Síndrome do pânico será a doença do ano por causa do coronavírus




As relações entre duas pessoas são caminhos em constante mudança. Nos tempos que vivemos, a conjuntura está a obrigar muitos casais a conviverem, a partilharem espaço de uma forma como já não faziam há muito tempo.

A sociedade moderna levou-nos a ter dois casamentos, um com o parceiro e outro com o trabalho. Por norma, este último, tem de quase todos mais empenho e atenção. Segundo o filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu a quarentena pode ser um momento ideal de pausa e avaliação.

"O nosso cotidiano atribulado torna-nos muitas vezes seres preguiçosos em relação a nós mesmos e a quem partilhamos a vida. Há uma preguiça instalada nas relações. As pessoas não param para avaliar, para refletir no porquê de estar com aquela pessoa, se ela ainda nos supre ou simplesmente cedemos ao comodismo.", refere o psicanalista.

Contudo, Fabiano de Abreu alerta que não nos podemos entregar à conjuntura, não podemos confundir sentimento com estado emocional. O fato de estarmos fechados, de aumentar o nosso nível de ansiedade, de se avistarem dificuldades a nível económico pode acionar em nós emoções não desejadas. Essas devem ser filtradas, ponderadas com calma.

"Este tipo de avaliação deve ser muito cautelosa. Temos que medir, compreender se realmente quem está ao nosso lado já não tem o mesmo impacto na nossa vida. Se realmente o sentimento findou mas não tínhamos dado conta. As pessoas muitas vezes ficam juntas por conforto e segurança mas, em tempos de crise, podem acontecer rupturas definitivas. Por vezes o medo da solidão pode sobressair.", esclarece.

Por outro lado, segundo a linha do filósofo há casais onde acontece o oposto. Mesmo tendo sentido uma desconexão por toda uma rotina, agora, neste momento de paragem a relação se fortalece. Segundo Fabiano, " Existem casais que na adversidade se fortalecem, que não cedem aos impulsos e usam o momento para pensar em dupla. Seguem a velha máxima de que uma cabeça pensa melhor que duas. Usam a quarentena para delinear estratégias, buscando um ponto de equilíbrio. Juntos irão recuperar e fazer frente ao que estiver por vir. "

Segundo o filósofo o casamento pode se transformar em algo mais concreto, sai do abstrato. 
“Há quem viva um relacionamento abstrato pois está com a mente totalmente ocupada em seus afazeres. O concreto é o que define uma linha racional dentro de uma realidade vivida.” 

Estes momentos servem para ter a percepção real. Ou realmente o relacionamento está acabado ou segue mais forte. Os momentos de paragem obrigam-nos a olhar para situações que protelávamos há mais tempo do que o desejável.

Finalizando o tema o filósofo alerta para outro fator. Segundo o estudioso o mundo caminha para a solidão. As famílias são cada vez mais pequenas, menos filhos. Há uma individualização instalada. Estamos nós, enquanto humanos preparados para seguir sozinhos? 

" Momentos críticos fazem-nos refletir sobre as nossas escolhas. Preferimos passar por esta crise apenas por nossa conta ou, se de facto, a base familiar é uma ajuda. ", indaga.  




Com depressão acentuada, aumentam os casos de tentativa de suicídio por causa do coronavírus

Os especialistas, o psicanalista Fabiano de Abreu e a psicóloga Roselene Wagner, dão dicas para pacientes com depressão 

Um jovem, morador de Duque de Caxias no Rio de Janeiro, tentou suicídio na manhã deste domingo (22). Logo, o filósofo, psicanalista, membro da Mensa e especialista em estudos da mente humana gestor da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito. Fabiano de Abreu, foi contactado e, após ter confirmado que era mais um caso de depressão que acentuou-se com esta crise psicológica da pandemia de coronavírus, o pesquisador logo concentrou o seu domingo em pesquisas e análises para avaliar o que ele já previa ocorrer.

“ Eu já previa a possibilidade pessoas com depressão, em quarentena, sendo bombardeadas  com notícias ruins, poderiam potencializar o quadro depressivo; e ter um aumento no número de suicídios. Tomando ciência do ocorrido, reuni o meu grupo de pesquisa para tentarmos contribuir de alguma maneira para que isso não eleve mais ainda o número de mortos por causa do coronavírus, seja diretamente ou indiretamente. “ 

A neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner, também membro da CPAH, reafirma o risco baseado na incerteza.

“ Pessoas acometidas por depressão têm maior risco de suicídio. O risco é maior na vigência da doença e de comorbidades. Estamos imersos num cenário de incertezas. Incertezas essas, geradoras de medos e angústias. É importante cuidar do equilíbrio emocional, para evitar ações definitivas para problemas transitórios. O suicídio não é solução; e sim mais um problema de saúde pública a ser tratado. “ 

Fabiano disse que não conseguiu aprofundar-se em sua pesquisa pela dificuldade em buscar relatórios, para quantificar os casos, pois há neste momento um  caos nos hospitais. 

“ Eu perguntei para alguns amigos médicos no WhatsApp e esperei que respondessem e me confirmassem. Não vou importuná-los neste momento já que estão todos atribulados e alguns com alto risco de contágio da doença. A Leninha- Roselene, me confirmou também casos em seu consultório de crises agudas da depressão. Gerando um pico desse transtorno neste momento. É um fator real e esperado e  temos que buscar meios para ajudar o quanto antes. Quanto mais potencializado, maior o risco e pode acontecer em fração de segundos. “ 

  “Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o prognóstico” diz o psicanalista

Seguem as dicas dos profissionais para que possa observar o caso mais próximo e tentar ajudar.

Em momento de reclusão e isolamento social, por conta do cenário mundial - Pandemia de Coronavírus - se você é portador da doença “Depressão”, observe algumas questões “preventivas” bastante pertinentes:

  1. Mantenha seu tratamento psicoterápico via on-line, a grande maioria dos profissionais estão trabalhando nessa modalidade.
  2. Se faz uso de medicação, siga corretamente a prescrição médica. Não aumente a dosagem, nem faça desmame por conta própria.
  3. Se sua medicação está por findar, entre em contato com o seu Psiquiatra, todos estão trabalhando sob novos protocolos.
  4. Mantenha-se informado somente por vias sérias e éticas de notícias. Evite “Fake News”.
  5. Trabalhe sua respiração através de meditação. A respiração consciente e ritmada, mantém a homeostase do corpo.
  6. Durma bem, o sono fisiológico possibilita uma “psicoprofilaxia”, filtragem e limpeza de metabólicos cerebrais.
  7. Mantenha uma alimentação equilibrada. Alimentos funcionais, menos processados e coloridos. “Descasque mais e desembrulhe menos”
  8. Beba água, mantenha-se hidratado para o melhor funcionamento de todo o sistema de filtragem e eliminação, mantendo o organismo em bom funcionamento.
  9. Use a criatividade e o espaço possível, para uma atividade física que goste.
  10. Evite excesso de álcool, evite drogas. Mantenha-se lúcido.
  11. Mantenha a rotina, isso faz com que você continue orientado no tempo.
  12. Desenvolva uma plano, e faça planejamento para realizar  uma “comemoração” para quando tudo isso passar. 
  13. Traga para sua mente bons pensamentos, boas emoções. O que nós pensamos nós sentimos.
  14. Pense coisas boas!
  15. Sinta-se pertencendo a um grupo, o sentimento de pertença nos traz importância.
  16. Faça chamadas de vídeo ou mesmo videoconferência, para reunir os amigos.
  17. Você tem tempo, organize a casa, os armários, leia os livros que guardou na estante, assista os filmes e as séries que você queria e não tinha “tempo”.
  18. Descubra um talento oculto, e trabalhe isso como uma TO- Terapia Ocupacional: Escrever, desenhar, pintar, esculpir, cozinhar, bordar…

Para casos mais graves que tenha ocorrido uma tentativa ou pensamentos de suicídio, trabalhe na “redução de danos”, seguindo orientações básicas:

  1. Seja presente de forma integral, na vida do sujeito portador do transtorno - depressão.
  2. Se aproxime da pessoas que está em sofrimento emocional/psicológico.
  3. Ofereça conversa com escuta de qualidade.
  4. Conduza a conversa até perceber que a pessoa está segura e confiando em você.
  5. Pergunte abertamente se ela já pensou na própria morte.
  6. Com o terreno preparado, pergunte se ela já pensou em tirar a própria vida.
  7. Pergunte que método ela escolheria e por que seria assim?
  8. Deixe-a falar, chorar, contando todo o seu plano.
  9. Após tomar conhecimento da ideação e do planejamento, mostra-se solidário.
  10. Compreenda “sem julgar”, a partir daí ofereça um “pacto ou um contrato de preservação” à vida.
  11. Disponibilize o seu tempo para estar com ela.
  12. Fale sobre o CVV - Centro de Valorização a Vida, que recebe telefonemas de pessoas nessas condições, o número é o 188 e é gratuito.
  13. O desafio e a confissão trazem alívio. Deixando a pessoa com o recurso de procurar ajuda naquela pessoa ou no CVV.
  14. Quando nos esvaziamos desse sentimento de angústia e desesperança, começamos a valorizar a vida.
  15. Ter alguém que guarda o nosso segredo nos conecta a um outro ser. Esse sentimento de confiança forma um elo e traz motivação para superar o momento.
  16. Ter ciência do plano e do planejamento para a execução, podendo tirar da pessoa a ferramenta que ela utilizaria.
  17. Recolha a medicação,  retire o que puder ser feito de corda, lâminas cortantes, e não deixe a pessoa sozinha. 
  18. A presença traz a companhia e inibe a tentativa de atentar contra a própria vida.


Tudo passa; isso também passará.
Se cuide e cuide.
Somos todos únicos, mas agora somos todos UM!
Se conecte, a rede social, nunca foi tão real!




Síndrome do pânico será a doença do ano por causa do coronavírus

O filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu dá dicas de como superar a tristeza para não chegar a síndromes 

Segundo o filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu, viver em épocas em que o pânico vira cenário, a realidade pode trazer consequências, por vezes graves, à saúde dos indivíduos.


“ O pânico cria realidades alternativas que dificultam a racionalidade e embora não estejamos, por enquanto, a viver uma situação de pânico generalizada essa situação pode vir a acontecer.Tal cenário pode resultar em efeitos adversos tanto num modo global como de um modo muito pessoal. ", alerta Fabiano.

O filósofo esclarece que a conjuntura atual favorece o aparecimento de síndromes relacionadas com o pânico e que o isolamento pode ser a ignição desses transtornos. Vejamos: “ Por essa razão a síndrome do pânico será uma doença que irá afetar muitas pessoas dada a realidade atual.A ideia de isolamento causa transtorno e mais ainda se nos depararmos com a incerteza de quando terminará. A liberdade global que vinha sendo construída choca com esta nova vivência. As plataformas de mídias sociais, lançam alertas a todo o momento, saturam de informações que aos poucos nos começam a angustiar, a colocar em nós um mal-estar permanente, uma tristeza instalada. E, se a isso, juntarmos outras condições que já possamos ser portadores como é o caso das pessoas hipocondríacas, todo o panorama geral piora. Conseguimos imaginar o que será o mundo neste momento para quem sofre deste tipo de síndromes. Nestes casos o pânico pode chegar ao extremo, ultrapassando a barreira, o limite e tal pode resultar até mesmo em tragédias. "


A forma como cada um responderá perante esta situação está relacionada com a personalidade e percurso de vida como nos explica Fabiano: “ Cada um tem o comportamento reflexivo de acordo com a sua personalidade resultado da sua história de vida, experiências e nuances psicológicas. Há quem em pânico vá saquear, outros atingir o próximo de alguma maneira e uns até poderiam se matar. A cultura do indivíduo implica nas suas consequências e a cultura vem de uma união de fatores na sua vida. Na Espanha existiram casos de pessoas a pedirem para serem presas. Existirão pessoas que quando confrontadas com algo alarmante o seu nível de fobia e pânico é tal que chegam mesmo a experienciar sintomas físicos de doenças. Pessoas que tendem a ficar com náuseas mesmo sem chegar ao vómito, que sentem dormência nos membros, dificuldade de locomoção, formigueiro, entre outras. Convém relembrar que mesmo que os sintomas não estejam relacionados com uma doença mais séria e concreta eles estão de facto a acontecer naquele indivíduo. É o pânico a tomar conta dele, a ganhar terreno à racionalidade. Já estou a receber inúmeros casos de pessoas que chegaram a desmaiar nesta semana. ”

Outro importante aspecto a referir é a consequência que o pânico tem a nível mental e como se pode traduzir numa doença mais grave e o psicanalista explica o processo: “ O pânico também pode ocasionar problemas mentais como acionar uma doença pré existente que precisava de um um pico no sistema nervoso para aparecer. Também pode ocasionar problemas cardíacos e traumas psicológicos que irão afetar a vida da pessoa. Uma coisa é certa, o pico de pânico resultará em uma mudança do indivíduo, seja leve ou mais forte e não há ninguém que não possa alterar algo na própria vida devido a essa experiência. Somos o resultado dos impactos da história da humanidade como guerras e surtos de doenças. Este impacto fica impresso no nosso código genético e é passado de geração em geração. Nada, absolutamente nada, que acontece em nossas vidas passa despercebidos para nossa vida presente ou de futuras gerações. “

Apesar dos tempos difíceis e de incerteza que se vivem, ceder-lhes não deve nunca ser uma opção.  Devemos antes nos adaptar à nova realidade e tirar o maior partido possível dela. Fabiano aconselha: "Partindo desta conjunção, há pequenas coisas que podemos começar a fazer para que a rotina diária se torne mais leve e proveitosa. Primeiramente, para controlar o pânico, devemos buscar informações de maneira consciente, avaliar possibilidades, utilizar a nossa inteligência emocional para que com o uso da razão e racionalidade, possamos avaliar o conteúdo da informação e buscar sempre o lado positivo mesmo em uma tragédia.  Por exemplo, o coronavírus é perigoso? Sim, mas mata menos que muitas outras doenças e se nos mantivermos imunes sobreviveremos. O mundo não vai acabar. No trabalho, a crise preocupa? Faça uma gestão de crise e utilize-a ao seu favor. Busque o ponto de equilíbrio para meditar sobre o que terá que ser feito e como buscar soluções para que seja menos afetado por esses males. Crie outras estratégias, use o tempo livre para fazer um balanço da sua vida profissional e faça os ajustes necessários. Procure novas opções de negócios e esteja atento às medidas e leis que o país vai emitindo. Isso dar-lhe-á a sensação (e está de facto) que a sua vida laboral não está parada e está a lutar por ela. Use o tempo para reforçar laços familiares, conversem sem pressa, façam atividades juntos, discutam em conjunto planos do que fazer quando tudo terminar. Aproveite este tempo para se desligar um pouco do virtual e viva o real com a sua família. Procure lugares em que se possa conectar com a natureza, o jardim da sua casa, um pequeno parque. Estar em contacto com a natureza é calmante e relaxante e enche-nos de esperança. A maioria das pessoas não têm tempo no seu dia-a-dia para aproveitar momentos assim. “

A atitude positiva em relação às adversidades é sempre a melhor opção e confere mais força na luta! Fazer com que cada dia conte e tenha significado.

“ Vamos encarar estas circunstâncias como dias de fazer um reset e colocar tudo no lugar mas sem ceder à preguiça. Devemos manter-nos ativos para que a rotina a que estávamos habituados não desapareça totalmente. Lembre-se que para tudo na vida há um jeito, só não há para a morte. Nós, humanos, passamos por crises e pandemias ao longo da história e sobrevivemos. Dessa vez não será diferente. Somos altamente resistentes e adaptativos.Tantos superaram a primeira e segunda guerras mundiais, tantos passaram pela lepra, tuberculose, peste bubônica...A vida sempre se reinventa e se renova.Pois assim será, resistência, resiliência e sobrevivência!", remata o especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu.





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