(Pexels)
Enquanto as grandes companhias do País têm, pelo
menos, três meses de caixa para bancar todas as despesas do dia a dia
sem faturar, nas micro, pequenas e médias empresas a situação é bem
diferente. Segundo especialistas, a maioria não tem fluxo de caixa
suficiente para bancar um período longo sem receitas.
O presidente
da Trevisan Escola de Negócios, VanDyck Silveira, diz que
tradicionalmente essas empresas têm 27 dias de caixa para honrar seus
compromissos. “Se param de vender, podem quebrar mais rapidamente.” Além
disso, elas mal conseguem se financiar no mercado mesmo em condições
normais.
Exemplo dessa dificuldade é a escalada da inadimplência
das empresas pelo 11.º mês consecutivo. Em janeiro, segundo a Serasa
Experian, o País teve um novo recorde: 6,2 milhões de empreendimentos
com contas atrasadas e negativadas, número quase 10% superior a igual
período do ano anterior.
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Desse
total, 94,2% são micro ou pequenos negócios, com os demais se dividindo
entre médio e grande portes. Metade dos inadimplentes são do setor de
serviços.
“Os atrasos vinham numa escalada desde a recessão e
depois na semiestagnação. O crescimento de 1% ao ano não chega aos
pequenos negócios. Por isso, o atraso nas contas só aumenta”, diz o
economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Segundo ele, com a crise
atual, o índice de inadimplência deve acelerar a alta dos últimos
meses. “Nunca tivemos uma crise dessas com paralisação das atividades.
Por enquanto, o que sabemos é que quem vai sofrer mais são as micro e
pequenas que têm estruturas financeiras mais frágeis.”
Um problema
apontado por Rabi é que 30% da dívida em atraso dessas empresas menores
são com outras empresas, no chamado crédito mercantil. “A inadimplência
de pessoa jurídica no Brasil não está com os bancos, mas com os
fornecedores (o que provoca efeito em cascata).” Para ele, o melhor
seria se fosse com o mercado bancário, uma vez que as instituições
financeiras têm “mais bala na agulha para aguentar esses movimentos”.
Em
muitos casos, os inadimplentes não quebram nem fecham as portas. Mas a
atividade fica comprometida já que só podem comprar insumos,
matéria-prima ou mercadorias à vista. “Eles perdem o acesso a crédito
com taxas menos caras”, diz Rabi.
Desemprego
É nesse
cenário que a crise atual chega para esse universo de empresas,
responsáveis por mais de 80% dos empregos (formais e informais) no
Brasil, diz Silveira, da Trevisan. Para ele, com a saúde dessas empresas
debilitada, o maior risco recai sobre o mercado de trabalho. Em
fevereiro, a taxa de desemprego do País estava em 11,2% e atingia 11,9
milhões de pessoas. “Essa é uma taxa muito alta e perdura há muito
tempo. Antes da crise atual, já não conseguíamos empregar quem entrava
no mercado de trabalho nem recolocar quem estava sem emprego.”
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Ele
acredita que a pandemia do coronavírus tem capacidade para jogar outros
5 milhões de brasileiros no desemprego. Isso elevaria para quase 17
milhões o número de pessoas sem emprego. “O problema é que não sabemos
nem como será a volta à produção.”
Na avaliação dele, faltam
medidas concretas e discussões mais sadias sobre o assunto. “Há a data
de 7 de abril para flexibilizar a quarentena. Mas e se houver uma
segunda onda de contaminados como parece estar ocorrendo na China?
Estamos muito imediatistas.”
Nos últimos dias, cresceu a discussão
sobre o tempo de lockdown (fechamento) da economia. Alguns empresários e
o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendem a flexibilização
imediata da quarentena para não prejudicar a economia, apesar das
orientações dos especialistas em saúde de que é preciso isolamento
social para conter a proliferação do vírus.
Na sexta-feira, o
prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu que errou na política de
combate ao avanço do coronavírus na cidade italiana ao divulgar um vídeo
no fim de fevereiro dizendo que Milão não deveria parar.
Lições
Na
opinião do professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV/EESP), Márcio Holland, a crise provocada pelo
coronavírus está só no começo, mas já deixa lições.
Uma delas é a
importância da desconcentração da atividade econômica, que precisa ser
mais aprofundada para aliviar o peso das políticas públicas sobre os
grandes centros urbanos. “O País precisa promover mais essa distribuição
da atividade econômica pelo território nacional.”
Aaron Tura
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3 Min de leitura
William Bonner
William Bonner, vira motivo de reunião emergencial, é convocado às
press... - Leia mais em
https://www.otvfoco.com.br/william-bonner-vira-motivo-de-reuniao-e-convocado-e-tem-noticia-bomba/
Tradicionalmente essas empresas têm 27 dias de caixa para honrar seus compromisso
(Pexels)
Enquanto as grandes companhias do País têm, pelo
menos, três meses de caixa para bancar todas as despesas do dia a dia
sem faturar, nas micro, pequenas e médias empresas a situação é bem
diferente. Segundo especialistas, a maioria não tem fluxo de caixa
suficiente para bancar um período longo sem receitas.
O presidente
da Trevisan Escola de Negócios, VanDyck Silveira, diz que
tradicionalmente essas empresas têm 27 dias de caixa para honrar seus
compromissos. “Se param de vender, podem quebrar mais rapidamente.” Além
disso, elas mal conseguem se financiar no mercado mesmo em condições
normais.
Exemplo dessa dificuldade é a escalada da inadimplência
das empresas pelo 11.º mês consecutivo. Em janeiro, segundo a Serasa
Experian, o País teve um novo recorde: 6,2 milhões de empreendimentos
com contas atrasadas e negativadas, número quase 10% superior a igual
período do ano anterior.
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Desse
total, 94,2% são micro ou pequenos negócios, com os demais se dividindo
entre médio e grande portes. Metade dos inadimplentes são do setor de
serviços.
“Os atrasos vinham numa escalada desde a recessão e
depois na semiestagnação. O crescimento de 1% ao ano não chega aos
pequenos negócios. Por isso, o atraso nas contas só aumenta”, diz o
economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Segundo ele, com a crise
atual, o índice de inadimplência deve acelerar a alta dos últimos
meses. “Nunca tivemos uma crise dessas com paralisação das atividades.
Por enquanto, o que sabemos é que quem vai sofrer mais são as micro e
pequenas que têm estruturas financeiras mais frágeis.”
Um problema
apontado por Rabi é que 30% da dívida em atraso dessas empresas menores
são com outras empresas, no chamado crédito mercantil. “A inadimplência
de pessoa jurídica no Brasil não está com os bancos, mas com os
fornecedores (o que provoca efeito em cascata).” Para ele, o melhor
seria se fosse com o mercado bancário, uma vez que as instituições
financeiras têm “mais bala na agulha para aguentar esses movimentos”.
Em
muitos casos, os inadimplentes não quebram nem fecham as portas. Mas a
atividade fica comprometida já que só podem comprar insumos,
matéria-prima ou mercadorias à vista. “Eles perdem o acesso a crédito
com taxas menos caras”, diz Rabi.
Desemprego
É nesse
cenário que a crise atual chega para esse universo de empresas,
responsáveis por mais de 80% dos empregos (formais e informais) no
Brasil, diz Silveira, da Trevisan. Para ele, com a saúde dessas empresas
debilitada, o maior risco recai sobre o mercado de trabalho. Em
fevereiro, a taxa de desemprego do País estava em 11,2% e atingia 11,9
milhões de pessoas. “Essa é uma taxa muito alta e perdura há muito
tempo. Antes da crise atual, já não conseguíamos empregar quem entrava
no mercado de trabalho nem recolocar quem estava sem emprego.”
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Ele
acredita que a pandemia do coronavírus tem capacidade para jogar outros
5 milhões de brasileiros no desemprego. Isso elevaria para quase 17
milhões o número de pessoas sem emprego. “O problema é que não sabemos
nem como será a volta à produção.”
Na avaliação dele, faltam
medidas concretas e discussões mais sadias sobre o assunto. “Há a data
de 7 de abril para flexibilizar a quarentena. Mas e se houver uma
segunda onda de contaminados como parece estar ocorrendo na China?
Estamos muito imediatistas.”
Nos últimos dias, cresceu a discussão
sobre o tempo de lockdown (fechamento) da economia. Alguns empresários e
o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendem a flexibilização
imediata da quarentena para não prejudicar a economia, apesar das
orientações dos especialistas em saúde de que é preciso isolamento
social para conter a proliferação do vírus.
Na sexta-feira, o
prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu que errou na política de
combate ao avanço do coronavírus na cidade italiana ao divulgar um vídeo
no fim de fevereiro dizendo que Milão não deveria parar.
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Na
opinião do professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas (FGV/EESP), Márcio Holland, a crise provocada pelo
coronavírus está só no começo, mas já deixa lições.
Uma delas é a
importância da desconcentração da atividade econômica, que precisa ser
mais aprofundada para aliviar o peso das políticas públicas sobre os
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da atividade econômica pelo território nacional.”
William Bonner, vira
motivo de reunião emergencial, é convocado às pressas e recebe notícia
bomba: Todo dia”
William Bonner foi c... - Leia mais em
https://www.otvfoco.com.br/william-bonner-vira-motivo-de-reuniao-e-convocado-e-tem-noticia-bomba/
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