Nós, o Brasil e o Carnaval


Flávio Rodrigo Masson Carvalho-PHD,
Professor e pesquisador do UNIBAVE/NUPEDI (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Direito) – Orleans - SCequilibriumtc@hotmail.com

Dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Mentira!
O ano no Brasil começa no dia primeiro de janeiro, ou seja, no primeiro dia de janeiro.
Precisamos acabar com este péssimo estigma. Precisamos mudar nossa imagem. Não somos somente o país do futebol e carnaval. Somos muito mais!
Ganhamos esta fama horrível de povo festeiro, que só saber se divertir, que não leva as coisas a sério.
Nós trabalhamos muito, somos compenetrados no que fazemos, levamos as coisas a sério, e somos muito competentes.
Nestes tempos de crise precisamos trabalhar ainda mais, precisamos cortar gastos, precisamos aprender a gastar menos do que ganhamos. Podemos fazer tudo isso sem perder a alegria, sem nos deprimirmos.
Precisamos passar o Brasil a limpo. Envolvermos mais, lutar, exigir mudanças, mas antes de tudo, temos que ser os agentes destas mudanças.
Para acabar com a corrupção, temos que não ser corruptos. Temos que parar de querer levar vantagem em tudo, de qualquer maneira.
Este país é muito lindo e muito especial, precisamos trata-lo melhor, precisamos respeitar mais esta Nação, e a melhor maneira para promovermos isto, é aprendendo a votar, tirar do poder aqueles que mais desrespeitam este país. Precisamos incentivar as pessoas de bem, honestas, a participarem mais da vida pública, a se envolverem mais na política.
Precisamos nos levar mais a sério. Acreditar mais neste povo tão sofrido, mas ao mesmo tempo tão especial, competente, criativo, e muito feliz.
As coisas começam a mudar, pois ouvimos notícias de que muitas cidades não terão carnaval este ano, pois a cidade irá poupar o dinheiro gasto, e usa-lo na educação, ou investir em coisas mais importantes.
O carnaval do Rio de Janeiro se justifica, gera muitos empregos movimenta a economia etc. Mas cidades do interior de São Paulo não fazem sentido gastar para promover tantos dias de festa, existem outras prioridades. Se não estivéssemos em crise, tudo ok, mas nestes tempos, temos que melhor eleger nossas prioridades.
Minha vida profissional começou na primeira segunda feira de janeiro, mesmo estando de férias. Temos que assumir que trabalhamos muito, e que gostamos, e precisamos, de trabalhar. Precisamos mudar a nossa imagem, levar as coisas mais a sério, e trabalhar muito para não somente tirar este país da crise, mas principalmente ajudar na construção de um país melhor.
A inflação ainda nos assusta, os juros são monstruosos, nunca pagamos tantos impostos, e já ameaçam criar outros, e aumentar a alíquota de alguns. Cadê a DEFLAÇÃO???
E o mais grave, o aumento da violência. Vivemos em zona de guerra. Estão fazendo justiça com as próprias mãos.
Os presídios abarrotados. Um total desrespeito aos Direitos Humanos.
Não confiamos em nenhum político, em nenhum partido político.Rasgam nossa Constituição a todo instante.
Estamos enojados, extremamente estressados, e alguns já estão desesperados. Estamos descrentes, perdendo as esperanças, não vislumbramos uma melhora para um futuro breve.
Nunca tivemos com tamanha baixa auto-estima. Estamos com medo!
Tudo isso até o início do carnaval! Pois com o carnaval esquecemos de tudo!
Vai ter muita gente nas ruas, curtindo, brincando, festejando.
Os blocos de ruas aumentaram de tamanho, e em número de blocos. Em São Paulo houve um aumento de mais de 30% no número de blocos. Vamos festejar muito!
O carnaval no Brasil é mesmo um sucesso!
Será que só prestamos para isso? Será que somos competentes apenas no que tange ao carnaval? Nós realmente somos um povo festeiro? Só sabemos festejar?
Onde estava essa gente toda nas manifestações contra a corrupção, contra a crise?
Se tivéssemos metade dessa gente nas manifestações, estaríamos hoje num Brasil melhor!
E depois que o carnaval acabar?
Estão com razão aqueles que não nos levam a sério mesmo?
Somos um povo pacífico, porém passivo demais!
Como vamos mudar esse pais?
Talvez se encarássemos o Brasil como uma grande escola de samba, e convidássemos um carnavalesco para presidi-lo.
Talvez se nossas manifestações em busca de um pais melhor, ou quando estivéssemos reivindicando algo, fizéssemos embalados por um samba enredo, ou pelas clássicas marchinhas de carnaval.
Como disse aquele poeta, na letra de música: "Que pais é esse?"
Quanto mais eu vivo, menos entendo o Brasil e os brasileiros!
Será que o Brasil é mesmo só o pais do carnaval? Do samba e do futebol?
Por favor me respondam: Que pais é esse?

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