Observando
a dificuldade dos hospitais com a falta de equipamentos -
principalmente de proteção respiratória - para tratar os casos graves da
Covid-19, o engenheiro Marco Aurélio Fernandes, de Campinas, decidiu
adaptar para a área hospitalar máscaras comumente utilizadas na
indústria para manipulação de produtos químicos e por bombeiros no
controle de emergências com produtos químicos perigosos. Os resultados
foram positivos e ele aguarda somente a liberação da Anvisa para que
elas possam ser utilizadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)
Há cerca
de 40 dias, o engenheiro de produção Marco Aurélio Fernandes ficou
inconformado ao assistir noticiários sobre a falta de equipamentos nos
hospitais do mundo todo para tratar os pacientes contaminados pela
Covid-19 - e até imagens de médicos sem outra opção, colocando pacientes
dentro de sacos plásticos na tentativa mal sucedida de aumentar a
pressão de oxigênio. Engenheiro responsável por uma empresa
especializada na manutenção de Equipamentos de Proteção Respiratória
(EPRs), ele decidiu adaptar, para aplicação hospitalar, três tipos de
máscaras utilizadas por bombeiros/ brigadistas no controle de
emergências, quando ocorrem vazamentos com produtos químicos perigosos.
Uma delas já foi aprovada em sofisticado equipamento nos testes respiratório e de vedação/estanqueidade (vazamento). O equipamento, chamado de “bancada PosiChek3”, conta com um pulmão mecânico que respira (inalando e exalando) na máscara, simulando o uso por um usuário. “É um dos equipamentos que tenho em minha oficina para testar os EPRs de bombeiros, que precisam estar 100% seguros e prontos para o uso. Este teste está em conformidade com a exigente norma americana da National Fire Protection Association (NFPA)”, garante. Essa máscara já foi encaminhada para aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A máscara adaptada pode ter até cinco montagens diferentes, das quais quatro são para utilização nos pacientes e, uma delas, para ser usada pelo corpo clínico, que vem sendo muito atingido por falta de proteção adequada. De acordo com o engenheiro, a máscara facial inteira (full face), por exemplo, possibilita efetuar o tratamento no paciente com pressão positiva aumentada. Com a pressão ampliada, aumenta também o alcance do oxigênio nos alvéolos inflamados do paciente, visando a melhorar a superfície pulmonar para a troca gasosa, o que auxilia muito na sua recuperação. Além disso, conforme esclarece Marco Aurélio, “a máscara possui, além do filtro na entrada do ar para o seu interior, outro filtro na exalação do ar pelo paciente, o que evita a contaminação do ambiente hospitalar e, também, de médicos e enfermeiros”.
A patente já foi requerida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) assim como o registro da máscara na Anvisa. “Aguardamos somente a aprovação da Anvisa para que os hospitais possam começar a utilizar as máscaras”, informa.
“Conversei com o fabricante e com o maior distribuidor no Brasil sobre a disponibilidade dessas máscaras para o mercado e o distribuidor. Há disponibilidade imediata de pelo menos 400 máscaras. O problema é o custo, que, com as peças necessárias para a adaptação, chega a cerca de R$ 1.400,00 cada. Mas estamos todos empenhados na redução dos preços e em buscar doações. Foi a Decathlon que doou máscaras de mergulho para a adaptação realizada pelo engenheiro italiano. Empresas do setor ou que possam adquirir essas máscaras e doá-las aos hospitais ajudarão a salvar vidas”, sugere.
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Com mais de 30 anos de experiência em manutenção de EPRs à frente da empresa Bio Sub Centro de Serviços - fundada em 1985, em Campinas - o engenheiro Marco Aurélio Fernandes é certificado e autorizado pelos maiores fabricantes americanos e europeus de EPRs - como Survivair, Sperian, Honeywell, 3M-Scott e Fenzy. Em paralelo, ele está trabalhando junto com três amigos (Nelson, Rafael e André) na construção de um ventilador que, se aprovado em testes, poderá também ser utilizado nos hospitais.
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