Movimento Lei do Minuto Seguinte ganha 3 leões no Festival de Publicidade de Cannes

Campanha criada pela agência Y&R para o MPF visa a conscientização da população sobre o direito ao atendimento obrigatório e integral de vítimas de violência sexual
Arte: Y&R
Arte: Y&R
O movimento Lei do Minuto Seguinte criado para o Ministério Público Federal (MPF), com coordenação da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), ganhou três leões de bronze no Festival de Cannes, a mais importante premiação mundial do segmento publicitário.
A campanha, criada pela agência Y&R para dar publicidade a Lei 12.845/13, que garante o atendimento imediato, emergencial e integral às vítimas, em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, foi premiada nas seguintes categorias:
  • Glass -  The Lion for Change: uma das categorias mais importantes do festival, como o próprio nome já diz, prega uma mudança, premiando trabalhos que abordem implícita ou explicitamente questões de desigualdade ou preconceito, por meio da representação consciente do gênero na publicidade.
  • Sustainable Development Goals: prêmio para iniciativas de comunicação que tragam soluções ou impactem positivamente o mundo. 
  • Health & Wellness: categoria que celebra a criatividade voltada à saúde e ao bem-estar da população, através da educação e conscientização.
Segundo Gal Barradas, ex vice-presidente da Abap, que participou de toda a concepção e produção da campanha Lei do Minuto Seguinte, vencer o Glass Lion é de suma importância. O prêmio, que está na sua 5ª edição, destaca iniciativas que vão fundo em questões visíveis na sociedade, e buscam se converter em soluções de impacto perenes ou, no mínimo, notórias. Em 2019, o Glass teve 23 finalistas e apenas 8 vencedores, sendo a Lei do Minuto Seguinte o único representante do Brasil.
O MOVIMENTO. Resultado de um inquérito civil que a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (órgão do MPF em São Paulo) conduz desde 2016 para investigar as deficiências do atendimento na rede pública de saúde em casos de violência sexual e lançada em novembro de 2018, a campanha Lei do Minuto Seguinte foi feita a partir de ações voluntárias - agência, fotógrafos, cinegrafistas, personagens, mídia, influenciadores – com foco na informação e na conscientização pública. Foram mais de 100 pessoas trabalhando diretamente e mais de 50 veículos apoiando.
Além de esclarecer e orientar as vítimas de violência sexual, o movimento também deu espaço para que estas possam denunciar o descumprimento da lei. O site leidominutoseguinte.mpf.mp.br, além de informações sobre a legislação e as peças da campanha, conta com espaço exclusivo para que sejam relatadas recusas de atendimento, falta de medicamento obrigatório, ou outras supressões aos direitos previstos na lei.
“O movimento Lei do Minuto Seguinte foi capaz de unir vários agentes do mercado publicitário em prol de uma causa tão importante como o atendimento humanizado das vítimas de violência sexual. Nossa atividade, além de ser fundamental para o desenvolvimento econômico, tem um poder transformador na sociedade”, diz Mario D´Andrea, presidente nacional da ABAP.
PRÓXIMOS PASSOS. O movimento está longe de ser finalizado. Novas iniciativas estão sendo preparadas para dar mais visibilidade à lei. Recentemente foram ao ar novos VTs da campanha, numa ação inédita em que a Rede Globo disponibilizou cenas de violência sexual da teledramaturgia, e as atrizes que viveram estas cenas – Marjorie Estiano, Bella Piero e Jéssica Barbosa – gravaram comerciais sobre a Lei do Minuto Seguinte, utilizando as imagens.
O trabalho vai além da publicidade. Segundo Pedro Antonio de Oliveira Machado, procurador regional substituto dos Direitos do Cidadão em São Paulo, ainda há muito para ser feito para que as vítimas recebam o atendimento a que têm direito. “É importante que a população conheça a lei, cobre do poder público o atendimento, e também denuncie quando não o receber, para que possamos tomar as medidas necessárias para que não haja mais falha no exercício deste direito. Este é um tema que não está bem resolvido, pois efetivamente o Poder Público ainda não tem um olhar acolhedor para essas vítimas

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