equivocadas provocam tantos danos quanto um
vírus.
João Batista Inocentini
Presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos
Miguel Torres
Presidente da Central Força Sindical
Comentários
Postar um comentário