A Difícil Missão de Educar


Flávio Rodrigo Masson Carvalho-PHD,
equilibriumtc@hotmail.com

A educação é uma unanimidade, ou seja, todos acreditam ser a educação o caminho para transformarmos o mundo num lugar melhor de se viver.

Não tenho todas as respostas, e nem tenho pretensão de tê-las. Mas estou pensando na educação como nunca! Nunca estudei tanto! Quero colocar em prática o que estou estudando e desenvolvendo.

As escolas deveriam ter um currículo em que as disciplinas trabalham de forma integrada, compondo Áreas de Estudo atendendo níveis de ensino.

A educação tem que ser realizada com amor, exemplo e experiência.

O educando precisa de aceitação e compreensão. Educar é amar. O educador deve ajudar, amparar e esti­mular.

O amor faz com que os educandos cresçam no bem, tornando-se seres conscientes.

O exemplo é uma didática viva. Nossos exemplos exercem maior influência do que nossas palavras.

Exemplos de conduta ética e uso da inteligência no bem formam o caráter.

O educando aprende pela experiência. Situações reais ou simuladas e situações-desafio fazem com que ele aprenda a raciocinar, analisar, pensar e agir.

O educando não aprende decorando definições, mas compreendendo conceitos.

A teoria deve sempre estar conjugada com a experiência.

A educação moral leva o homem à sua perfectibilidade, através do desenvolvimento de suas potencialidades. Ela significa formação do caráter do educando; potencialização das virtudes; sensibilização dos sentimentos; direcionamento da inteligência para o bem.

Através desse trabalho te­mos a construção do homem integral.

A instrução fica subordinada à formação.

O bem e o belo direcionam o ser no mundo, dando-lhe consciência moral no convívio com os outros.

A educação moral é feita trabalhando-se quatro valores humanos básicos: físicos, inte­lectuais, morais e espirituais.

Cada valor humano desdo­bra-se no seguinte conteúdo:

1 - Valores físicos: corpo e atividades físicas.

2 - Valores intelectuais: economia, política, cultura, ciência.

3 - Valores morais: sentimentos, sociedade, ar­tes, virtudes, família.

4 - Valores espirituais: religiosidade.

Esses valores humanos são incorporados ao trabalho curri­cular, ou seja, não são criadas novas disciplinas, mas sim pas­sam a constituir a base do pro­cesso educacional desenvolvi­do junto ao educando.

Os valores morais e espiritu­ais direcionam os valores físicos e intelectuais, embora sejam trabalhados harmonicamente.

Defendeu Freud em 1914, que somente o desejo coloca em funcionamento o aparelho mental. E com este pensamento, eu pergunto: Qual o tamanho do desejo do professor para ensinar?

E contribui Lacan ao dizer: "Não há ensino se o sujeito não colocar algo de si".

O educador tem que infundir na alma infantil! Tarefa difícil, pois não compreendemos nossa própria infância!

O educador deve considerar o meio, a sociedade e a civilização. E aprender a lidar com o não-saber e o excessivo-saber.

Os professores não suportam os conteúdos trazidos pelos alunos. Tem que estar também aberto para aprender com os alunos, pois a educação é via de duas mãos, ensina-se, mas também aprende-se. As vezes aprendemos mais com os alunos, do que ensinamos.

O educador tem que considerar nas crianças quando chegam na escola, suas bagagens, seus laços sociais e seus conteúdos emocionais.

O professor, muitas vezes, tem que resgatar o amor que criança não teve!

O professor tem que estar muito atento a todas as ações da criança, pois sempre que age, ela não faz ao acaso. E não é possível conceber a educação se o professor não se integrar a família do aluno, e muitas vezes assumindo o lugar dos pais desta criança.

Enquanto educadores, precisamos desfazer nossos próprios preconceitos teóricos. O professor será o depositário de algo que pertence ao aluno.

O desejo inconsciente do professor, o impulsiona a função de mestre, e não devemos nos esquecer que não temos controle total do que dizemos.

O professor é dotado de um PODER, e a todo instante tem vontade de abusar dele, é um desejo inconsciente, e muito forte.

Professor deve renunciar o poder que o aluno lhe dá no início de uma relação pedagógica, e é um mister se livrar da culpa e da impotência.

A transmissão de conhecimentos pode criar efeitos no inconsciente do outro. O professor, se perder o controle desta transmissão não saberá jamais o caminho que o aluno tomará. E os alunos não conhecerão jamais as repercussões inconscientes de sua presença e de seus ensinamentos.

O professor não deve esquecer jamais que o desejo de cada um de nós é diferente. Ele vai lidar com muitos alunos que NÃO terão o desejo de aprender. E que o professor tenha muito desejo de ensinar.

É muito dura a missão de ensinar o aluno a matar o mestre e se tornar mestre de si mesmo.

Somente com muito AMOR o educador conseguirá cumprir sua missão. E o mais eficaz exercício para desenvolver este AMOR, é o de ESCUTAR o aluno, e ESCUTAR a sua CRIANÇA INTERIOR.

E como bem disse Freud: "A CRIANÇA É O PAI DO HOMEM".


Referência Bibliográfica:
CARVALHO, Flávio Rodrigo Masson. Psicanálise e Psicopedagogia: Contribuições da Psicanálise à Psicopedagogia. Editora Moderna. Jales, 2010.



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