Novos hábitos, novo normal e o futuro do consumo: uma leitura através da “pãodemia”

Leandro Begara,
sócio e diretor de
Inteligência de Mercado
da Urban Systems.

Tem sido muito comum ouvir sobre o novo normal que as restrições impostas pela pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) estão proporcionando, e o quanto disso deveremos levar adiante quando ela passar. Mas será que os hábitos que temos aprendido e cultivado serão passageiros ou de alguma forma perenes?
Olhos mais atentos têm observado também um fenômeno muito curioso sobre algo que parecia adormecido no subconsciente humano: sua vocação quase incontrolável para fazer pão caseiro! Sim, durante esses meses de confinamento descobrimos o padeiro que há dentro de nós.
 


Você provavelmente se deparou em algum momento com feeds nas redes sociais cheios de fotos de pães caseiros, alguma receita pela internet, ou trocado figurinha com uma tia no grupo da família. Isso porque a “pãodemia” se tornou uma realidade. A pergunta “como fazer pão caseiro” foi uma das mais buscadas no Google nos últimos meses, não somente no Brasil, mas em todo o mundo, onde é possível encontrar relatos de falta de farinha e fermento nas prateleiras de Portugal, Espanha, EUA, ou ainda, o crescimento da venda online de máquinas para fazer pão.
Podem parecer temas desconexos, mas ao analisarmos profundamente podemos observar que possuem uma relação bastante singular, já que um deles nos ajuda a entender o outro. E nesta compreensão pode estar uma resposta que será fervorosamente perseguida por todos aqueles que buscam entender como se darão as relações de consumo daqui para a frente.
 Nosso consumo vai mudar, mas a mudança já estava em curso
O período que temos vivido colocou em xeque todas as certezas sobre o modelo de consumo estabelecido pelo sistema capitalista, podendo dizer-se até que o próprio sistema está sob reavaliação. Porém, os novos hábitos que temos desenvolvido em todos os aspectos de nossas vidas são não apenas causados diretamente pela impossibilidade de transitar e consumir da forma como estávamos acostumados, mas muitos deles são também reflexos de novos olhares para atividades cotidianas, como nos alimentar, nos exercitar, nos entreter.


É claro que a restrição imposta pela crise sanitária nos forçou a encontrar novas formas de suprir tais necessidades, como uma simples ida à padaria para comprar o pão nosso de cada dia. Mas o que se quer mostrar é esta mudança de comportamento, aqui simbolizada pela “pãodemia”, já se encontrava em curso, e como tal tem potencial de perenizar-se após a liberação da reabertura econômica total ou parcial.
Esses novos comportamentos carregam conceitos como a experiência, a sustentabilidade, a vida saudável, o “faça você mesmo”, elementos que por si só transformaram a forma de consumir, mas que foram potencializados pela pandemia. Assim, a oferta de bens e serviços deverá adaptar-se em conteúdo, entrega de valor, forma e canais.
Reflexos para o mercado imobiliário
 


O mercado imobiliário ligado ao varejo, para além das adequações necessárias às medidas sanitárias que passarão a ser normatizadas por órgãos de controle e pela própria exigência tácita dos consumidores, enfrentará o desafio de revisão da forma de realizar as vendas, intrinsecamente ligada também às mudanças dos canais de vendas.
Entrarão em cena não só o aumento das compras online (talvez o exemplo mais palpável de como as transformações no segmento já eram realidade) como também a necessidade de adaptação para atender às novas demandas dos consumidores. Assim como em outros segmentos imobiliários, a readequação – dimensionamento ou redimensionamento – de áreas de vendas, a chamada ABL (Área Bruta Locável), será fundamental para o sucesso dos estabelecimentos.
A Urban Systems, atenta aos movimentos anteriores, durante e após a pandemia, reafirma sua posição de liderança e vanguarda em estudos de mercado capazes de traduzir as mudanças nos hábitos de consumo, integrando minuciosa leitura comportamental em auxílio às modelagens demográficas e econômicas que tangibilizam a demanda de forma precisa.
fonte - *Top 10 categorias com maior crescimento de vendas em e-commerce – Março 2020 X Março 2019.

Comentários