Manejos interno e externo são essenciais para os bons resultados no Centro do cinturão citrícola, marcado pelo primeiro foco da doença no Brasil e pelas condições climáticas favoráveis para sua disseminação
A região de Matão (SP), uma das mais importantes produtoras de laranja do estado e que engloba cidades como Matão, Araraquara e Boa Esperança do Sul, tem obtido bons resultados no controle do greening, considerada a pior doença da citricultura na atualidade: de acordo com o levantamento anual feito pelo Fundecitrus, a região teve redução da incidência da doença pelo terceiro ano consecutivo (veja o gráfico acima). Nela, o greening está presente em 14,47% das laranjeiras, uma diminuição de 16,3% em relação a 2019. A incidência também é menor do que a média de 20,87% observada em todo o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro.
No Centro do parque citrícola, Matão já foi considerada uma região crítica: além de ter sido o local de identificação do primeiro foco de greening no Brasil, em 2004, apresenta condições climáticas bastante favoráveis para disseminação da doença praticamente o ano inteiro.
Essa diminuição progressiva do greening deve-se ao manejo interno rigoroso, feito dentro das fazendas, que inclui o monitoramento do inseto transmissor (psilídeo) e também a eliminação de plantas doentes, associado à adoção do manejo externo, realizado pelos citricultores nos arredores das propriedades. A região apresentou a mais elevada taxa de participação nas ações de manejo externo feitas em parceria com o Fundecitrus, 77,4% da área comercial de citros.
Segundo o engenheiro agrônomo do Fundecitrus Marcelo Scapin, em Matão foi formado um dos primeiros grupos de citricultores para o manejo regional do greening, no qual foram difundidas e colocadas em prática todas as medidas de controle da doença, incluindo a necessidade da ação do lado de fora das porteiras.
“Sem dúvida, esse pioneirismo na formação de grupos aliado ao controle rigoroso dentro e fora das propriedades contribui muito para que a doença siga em queda a cada ano na região de Matão”, aponta Scapin.
O manejo externo se caracteriza pela substituição de plantas de citros sem controle e de murtas localizadas nas proximidades de pomares comerciais por outras espécies frutíferas e ornamentais, não atrativas ao psilídeo – o inseto utiliza as plantas atrativas em quintais e calçadas para se alimentar e se reproduzir e depois migra para os pomares, dificultando o controle.
Grupos para o manejo externo
Desde 2018, o Fundecitrus tem investido no suporte aos citricultores para a realização do manejo externo e viabilizado a criação de grupos de trabalho conjunto – hoje são 31 grupos atuando no cinturão citrícola, sendo oito na região de Matão, onde praticamente todas as fazendas que realizam o controle externo fazem parte de grupos. Os grupos permitem divisão de custos, maior disponibilidade de profissionais e a possibilidade de ampliar a área de atuação.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Fundecitrus Ivaldo Sala, coordenador das ações de manejo externo da instituição, a união dos citricultores é decisiva na luta contra a doença. “Trata-se de somar forças. Sem a mobilização regional para o controle conjunto, é muito difícil diminuir ou estabilizar a incidência da doença, mas a região de Matão tem conseguido e é um caso de sucesso graças à adesão dos citricultores”, afirma.
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