Após saída de Moro, movimentos de direita continuam apoiando Bolsonaro em MG

Representantes avaliam que Bolsonaro não tentou interferir na Polícia Federal; MBL pede impeachment

Por Pedro Augusto Figueiredo
27/04/20 - 16h
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Manifestação pró-Bolsonaro em BH neste domingo, 26 Foto: Cris Mattos

Após a saída de Sergio Moro, um dos ministros mais populares do governo, e das acusações feitas por ele contra o presidente, os movimentos de direita em Minas Gerais continuam apoiando Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, 24, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal e de quebrar a promessa de que o ex-ministro teria carta branca para gerir o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele chegou a divulgar uma conversa em que o presidente Jair Bolsonaro, depois de enviar uma notícia de que a Polícia Federal estava investigando deputados bolsonaristas, diz explicitamente que este seria “mais um motivo para a troca” do diretor geral da PF, Maurício Valeixo.
Já Bolsonaro chamou o ex-ministro de mentiroso e disse que “não são verdadeiras as insinuações de que desejaria saber sobre as investigações em andamento”.
De forma geral, os representantes dos movimentos não viram a exoneração do diretor geral da Polícia Federal como uma tentativa de interferência de Bolsonaro, mesmo após Moro divulgar as conversas com o presidente.
Para o fundador do movimento Pro Libertas, Dirceu Brandão, o presidente pode até ter faltado com a palavra, mas esta é uma interpretação feita por Sergio Moro. “Bolsonaro não estava cometendo nenhum ato ilícito (ao exonerar o diretor geral da PF). É uma prerrogativa dele. O Moro sair do governo por causa de uma exoneração, isso é muito pouco. É falta até de patriotismo”, disse.
“No frigir dos ovos, o presidente não está errado. O Moro se precipitou e saiu de uma forma muito cruel com o presidente da República. O Mandetta foi mais honesto do que o Moro”, disse Brandão.
Já o coordenador do Direita BH, Daniel Rocha, lembra que Bolsonaro foi eleito sem Sergio Moro e que isso justifica a manutenção do apoio ao governo.
“Estamos fechados com Bolsonaro. A sociedade desejava que Moro entrasse para o governo Bolsonaro por causa de sua atuação na Lava Jato, mas, hoje, nós vemos que nós votamos no Bolsonaro. Então a gente tem que acreditar e confiar nas estratégias que ele elabora”, disse.
Sobre as imagens apresentadas por Moro como base da acusação de que Bolsonaro interferiu na Polícia Federal, Rocha diz que é preciso mais contexto. “Foi igual a (deputada federal) Carla Zambelli explicou: ele moldou um print, mas um print sem contexto. A gente tem que saber o que estava conversado antes”, disse o coordenador do Direita BH.
O coordenador do Direita Minas, Nikolas Ferreira, identificou contradições na fala de Moro, o que, segundo ele, não teria acontecido no discurso de Bolsonaro.
“Eu vi várias contradições no discurso do Moro, o que não aconteceu no discurso do Jair. Por exemplo, ele falou que havia uma interferência do presidente na PF. Em 11 de março, ele fala em uma entrevista que o presidente não está interferindo na PF e que a escolha do diretor geral da PF cabe ao presidente”, disse o coordenador do Direita Minas.
Bolsonaro, por exemplo, disse que nunca interferiu na PF, mas admitiu ter pedido à corporação para que colhesse o depoimento de um ex-sargento da PM do Rio de Janeiro, suspeito de assassinar a vereadora Marielle Franco, depois que foi divulgado que o filho do presidente, Jair Renan, teria namorado a filha do suspeito.
MBL apresenta pedido de impeachment
Por outro lado, o Movimento Brasil Livre (MBL) destoa dos demais e protocolou na Câmara dos Deputados, por meio do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), o impeachment de Jair Bolsonaro.
O MBL acusa o presidente, no espectro político, de cometer estelionato eleitoral ao prometer combate à corrupção e não cumprir. Na opinião do movimento, Bolsonaro interferiu na Polícia Federal, órgão central no combate à corrupção. Juridicamente, o MBL argumenta que Bolsonaro atenta contra a existências dos Poderes ao incitar atos contra o fechamento do Congresso.
“É um família que chegou ao poder e acha que o Estado é dela. As indicações mostram isso. Para blindar o filho dele, para permitir a confiança, que não é técnica, mas afetiva, o presidente indica amigos para que o desejo dele e da família sejam seguidos”, disse o coordenador do MBL em Minas Gerais, Caique Januzzi, em referência à provável indicaçação de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente, para a direção geral da Polícia Federal.
O indicado para o Ministério da Justiça e da Segurança Pública deve ser Jorge Oliveira. O pai de Jorge é amigo de Bolsonaro e trabalhou como chefe de gabinete de Eduardo Bolsonaro na Câmara.

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