por: Ricardo Aguiar | SPRACE
Sabine Righetti (à esquerda) e Ana Paula Morales, as fundadoras da Agência Bori
Imagem: Ricardo Aguiar / NCC-Unesp SPRACE
A Bori, agência de notícias que tem como objetivo aproximar
cientistas e jornalistas, foi inaugurada na semana passada no auditório
do Instituto de Física Teórica (IFT) da UNESP, no câmpus de São Paulo,
com apoio do São Paulo Research and Analysis Center (SPRACE). A
iniciativa busca aumentar a presença da ciência e de estudos brasileiros
na mídia nacional, transformando a produção de conhecimento em notícias
que cheguem à sociedade.
“A Bori é uma agência de disseminação da ciência produzida
pelas universidades e pelos institutos de ensino e pesquisa do país para
a imprensa”, diz Sabine Righetti, egressa do curso de Jornalismo da
Unesp e uma das idealizadoras da Bori. “É a primeira iniciativa
brasileira deste tipo que tem foco no jornalista.”
A agência utilizará bases de periódicos acadêmicos para
levantar estudos de cientistas brasileiros que ainda não foram
publicados e selecionar parte deles, de interesse social, para divulgar.
Caso o pesquisador concorde com a divulgação, a Bori irá prepará-lo
para o atendimento à imprensa e produzirá um texto explicativo sobre o
estudo para ajudar os jornalistas interessados. Profissionais da
imprensa cadastrados no site da Bori, portanto, terão acesso antecipado e
exclusivo a estudos nacionais julgados relevantes pela agência.
“Os jornalistas cadastrados terão acesso a três estudos por
semana que ainda não foram publicados, cada um deles acompanhado pelo
estudo original e pelo contato do autor principal, além do texto
explicativo”, conta Righetti.
A necessidade de levar o conhecimento científico para a sociedade pode ser observada na pesquisa de Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil de 2019,
que mostrou que o percentual de brasileiros que consegue lembrar o nome
de alguma instituição de pesquisa científica ou de algum cientista do
país está entre os menores da América Latina.
“Nove em cada dez pessoas entrevistadas não se lembrava do
nome de nenhum pesquisador brasileiro”, afirma Ana Paula Morales, que
também é uma das idealizadoras da Bori. “É muito importante fazer essa
ponte entre os cientistas e a sociedade e acreditamos que a imprensa
seja um bom caminho para isso.”
Morales conta que entre os próximos passos da agência está
aumentar ainda mais o engajamento de jornalistas e, principalmente, de
cientistas para usar a plataforma. De acordo com uma pesquisa feita pela
Bori em 2019, com 140 jornalistas de 12 estados e Distrito Federal, a
dificuldade em acessar os cientistas brasileiros é considerada como um
dos principais obstáculos para a cobertura da ciência nacional.
“Cerca de 20% dos cientistas com os quais entramos em
contato não quiseram divulgar seus trabalhos na Bori para jornalistas”,
diz Righetti.
O nome Bori é uma homenagem à pesquisadora Carolina Bori,
primeira mulher a presidir a Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), de 1987 a 1989. A iniciativa é apoiada pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Instituto
Serrapilheira e pela Biblioteca Eletrônica Científica Online (Scielo).
Para saber mais e se cadastrar, acesse o site da iniciativa em https://abori.com.br/.
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